Ações marcam a Semana da Esquistossomose em Campinas

24/05/2011

Autor: Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Vigilância em Saúde (Visa), promove uma série de ações até o dia 27 de maio para marcar a III Semana Estadual da Esquistossomose. Durante este período, a coordenação do Programa Municipal da Esquistossomose irá mobilizar equipes dos Centros de Saúde (CSs) e alunos e professores de escolas públicas localizadas em áreas de transmissão da doença no município.

As atividades incluem palestra e outras ações educativas para os estudantes e sensibilização da população para que procure a unidade de saúde caso tenha frequentado lagoas e rios na periferia da cidade e faça o exame, independente de ter tido ou não sintomas. Os pacientes diagnosticados com a doença serão tratados gratuitamente, com prescrição de um antiparasitário.

Serão distribuídos cartazes folhetos e panfletos com informações sobre a esquistossomose e prevenção da doença. Um dos objetivos, com a maior divulgação sobre a doença, formas de transmissão, prevenção e tratamento é aumentar a captação precoce de casos e garantir o tratamento,

O tema principal deste ano é ‘Vamos acabar com esta doença no Estado de São Paulo?”. O slogan é uma referência à meta de erradicação da transmissão local de esquistossomose no Estado até 2015.

Nesta terça-feira, 24 de maio, à tarde, cerca de 400 alunos da Escola Estadual Francisco de Assis assistem palestra e tiram dúvidas sobre a doença com o médico sanitarista André Ribas Freitas, coordenador do Programa Municipal da Esquistossomose. A atividade ocorre em parceria com o CS São Domingos, na região sul da cidade onde existem pelo menos duas lagoas com histórico de transmissão da doença.

Durante a semana, em todo Estado, cerca de 5 mil unidades básicas de saúde e mais de 100 unidades geossentinelas que realizam testes complementares sorológicos para diagnóstico deste agravo estarão reforçando o atendimento à população que procurar os serviços com a suspeita de ter adquirido a doença.

Entre 2000 e 2010, a incidência da esquistossomose reduziu em 5 vezes em Campinas. Este ano, há 45 pacientes notificados com a doença em Campinas. A expectativa é chegar a 100 casos entre moradores do município em 2011. No início dos anos 2000 eram 500 ocorrências por ano.

“A tendência de redução é clara. O objetivo é zerar os casos e eliminar focos de transmissão até 2015. Nossa situação permite afirmar que é possível a erradicação no município já que temos boas condições sanitárias, com tratamento da quase totalidade do esgoto. Além disso, fazemos investigação exaustiva e tratamento de todos os portadores da esquistossomose”, diz André Ribas Freitas.

Segundo ele, em Campinas, todos os anos são registrados um ou dois casos da forma mais grave da doença que causa lesão medular e leva à paraplegia ou a outras sequelas que incapacitam a pessoa.

A doença

A esquistossomose, também conhecida como ‘barriga d’água’, ‘xistose’, ‘xistosomose’ ou ‘doença do caramujo’ é causada por um parasita chamado Schistosoma mansoni. Sua transmissão depende da existência de determinadas espécies de caramujos em rios, lagoas, córregos, represas e mangues, entre outras coleções hídricas contaminadas por esgoto sem tratamento.

Os ovos do parasita, eliminados nas fezes de indivíduo contaminado e liberado na água, transformam-se em larvas que infectam os caramujos. Depois de quatro a seis semanas, a larva deixa o caramujo, permanecendo nas águas.

O indivíduo, quando entra em contato com essas águas infestadas, seja por lazer ou a trabalho, adquire a doença pela pele. Ela se manifesta de duas a seis semanas após o contato. Se o paciente não for tratado, permanecerá excretando ovos do parasita por muitos anos, constituindo-se também como forma de disseminação da doença.

Muitas vezes a esquistossomose não apresenta sintomas, mas quando eles aparecem, vão desde coceira na pele, vômitos e diarreias, a problemas mais graves, como aumento do tamanho do fígado e baço, com risco de óbito.

O tratamento é feito com medicamento seguro e efetivo, via oral em dose única e prescrito pelo médico quando os exames tiverem resultados positivos. O remédio é gratuito e é ministrado na própria unidade de saúde.

Algumas regiões do estado de São Paulo, principalmente áreas de invasão, com intensa migração, e com córregos, rios, mangues poluídos apresentam ainda focos da doença como a Baixada Santista, Vale do Ribeira, Vale do Paraíba, Região Metropolitana de Campinas e alguns municípios da Região Metropolitana de São Paulo.

Em Campinas, as principais áreas de transmissão se localizam nas áreas do Capivari, Florence, Valença e São Domingos.

Mérito.

Nesta segunda-feira, dia 23, na abertura da III Semana Estadual da Esquistossomose, em São Paulo, o médico sanitarista André Ribas Freitas, da Vigilância em Saúde de Campinas, foi homenageado com a medalha de honra ao mérito pelo empenho e assessoria no desenvolvimento do Programa de Vigilância e estratégias pela eliminação da autoctonia da esquistossomose no Estado de São Paulo.

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