Campinas vai
reforçar as medidas de controle do surto de caxumba na
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde foram
notificados 45 casos da doença desde meados de março. A
partir da próxima quarta-feira, dia 16 de maio, e até dia 22
vão ser disponibilizados mais dois postos de vacinação, nos
dois restaurantes instalados no campus.
Até então, a
vacina estava disponível no Centro de Atendimento da
Comunidade (Cecom/Unicamp) e no Centro de Saúde (CS) de
Barão Geraldo. Também será disponibilizado um posto de
vacinação no sábado, dia 19, das 10h às 15h, na moradia da
universidade.
A estratégia
foi decidida em reunião na última sexta-feira, dia 11, após
avaliação de técnicos da Coordenadoria de Vigilância em
Saúde (Covisa), da Vigilância em Saúde (Visa) Norte, do
Centro de Saúde de Barão Geraldo, do Cecom/Unicamp e do
Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) XVII da Secretaria
de Estado da Saúde.
O objetivo é
vacinar toda a comunidade acadêmica, entre estudantes,
funcionários e professores. A expectativa é de que 10 mil
pessoas recebam a tríplice viral – contra caxumba, rubéola e
sarampo. Até o dia 8, foram aplicadas 4,7 mil doses.
“Nosso
objetivo é vacinar um número grande de pessoas num curto
espaço de tempo”, afirma a enfermeira sanitarista Brigina
kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Covisa.
Devem receber
a vacina todas as pessoas maiores de 7 anos e adultos
nascidos a partir de 1960 que não comprovem, mediante
apresentação de caderneta de vacinação, duas doses de vacina
tríplice viral com intervalo mínimo de 30 dias.
Faccamp.
Após a notificação do surto na Unicamp, a Covisa notificou
um outro surto de caxumba, na Faculdade de Campinas (Faccamp),
onde foram registrados 9 casos da doença. Imediatamente após
a notificação, as autoridades sanitárias desencadearam no
campus vacinação de bloqueio aos comunicantes. Foram
aplicadas 1.386 doses da tríplice viral.
Além da
vacinação, as medidas de controle dos surtos nas duas
universidades incluem ações de educação em saúde, informação
e mobilização social. Como decisão da reunião de última
sexta-feira, as Vigilâncias em Saúde (Visas) também vão
promover busca ativa de casos de caxumba em outras
universidades de Campinas.
Saiba mais.
A caxumba é uma doença aguda, de transmissibilidade alta,
causada por um vírus que provoca febre e inflamação das
glândulas salivares (parotidite). A transmissão se dá pelo
contato direto com uma pessoa infectada. É considerada uma
doença benigna e as complicações – como orquite, meningite
viral e pancreatite – são excepcionais.
A caxumba,
isoladamente, não é de notificação compulsória. No entanto,
a ocorrência de surtos e epidemias deve ser devidamente
registrada e acompanhada para que se conheça melhor o
comportamento da doença.
Segundo
Brigina Kemp, surtos de caxumba entre escolares ou em outros
locais com agrupamento de adultos e adolescentes, mesmo com
altas coberturas vacinais, têm sido verificados não somente
no Brasil, mas em outros países.
“As falhas
primárias são responsáveis pela manutenção da cadeia de
transmissão”, afirma. A enfermeira sanitarista explica que
falha primária ocorre quando a pessoa não responde
adequadamente à vacina. “Por isso, para resgatar possíveis
falhas primárias e evitar a ocorrência de surtos, a partir
de 2004, o Ministério da Saúde introduziu no calendário
vacinal a segunda dose (reforço) da tríplice viral entre 4 e
6 anos de idade”, diz. A primeira dose – que deve ser
aplicada quando a criança completa 1 ano – foi introduzida
na rotina dos centros de saúde em todo Brasil na década de
90.
O último surto
de caxumba notificado em Campinas foi em 2002.
Denize Assis