Secretaria de Saúde e FCM/Unicamp lançam boletim de mortalidade por câncer

11/05/2011

Autor: Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Coordenadoria de Informação e Informática, junto com a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, por meio do Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde do Departamento de Medicina Preventiva e Social (DMPS), lançaram nesta quarta-feira, dia 11 de maio, o Boletim 46 de Mortalidade por Neoplasias ou por cânceres. O trabalho é resultado do Projeto de Monitorização dos Óbitos no município de Campinas, desenvolvido desde 1.989 em parceria entre universidade e município.

O documento, divulgado oficialmente durante aula para os alunos do 3º ano da FCM/Unicamp, traz informações sobre os cânceres, que atualmente se constituem na segunda causa de morte em Campinas. As doenças cardiovasculares se constituem na primeira causa. A aula foi ministrada pela professora doutora da FCM/Unicamp e teve participação do secretário Municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva.

No ano de 2010, período estudado pelo boletim, Campinas registrou um total de 6.465 óbitos, entre os quais 1.260 foram por câncer ou neoplasia. Ou seja, 20% dos óbitos em 2010 foram causados por câncer ou uma a cada cinco mortes foi em decorrência de alguma neoplasia. Na faixa etária de menores de 10 anos o risco de falecer em decorrência de um câncer é inferior a 4 por 100 mil habitantes. Já no grupo dos idosos, o risco sobe para 600 por 100 mil habitantes.

“Isto demonstra a importância do problema. Considerando que as doenças cardiovasculares, atualmente as que mais matam, vêm em franco declínio, as neoplasias estão bem próximas da primeira causa de morte e com o processo de envelhecimento da população tendem a se ampliar no conjunto dos óbitos”, disse Marilisa Berti Barros.

No conjunto de todos os tipos de câncer, os cinco principais no homem (pulmão, próstata, intestino grosso, estômago e fígado) e os cinco principais na mulher (mama, intestino grosso, pulmão, leucemias e linfomas e fígado) são responsáveis por 50% dos óbitos por neoplasia.

O boletim também analisa a tendência nas últimas três décadas e aponta que houve um declínio do câncer de estômago e esta queda é atribuída ao diagnóstico precoce e tratamento adequado. Esta tendência também é verificada nos países desenvolvidos da Europa e nas capitais brasileiras. O câncer de colo retal apresentou um aumento importante, de 100% nos homens e 30% nas mulheres nas últimas três décadas.

O câncer de pulmão reduziu 14% nos homens e aumentou 40% nas mulheres. O câncer de colo de útero caiu 50% em 30 anos. No entanto, em relação ao de mama, houve um discreto aumento em Campinas, ao contrário da tendência de declínio verificada nos países desenvolvidos da Europa e nas capitais brasileiras.

Em relação à distribuição espacial, o boletim aponta que a população de melhor nível socioeconômico apresenta taxas menores de câncer. No entanto, as mulheres ricas de Campinas morrem mais de câncer de mama, o que poderia ser explicado por alguns fatores como maior uso de hormonioterapia e maior número de filhos e tempo de amamentação.

Segundo o secretário José Francisco Kerr Saraiva, o monitoramento da tendência da mortalidade por neoplasias é essencial para que a Secretaria de Saúde reoriente e adeque medidas de prevenção, de diagnóstico precoce e tratamento dessas doenças.

“Trata-se de um diagnóstico que faz toda diferença para apontar ações de prevenção e baixar mortalidade. Vamos focar em estratégias para mudar o cenário da mortalidade por câncer de mama e pelo câncer de próstata. A questão do combate ao tabagismo também é fundamental e o conhecimento da doença dentro de um cenário de desigualdade mostra que devemos concentrar esforços em alguns locais direcionados a algumas populações. Este conhecimento orienta a gestão em busca de uma saúde pública cada vez mais digna, mais justa”, disse.

A equipe responsável pela elaboração do Boletim é composta pelas médicas Solange Mattos Almeida e Maria Cristina Restitutti, da Secretaria Municipal de Saúde, e pelas médicas Marilisa Berti Barros e Letícia Marín-León, além de Ana Paula Belon, todas do Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde do Departamento de Medicina Preventiva e Social da FCM/Unicamp.

O boletim nº 46, por mortalidade por neoplasias esta disponível nos endereços www.campinas.sp.gov.br/saude e www.fcm.unicamp.br/centros/ccas/

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