Prostitutas realizam Semana de Visibilidade

27/05/2008

Autor: Eli Fernandes

ONG de Campinas promove eventos, como peça de teatro e debates, para comemorar Dia Internacional da Prostituta, celebrado no dia 2 de junho

O Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (PMDST/Aids) da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Campinas apóia a realização da 2º Semana Semana de Visibilidade da Profissional do Sexo, de sexta até a próxima segunda. A realização é da Associação Mulheres Guerreiras, organização não-governamental (ONG) formada para representar as mulheres, travestis e homens profissionais do sexo de Campinas.

Segundo a entidade, a realização da Semana de Visibilidade objetiva comemorar o dia 2 de junho, Dia Internacional da Prostituta, e com isso promover debates acerca da questão da prostituição, com mesas de discussões, intervenções artísticas e oficinas culturais. As atividades são de acesso gratuito e abertas para toda a população.

A abertura é sexta, às 14h, na Estação Cultura, em um debate com Gabriela Leite, ativista da ONG Davida (organização que criou a grife Daspu), do Rio de Janeiro, Luana de Jesus, da Associação de Travestis e Transexuais de Florianópolis (ABEH) e a coordenadora do Programa DST/Aids, Maria Cristina Feijó Januzzi Ilario.

Além do Programa Municipal de DST/Aids da Secretaria de Saúde, a Semana de Visibilidade da Profissional do Sexo conta com apoio da Secretaria Municipal de Cultura, através do Fundo de Investimentos Culturais do Município de Campinas (FICC) que financia a o projeto "Prostituição: Arte e Inclusão" de Fabiana Fonseca.

Ela é diretora, autora e também atua no espetáculo solo "Eu Quero Ver a Rainha", baseado em histórias de garotas de programa e que terá três apresentações durante a programação da Semana. Além da atriz, a entidade possui um grupo de colaboradores como profissionais da Saúde, estudantes, professores pesquisadores, e um advogado.

Segundo o Ministério da Saúde, a população de profissionais do sexo é, em sua maioria, jovem (20-29 anos), com poder aquisitivo baixo (entre 1 e 4 salários mínimos) e com nível de escolaridade elementar (1º grau incompleto). Em relação ao uso de preservativos, os diversos estudos desenvolvidos em diferentes regiões do País apontam, de forma consistente, para o uso sistemático da camisinha com clientes e para o uso não-freqüente, e preocupante, com parceiros estáveis (marido, namorado, amigo).

Uma das ações priorizadas pelo Programa Nacional de DST/Aids do Brasil é o fomento à organização dos profissionais do sexo para que possam desenvolver ações em defesa dos seus direitos e promoção da cidadania, além de fortalecer o trabalho de promoção à saúde e de prevenção às DSTs, ao HIV e à aids.

Segundo o Ministério, de modo geral, os serviços da Saúde não estão suficientemente preparados para oferecer atendimento integral aos profissionais do sexo e acolhimento às suas especificidades. Em locais onde há vínculos mais estreitos com projetos de intervenção, essa situação se torna mais favorável.

Serviço: 2ª Semana de Visibilidade da Profissional do Sexo

Realização: Associação das Mulheres Guerreiras de Campinas

Quanto: 30 de maio até 4 de junho de 2008

Programação:

30/5 – 14h

Debate com:

Gabriela Leite (Ong Davida/RJ)

Luana de Jesus (ABEH – Associação de Travestis e Transexuais de Florianópolis/SC)

Maria Cristina Feijó Januzzi Ilário (Coordenadora do Programa Municipal DST/AIDS de Campinas)

Local: Estação Cultura - Campinas

2 e 3/6 – 18h

Apresentação da peça "Eu quero ver a Rainha"

Espetáculo solo baseado em histórias de garotas de programa de Fabiana Fonseca - Com debate após o espetáculo

Local: Centro de Saúde do Jardim Itatinga - Campinas

3/6 – 16h

Oficina Teatral de Carícias

Local: Centro de Saúde do Jardim Itatinga - Campinas

4/6 – 15h

Apresentação da peça "Eu quero ver a Rainha"

Espetáculo solo baseado em histórias de garotas de programa de Fabiana Fonseca - Com debate após o espetáculo

Local: Museu da Imagem e Som – Campinas

Associação Mulheres Guerreiras

Contatos:

associacaomulheresguerreiras@gmail.com

Elaine (coordenadora da Associação) – 19 9285.5587

Denise (colaboradora da Associação) – 19 8174.8714

Mariana (colaboradora da Associação) – 19 8146.3141

Fabiana Fonseca (atriz colaboradora da Associação) – 19 8132.3899

ANEXO:

Os Objetivos da Associação Mulheres Guerreiras:

· Estabelecer parcerias - buscar grupos que nos auxiliem.

· Estar articulada com outras associações ou grupos de profissionais do sexo em nível municipal, estadual e nacional

· Reivindicações de direitos – lutar pelos interesses da categoria de profissionais do sexo, direito ao trabalho.

· Lutar contra o preconceito e o estigma social – direito a cidadania, elevação da auto-estima.

· Sede – buscar um espaço para a associação funcionar.

· Organizar e manter programas de assessorias jurídica, contábil, previdenciária, social e psicológica.

· Lutar pelo estabelecimento de uma eficaz política de saúde, a fim de garantir atendimento médico de qualidade para as profissionais do sexo (Atendimento em postos de saúde na região central de Campinas, atendimento a mulher com problemas pós-aborto, gratuidade dos remédios, incentivo ao uso dos preservativos femininos, teste HIV/AIDS e exame de prevenção de DSTs, orientação em higiene pessoal).

· Capacitação de profissionais do sexo para aconselhar seus pares sobre DSTs/AIDS/HIV e hepatites virais, diminuindo assim a vulnerabilidade.

· Educação e formação – que a associação assuma uma função de educar e formar os profissionais do sexo sobre seus direitos e deveres, promoção humana e social.

· Reivindicar direito à vagas em creche aos filhos das profissionais do sexo.

· Oferecer cursos de capacitação para os profissionais do sexo e/ou filhos.

· Realizar debates, conferências e seminários com atividades informativas sobre a prostituição, sobretudo a da mulher.

· Lutar contra toda e qualquer forma de violência física, moral ou social em relação aos profissionais do sexo, enfatizando a situação das mulheres.

· Defender a inclusão das mulheres profissionais do sexo nas pautas de discussões de política pública voltada para as mulheres

· Criar diálogo com os diversos setores de segurança pública, no sentido de sensibilizar/capacitar em relação a violência cometida pela mesma contra os profissionais do sexo.

· Conquistar melhores condições de trabalho e qualidade de vida para os profissionais do sexo.

· Divulgação e publicação de materiais informativos relativos à associação e ao profissional do sexo.

· Estabelecer parceria com o conselho municipal da criança e do adolescente, e com o conselho tutelar, no sentido de acompanhar o debate que visa o combate à prostituição infantil.

· Acompanhar o debate que visa o combate ao tráfico de mulheres.

Acompanhar o debate sobre o reconhecimento legal da profissão.

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