Cidade-Mãe amplia assistência

27/05/2004

Com a implantação do Cidade-Mãe, a Secretaria de Saúde de Campinas ampliou a assistência às gestantes na cidade e conseguiu melhorar a notificação de óbitos de mulheres em idade fértil para investigar a causa da morte. Com base nestas informações, o Comitê Municipal de Mortalidade Materna pode propor diretrizes para reduzir o índice de mortes maternas e também mobilizar a sociedade para a questão.

É considerado óbito materno aquele ocorrido durante a gestação ou até 42 dias após o término da mesma. A mortalidade materna é considerada uma grave violação dos direitos humanos, por ser evitável em 92% dos casos.

O Cidade-Mãe ainda passou a garantir mais de sete consultas de pré-natal para a maioria das gestantes na cidade. Em 2000, somente 35% das mulheres de Campinas conseguiam fazer mais que sete consultas de pré-natal. No ano passado, o índice subiu para 74%, um aumento de nove pontos percentuais.

Se a análise for restrita a assistência na rede municipal de saúde, o índice chega aos 80%. A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê, no mínimo, seis consultas médicas durante a gravidez, mais a consulta de revisão de parto.

O percentual de mulheres que inicia o pré-natal logo no primeiro mês de gravidez também melhorou. Até o ano de 2000, 59% das mulheres de Campinas iniciavam o pré-natal somente depois do quarto mês de gestação. Atualmente, 80% das gestantes conseguem ser acompanhadas antes do segundo mês.

Segundo a médica ginecologista Verônica Gomes Alencar, coordenadora municipal da área da Saúde da Mulher, os principais problemas ocorridos na gravidez são verificados no primeiro trimestre. "Por isso, a captação precoce das gestantes é importante, já que permite diagnosticar e acompanhar doenças que aumentam o risco da gravidez evoluir para um aborto. Além disso, possibilita a detecção de doenças congênitas que, se tratadas, evitam que a criança nasça com problemas", diz.

Verônica informa que a Secretaria Municipal de Saúde disponibiliza, na Maternidade de Campinas, um ambulatório para gravidez de alto risco que presta assistência a gestantes com problemas como diabetes, hipertensão ou doenças cardíacas. "As grávidas recebem atendimento especial e têm exames específicos, como monitorização fetal, ultrassonografia, e exames laboratoriais. Também contam com acompanhamento especializado durante o parto, junto com a equipe do Centro de Lactação - Banco de Leite Humano, para garantir o acompanhamento do bebê que, normalmente, nasce prematuro", diz.

Exames garantidos. Com o Cidade-Mãe, a Secretaria de Saúde também passou a garantir que todas as gestantes realizem os testes para detecção do HIV e da sífilis. "Se a mulher chegar à maternidade sem ter realizado os exames, ela será submetida a testes rápidos", informa Verônica. "As gestantes soropositivas são encaminhadas para o Centro de Referência de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids para atendimento especializado com uma equipe multidisciplinar".

Um outro avanço proporcionado pelo programa, segundo a coordenadora da saúde da mulher, é a regionalização das maternidades. A gestante é encaminhada para conhecer a maternidade onde vai dar à luz que, dependendo do Centro de Saúde que ela freqüenta, pode ser a Maternidade de Campinas, o Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism) ou a maternidade do Hospital Celso Pierro.

O Cidade-Mãe ainda garante que, no momento do parto, a mulher possa, se desejar, estar acompanhada do seu companheiro ou de alguma outra pessoa de sua confiança. Além disso, as visitas do pai podem ser feitas a qualquer horário em qualquer dia.