Saúde vai desencadear vacinação na Puc, para bloquear transmissão da caxumba

16/05/2007

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), notificou na última terça-feira, 15 de maio, casos de caxumba nos campus 1 e campus central da Pontifícia Universidade Católica (Puc-Campinas). Foram registrados dois e quatro casos, respectivamente.

Para bloquear a transmissão, a Secretaria, por meio da Vigilância em Saúde (Visa) Leste, vai promover no campus 1, nas próximas terça-feira, quarta-feira e quinta-feira, dias 22, 23 e 24 de maio, vacinação com a tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) de todos alunos, professores e funcionários considerados suscetíveis.

São considerados suscetíveis todas as pessoas maiores de 7 anos e adultos nascidos a partir de 1960 que não comprovem, mediante apresentação de caderneta de vacinação, duas doses de vacina tríplice viral com intervalo mínimo de 30 dias. Além da vacinação, também serão desencadeadas ações de educação em saúde, informação e mobilização social.

A vacinação vai ocorrer na praça de alimentação e na Faculdade de Educação Física, das 7h30 às 13h30 e das 18h30 às 21h30. A expectativa é vacinar a maioria dos 14 mil integrantes da comunidade do campus 1. Quem tiver a carteira de vacinas, deve levá-la.

Para o bloqueio, foram solicitadas 14 mil doses da vacina ao Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) XVII da Secretaria de Estado da Saúde. A Secretaria de Saúde vai mobilizar 10 servidores para a ação, que vai contar com a colaboração da Universidade, por meio da Faculdade de Enfermagem. A Pró-reitoria de Administração vai apoiar a ação com a divulgação das informações entre a comunidade acadêmica.

No campus central, a medida ainda está sendo planejada já que depende da notificação de casos recentes. “A indicação de bloqueio vacinal é para a ocorrência de casos nos últimos 21 dias e os quatro casos registrados no local ocorreram há mais de três semanas, embora tenham chegado ao conhecimento da Vigilância em Saúde esta semana”, diz a enfermeira sanitarista Thaís Fernanda Tegan Klemz, da Visa Leste.

Thaís informa que a caxumba, isoladamente, não é de notificação compulsória. “No entanto, a ocorrência de surtos e epidemias deve ser devidamente registrada e acompanhada para que se conheça melhor o comportamento da doença”, afirma.

A enfermeira orienta alunos, professores e funcionários que estejam com caxumba ou que tenham tido a doença recentemente e que têm amigos doentes ou que tenham adoecido de caxumba que informem os ambulatórios instalados nos campi da universidade. A orientação vale para outras instituições universitárias, que devem informar a Vigilância em Saúde da ocorrência de casos para as devidas providências.

Outras ocorrências. Nos últimos dias, a Secretaria de Saúde notificou surtos de caxumba na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Faculdade de Campinas (Facamp), onde foram registrados 46 e 12 casos, respectivamente. As medidas de bloqueio nos dois locais já foram desencadeadas. Na Unicamp, devido à amplitude da instituição, a medida foi reforçada a partir de hoje, dia 16, com mais postos e equipes de vacinação. Somente hoje, foram aplicadas 500 doses de vacina. No total, já foram vacinados mais de 5 mil pessoas.

O reforço vai até dia 22, com exceção do sábado e domingo. Neste período, vão ser disponibilizados dois postos de vacinação nos dois restaurantes instalados no campus.

Até então, a vacina estava disponível no Centro de Atendimento da Comunidade (Cecom/Unicamp) e no Centro de Saúde (CS) de Barão Geraldo. Também será disponibilizado um posto de vacinação no sábado, dia 19, das 10h às 15h, na moradia da universidade.

Na Facamp, o bloqueio já foi encerrado e foram aplicadas 1.386 doses da tríplice viral.

Saiba mais. A caxumba é uma doença aguda, de transmissibilidade alta, causada por um vírus que provoca febre e inflamação das glândulas salivares (parotidite). A transmissão se dá pelo contato direto com uma pessoa infectada. É considerada uma doença benigna e as complicações – como orquite, meningite viral e pancreatite – são excepcionais.

Segundo a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, surtos de caxumba entre escolares ou em outros locais com agrupamento de adultos e adolescentes, mesmo com altas coberturas vacinais, têm sido verificados não somente no Brasil, mas em outros países.

“As falhas primárias são responsáveis pela manutenção da cadeia de transmissão”, afirma. A enfermeira sanitarista explica que falha primária ocorre quando a pessoa não responde adequadamente à vacina. “Por isso, para resgatar possíveis falhas primárias e evitar a ocorrência de surtos, a partir de 2004, o Ministério da Saúde introduziu no calendário vacinal a segunda dose (reforço) da tríplice viral entre 4 e 6 anos de idade”, diz. A primeira dose – que deve ser aplicada quando a criança completa 1 ano – foi introduzida na rotina dos centros de saúde em todo Brasil na década de 90.

O último surto de caxumba notificado em Campinas foi em 2002.

Denize Assis

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