A
Prefeitura de Campinas, por intermédio do Samu (Serviço
de Atendimento Médico de Urgência), iniciou a
utilização do Cartão Cramp - Circulação,
Respiração, Abdôme, Motor e Palavra -, uma criação
inédita que oferece ao médico do hospital conhecer a
situação do paciente no momento do atendimento e os
procedimentos e infusões realizadas para que as
iatrogenias (ações médicas que podem causar morte do
paciente por falta de informação) não aconteçam.
O cartão,
que acompanha o paciente até a entrada no hospital, é
preenchido pelo médico do Samu no momento do atendimento
inicial de urgência e traz informações sobre a circulação
sangüínea (pulsação e enchimento capilar), respiração
(normal, anormal e ausente ou crônica), condições do
abdômen (livre, com trauma ou dor, aberto ou rígido),
comprometimento motor (se a pessoa consegue obedecer à
orientações dadas, se responde à dor, se não dá
respostas) e condições do paciente se expressar por meio
de palavras (normal, confuso ou inconsciente, ausência de
fala).
No cartão,
as vítimas são avaliadas em cinco categorias, cada qual
recebendo uma cor diferente (branco, preto, vermelho,
amarelo e verde), além de uma pontuação que varia de
zero a nove (mortos, críticos inviáveis, críticos viáveis,
e dois níveis de estáveis). Há um espaço também para
o médico apontar todos os procedimentos que foram
realizados na operação de socorro a fim de facilitar o
trabalho nos hospitais.
"O
Cartão Cramp permite ao médico assinalar com rapidez as
condições do paciente e seu destino facilitando,
inclusive, o trabalho de informar a imprensa", diz o
coordenador do Samu, José Roberto Hansen. De acordo com o
coordenador, o cartão foi desenvolvido por técnicos do
próprio Samu e é confeccionado em papel para que, na
eventualidade de falta de canetas, possa ser perfurado com
qualquer material pontiagudo. Hansen destaca que a
ferramenta só será usada em casos de catástrofes ou de
acidentes com múltiplas vítimas, ocasiões em que o médico
que deu o atendimento inicial não pode acompanhar o
paciente até o hospital.
O cartão
foi utilizado pela primeira vez pelo Samu Campinas no último
domingo, 14 de maio, quando 13 pessoas ficaram feridas na
rebelião no Complexo Penitenciário Campinas-Hortolândia.
O Samu,
que atende pelo telefone 192, é o serviço médico móvel
responsável pelo atendimento pré-hospitalar no local da
ocorrência ao cidadão vítima de agravo súbito à saúde
de origem clínica ou traumática. Para tal, dispõe de
uma frota de ambulâncias equipadas (inclusive com UTI) e
profissionais especializados, com o objetivo de
possibilitar maiores chances de sobrevida, diminuição de
seqüelas e o transporte seguro do paciente até o serviço
de saúde mais adequado para continuidade do tratamento.
O Samu
faz também a articulação entre as unidades básicas de
saúde e os diversos níveis do sistema de emergência do
município, para orientar o fluxo de pacientes, otimizando
recursos e utilizando de forma racional os equipamentos
existentes.