Capivaras começam a ser manejadas em um mês

25/06/2001

A Prefeitura de Campinas inicia, em um mês, o plano de manejo das capivaras que habitam os parques públicos de Campinas. A operação começa pela Lagoa do Taquaral, uma das áreas de lazer mais freqüentadas da cidade – o parque recebe, em média, 20 mil visitantes por final de semana - e vai se estender, gradativamente, aos demais parques.

O plano de manejo consiste em manter nas áreas o grupo de animais que elas suportam. O grupo que permanecer em cada área também será capturado, examinado e identificado para controle populacional. Além disso, os animais receberão tratamento com carrapaticida. A identificação dos animais permitirá o monitoramento também quanto aos aspectos biológicos, zooepidemiológicos e comportamentais.

A retirada da população excedente de capivaras é necessária porque a população destes roedores nas áreas públicas vem aumentando muito. O excesso populacional pode ser verificado, inclusive, na disputa de território entre as capivaras - tem havido muitos casos de animais com lesões -, na destruição do paisagismo da Lagoa e na escassez de alimentos. Além disso, a retirada é necessária para o controle de carrapatos, o que pode, eventualmente, oferecer risco para a febre maculosa (leia abaixo).

A operação seguirá critérios técnicos rigorosos, inclusive para não incorrer em crime ambiental. O manejo será efetuado com quarentena – os animais ficarão em espaço pré-determinado por 40 dias - e nova localização em área próxima, determinada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis). Além da quarentena, as atividades também envolverão coleta de sangue dos animais e pesquisa nos carrapatos com objetivo de identificar se eles são portadores da bactéria que causa a febre maculosa (leia abaixo).

É importante ressaltar também que todo projeto de manejo está sendo compartilhado com o Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente). E que, além das medidas a curto prazo, é necessário interferir nos fatores macro-determinantes do desequilíbrio ambiental. Por isso, a Prefeitura incentiva medidas a médio e longo prazo, como a implementação de políticas de recuperação ambiental e, para isso, quer contar também com a ajuda do Comitê e Consórcio das Bacias e com outros setores da sociedade, como o empresariado e ruralistas em geral.

Secretaria da Saúde sensibiliza profissionais e orienta população - Além das medidas acima, com relação ao provável risco para a febre maculosa, a Secretaria da Saúde vem sensibilizando profissionais da rede para estarem atentos aos sintomas da doença e, desta forma, iniciar tratamento precoce. Outra medida adotada pela Secretaria é a orientação à população.

Como não há vacinas disponíveis eficazes para a doença, a Secretaria orienta que, ao freqüentar áreas de risco para a transmissão da febre maculosa, a pessoa utilize roupa clara que proteja de forma eficiente o corpo, como calças e camisas de mangas longas. Além disso, é necessário examinar o corpo a cada 2 horas para identificar e retirar carrapatos que, eventualmente, possam estar aderidos à pele.

O momento da retirada dos carrapatos de uma pessoa parasitada é importante dentre as medidas de controle da febre maculosa. Quanto mais precoce, completa e segura for a retirada, menor a chance do surgimento da doença e de complicações e reações no local da picada. Por isso, a Secretaria orienta que a retirada dos carrapatos seja feitas nos centros de saúde, que estão devidamente preparados para executar a operação.

A fixação do carrapato na pele é feita pela sua peça bucal. Portanto, a imobilização da musculatura dessa peça bucal é fundamental para que a retirada do inseto não seja parcial e traumática. O produto químico indicado, nos centros de saúde, para auxiliar na imobilização do carrapato é o éter. Em casa, a pessoa parasitada poderá fazer a operação utilizando uma agulha aquecida. Neste caso, é necessário cuidado para não queimar a pele. Depois de imobilizado, o carrapato pode ser retirado com uma pinça e o local da picada deve ser higienizado com água e sabão. O profissional que faz a retirada do carrapato deve estar equipado com luva. Além disso, deve inspecionar todo o corpo da pessoa parasitada para verificar se há outros carrapatos aderidos à pele.

Saiba mais sobre a febre maculosa - A febre maculosa é uma doença provocada por uma bactéria – Rickettsia rickettsii – transmitida ao homem pelo carrapato-estrela – Ambyomma cajennense. A Rickettsia pode, eventualmente, ser encontrada no sangue de alguns animais silvestres (roedores como a capivara e os marsupiais, além dos gambás) e de cães, cavalos e bois.

Primeiro, o carrapato suga o sangue do animal contaminado e adquire a bactéria. Numa segunda etapa, ao picar uma pessoa, o carrapato inocula a bactéria na corrente sanguínea desse indivíduo que, então, pode desenvolver a doença.

Nos humanos, a doença ocorre mais em períodos de estiagem, quando há maior proliferação de carrapatos nas fases jovens. O período de incubação é de dois a 14 dias e as manifestações clínicas são febre alta de início repentino, dores de cabeça, dores musculares e manchas no corpo. A cura da doença depende da suspeição precoce e da introdução do antibiótico adequado.

Não é necessário se alarmar apenas com a picada do carrapato, pois apenas uma pequena porcentagem é infectada. Porém, se a pessoa for picada ou freqüentar áreas de risco e surgirem sintomas da doença, é importante informar o médico e o serviço de saúde sobre o ocorrido.

Veja mais na página sobre Febre Maculosa.

A Vigilância Epidemiológica de Campinas notificou, neste 2001, 21 casos suspeitos de febre maculosa, sendo que até o momento não há casos confirmados.

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