Denize Assis
A Secretaria de Saúde de Campinas fez desta
segunda-feira, 31 de maio, Dia Mundial sem Tabaco, uma
oportunidade para fortalecer, junto à população, a
informação sobre os males causados pelo tabagismo, a
principal causa de morte evitável em todo o mundo - segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS) –, sendo responsável
por um total de 10 mil mortes por dia.
No Centro de Referência em Álcool e Drogas (Criad), da
Prefeitura, uma oficina reuniu pacientes do grupo de
tabagismo que já deixaram de fumar e pessoas que querem
abandonar o vício. Os participantes relataram suas histórias,
a difícil ‘tarefa’ de deixar o cigarro e trocaram
experiências. "Nosso objetivo, com a oficina, é
informar melhor as pessoas, conscientizá-las sobre os prejuízos
do cigarro e, assim, sensibilizá-las a participar dos
grupos", disse a psicóloga Cristina Viotto,
coordenadora do grupo de tabagismo da unidade.
O aposentado Maurício Adalberto Rosa, de 39 anos,
participou da oficina e disse que as informações que ele
recebeu mostraram que existe possibilidade de tratar o
tabagismo. "Fumo pelo menos 20 cigarros por dia desde
os 18 anos de idade. Quero parar, mas é difícil. Tenho a
expectativa de que o grupo vai me ajudar", afirmou.
Esta semana, o Criad iniciou a triagem de pacientes para
formar um novo grupo de tabagismo. As pessoas devem ser
encaminhadas pelos Centros de Saúde ou se dirigir
diretamente à unidade que fica na rua Tiradentes, 882.
"O encaminhamento do médico facilita, no entanto isto
não deve ser uma barreira", disse Cristina Viotto.
Informações podem ser obtidas pelo telefone 3236 5593.
Prevenção.
Também nesta segunda, 31, no Instituto
Boldrini, 50 professores da rede municipal de Educação
e 10 profissionais de Saúde foram capacitados para
desenvolver o projeto piloto Saber Saúde, de prevenção ao
hábito de fumar. O projeto, viabilizado por meio de
parceria entre as secretarias municipais de Saúde e de
Educação e o Instituto de Pesquisas Boldrini (IPEB), começa
a ser colocado em prática em agosto em 16 escolas de
Campinas.
O alvo principal do Saber Saúde são crianças e jovens.
No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca),
existem três milhões de fumantes com idades entre cinco e
19 anos. Segundo números divulgados hoje pela OMS, a cada
dia 100 mil jovens começam a fumar, 80% deles em países
pobres.
Tabagismo e Pobreza.
Nos Centros de Saúde, o
tabagismo e a relação do fumo com a miséria social foram
abordados nas atividades em grupo. As questões foram
abordadas porque, neste ano, o tema escolhido pela OMS para
marcar o Dia Mundial sem Tabaco foi Tabagismo e Pobreza: Um
Ciclo Vicioso.
A OMS estima que haja no mundo 1,3 bilhão de fumantes,
sendo que 84% deles vivem nos países mais pobres. Nestes
locais, segundo a OMS, há menos informação e menos
campanhas sobre os prejuízos do cigarro. No Brasil, um terço
da população adulta fuma, sendo 11,2 milhões mulheres e
16,7 milhões homens. Em Campinas, são 150 mil.
Os males.
A médica sanitarista Dora Zanin,
coordenadora da Saúde do Adulto em Campinas, informa que o
tabaco traz problemas de saúde não só para quem traga sua
fumaça, como também para os fumantes passivos e para as
pessoas envolvidas com o seu plantio.
Segundo a sanitarista, o tabagismo está relacionado com
mais de 50 tipos de doenças, como câncer de boca, pulmão,
faringe e infarto. "Cerca de 90% das pessoas que morrem
vítimas de câncer de pulmão são fumantes e outros 3% são
fumantes parciais", disse. Existem ainda doenças em
que o tabaco não é considerado a causa principal, mas
influencia muito no seu desenvolvimento.
A OMS vem trabalhando para enfrentar esse sério problema
de saúde pública e, em 1997, criou o Dia Mundial sem
Tabaco. A data é o momento em que os 192 países membros da
organização abordam um mesmo tema relacionado ao fumo com
o objetivo de fortalecer a informação junto à população.
Neste ano, o Brasil foi a sede da solenidade comemorativa.
Também para marcar o Dia Mundial sem Tabaco, a partir das
19h, horário de Brasília, a Noruega torna-se o segundo país
do mundo a proibir o fumo em bares e restaurantes. A Irlanda
foi o primeiro.