Com a
implantação do Cidade-Mãe, a Secretaria de Saúde de
Campinas ampliou a assistência às gestantes na cidade e
conseguiu melhorar a notificação de óbitos de mulheres em
idade fértil para investigar a causa da morte. Com base
nestas informações, o Comitê Municipal de Mortalidade
Materna pode propor diretrizes para reduzir o índice de
mortes maternas e também mobilizar a sociedade para a questão.
É
considerado óbito materno aquele ocorrido durante a gestação
ou até 42 dias após o término da mesma. A mortalidade
materna é considerada uma grave violação dos direitos
humanos, por ser evitável em 92% dos casos.
O Cidade-Mãe
ainda passou a garantir mais de sete consultas de pré-natal
para a maioria das gestantes na cidade. Em 2000, somente 35%
das mulheres de Campinas conseguiam fazer mais que sete
consultas de pré-natal. No ano passado, o índice subiu para
74%, um aumento de nove pontos percentuais.
Se a análise
for restrita a assistência na rede municipal de saúde, o índice
chega aos 80%. A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê,
no mínimo, seis consultas médicas durante a gravidez, mais a
consulta de revisão de parto.
O percentual
de mulheres que inicia o pré-natal logo no primeiro mês de
gravidez também melhorou. Até o ano de 2000, 59% das
mulheres de Campinas iniciavam o pré-natal somente depois do
quarto mês de gestação. Atualmente, 80% das gestantes
conseguem ser acompanhadas antes do segundo mês.
Segundo a médica
ginecologista Verônica Gomes Alencar, coordenadora municipal
da área da Saúde da Mulher, os principais problemas
ocorridos na gravidez são verificados no primeiro trimestre.
"Por isso, a captação precoce das gestantes é
importante, já que permite diagnosticar e acompanhar doenças
que aumentam o risco da gravidez evoluir para um aborto. Além
disso, possibilita a detecção de doenças congênitas que,
se tratadas, evitam que a criança nasça com problemas",
diz.
Verônica
informa que a Secretaria Municipal de Saúde disponibiliza, na
Maternidade de Campinas, um ambulatório para gravidez de alto
risco que presta assistência a gestantes com problemas como
diabetes, hipertensão ou doenças cardíacas. "As grávidas
recebem atendimento especial e têm exames específicos, como
monitorização fetal, ultrassonografia, e exames
laboratoriais. Também contam com acompanhamento especializado
durante o parto, junto com a equipe do Centro de Lactação -
Banco de Leite Humano, para garantir o acompanhamento do bebê
que, normalmente, nasce prematuro", diz.
Exames
garantidos. Com o Cidade-Mãe, a Secretaria de Saúde também
passou a garantir que todas as gestantes realizem os testes
para detecção do HIV e da sífilis. "Se a mulher chegar
à maternidade sem ter realizado os exames, ela será
submetida a testes rápidos", informa Verônica. "As
gestantes soropositivas são encaminhadas para o Centro de
Referência de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids
para atendimento especializado com uma equipe
multidisciplinar".
Um outro avanço
proporcionado pelo programa, segundo a coordenadora da saúde
da mulher, é a regionalização das maternidades. A gestante
é encaminhada para conhecer a maternidade onde vai dar à luz
que, dependendo do Centro de Saúde que ela freqüenta, pode
ser a Maternidade de Campinas, o Centro de Atenção Integral
à Saúde da Mulher (Caism) ou a maternidade do Hospital Celso
Pierro.
O Cidade-Mãe
ainda garante que, no momento do parto, a mulher possa, se
desejar, estar acompanhada do seu companheiro ou de alguma
outra pessoa de sua confiança. Além disso, as visitas do pai
podem ser feitas a qualquer horário em qualquer dia.