Campinas promove investigação de foco de leishmaniose visceral

17/05/2010

Autor: Denize Assis

A Secretaria Municipal de Saúde inicia nesta terça-feira, 18 de maio, investigação de foco de leishmaniose visceral americana (LVA) em um condomínio em Barão Geraldo, região norte de Campinas, onde houve confirmação de um caso da doença em cão. A ocorrência, confirmada por meio de exames laboratoriais, ainda está sob investigação para que se saiba se é autóctone (quando a infecção se deu no próprio município) ou importada. O animal já foi a óbito.

A ação inclui inquérito sorológico de cães (investigação canina); estudo para identificação do vetor - o mosquito Lutzomia longipalpis - (investigação entomológica) e análise ambiental (investigação ambiental).

Nesta terça-feira, dia 18, será iniciado o inquérito sorológico, com a coleta de amostras para exames laboratoriais dos cães residentes no condomínio. A estimativa é que sejam colhidos amostras de sangue de 200 animais. Esta ação deve durar no mínimo três dias. Após, será iniciada investigação entomológica, ação que ocorre em parceria com a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen).

Na terça-feira da semana passada, dia 11 de maio, à noite, houve reunião com moradores do condomínio para informar sobre o caso e as ações a serem desencadeadas. No dia 13 de maio foi promovido cadastramento dos domicílios com levantamento da população canina.

A investigação está sendo conduzida pela Vigilância em Saúde Norte e Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), com apoio do Centro de Saúde de Barão Geraldo e Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVISA). Os trabalhos contam com parceria da Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Sucen, Instituto Adolfo Lutz e Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE).

Situação epidemiológica. A Leishmaniose Visceral é considerada um grave problema de saúde pública no Brasil. É de notificação compulsória, o que significa que as ocorrências têm que ser informadas às autoridades sanitárias rapidamente.

A doença está presente em 21 estados brasileiros e nos últimos anos foi registrada uma média anual de 3.357 casos humanos e 236 óbitos. No Estado de São Paulo, está presente em vários municípios.

Em Campinas, o primeiro foco com caso autóctone da doença foi registrado em novembro passado. Após esta ocorrência, houve registro de um outro foco na Vila Costa e Silva, onde não pode ser confirmada autoctonia porque o caso referia-se a um cão errante de origem desconhecida. Em seguida, foi registrado um foco na Vila João Jorge, de um caso canino importado de Campo Grande, um foco no Chapadão, de um caso canino importado de Corumbá, e este foco de Barão, ainda sob investigação.

Frente a esta situação epidemiológica, Campinas entrou para o grupo de cidades com transmissão canina – com casos autóctones e importados - sem transmissão humana.

Segundo o médico infectologista Rodrigo Angerami, da Vigilância em Saúde de Campinas, no Brasil, na grande maioria dos municípios nos quais a doença se tornou endêmica, a ocorrência de cães infectados geralmente precedeu a ocorrência de casos humanos. “Os cães infectados, sem a menor dúvida, se constituem um elemento fundamental na cadeia de transmissão”, diz. Entretanto, a identificação do cão infectado não implica, necessariamente, na ocorrência futura de novos casos entre a população de cães e nem no início da transmissão entre humanos.

No Estado de São Paulo, além de Campinas, há pelo menos três municípios com transmissão canina, sem transmissão entre humanos: Embu das Artes, São Pedro e Espírito Santo do Pinhal.

A leishmaniose visceral tem tratamento em humanos. No entanto, no cão, o tratamento não está indicado porque representa risco para a saúde pública. A proibição do tratamento canino está indicada na Portaria IM nº 1.426 (2008) que regulamenta o Decreto nº 51.838 (1963), dos Ministérios da Saúde e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Mais sobre a Leishmaniose Visceral

O que é?

A leishmaniose visceral é uma zoonose que pode afetar o homem. É infecciosa, mas não contagiosa, ou seja: não é transmitida de pessoa para pessoa. Acomete vísceras, como o fígado e o baço, podendo ocasionar aumento de volume abdominal.

Qual o agente envolvido?

É causada por protozoário da família Tripanosoma, gênero Leishmania e espécie Leishmania chagasi.

Quais os sintomas?

Os sintomas são febre e aumento do volume do fígado e do baço, emagrecimento, complicações cardíacas e circulatórias, desânimo, prostração, apatia e palidez. Pode haver tosse, diarréia, respiração acelerada, hemorragias e sinais de infecções associadas. Quando não tratada, a doença evolui podendo levar à morte até 90% dos doentes.

Como se transmite?

A LV é transmitida ao homem por meio da picada do inseto vetor conhecidos popularmente como "mosquito-palha, birigui, asa branca, tatuquira e cangalhinha". Esses insetos têm hábitos noturnos e vespertinos, atacando o homem e os animais, principalmente no início da noite e ao amanhecer.

No Brasil, não há registro de transmissão direta de pessoa para pessoa.

Como tratar?

O SUS oferece tratamento específico e gratuito para a doença. O tratamento é feito com uso de medicamentos específicos, repouso e uma boa alimentação.

Como prevenir?

As medidas de controle são distintas e adequadas para as áreas com transmissão, como eliminação de cães infectados, controle químico do inseto transmissor e a destinação correta do lixo, entre outras medidas de higiene e conservação ambiental que evitam a proliferação do vetor. Entretanto é de fundamental importância que as medidas usualmente empregadas no controle da doença sejam realizadas de forma integrada, para que possam ser efetivas.

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