Prefeitura de Campinas inicia discussão para criar CIST

04/06/2002

O Conselho Interinstitucional tem o papel de discutir as ações relacionadas à saúde dos trabalhadores em Campinas e região

A Prefeitura de Campinas soma cada vez mais esforços para cuidar da saúde dos trabalhadores que residem no município. Neste sentido, a Secretaria Municipal de Saúde, por meio de sua assessoria em Saúde do Trabalhador, promove no próximo dia 5 reunião para discutir a implantação do CIST (Conselho Interinstitucional em Saúde do Trabalhador).

O evento acontece a partir das 8h30 no CRST (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador), que fica na avenida faria Lima, 680, próximo ao Hospital Municipal Mário Gatti.

Atualmente, um dos principais problemas referentes à saúde do trabalhador em Campinas é a subnotificação das doenças adquiridas no trabalho. Segundo o assessor da Secretaria de Saúde, Darci Pinheiro de Oliveira, responsável pela área de saúde do trabalhador, as empresas dificultam as aberturas de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). As empresas fazem isso para evitar processos trabalhistas, cíveis e criminais e para evitar o desgaste da própria imagem.

Além disso, segundo Darci, outra dificuldade enfrentada pelos trabalhadores de Campinas é com relação à Previdência Social. Para falar sobre estes e outros assuntos relacionados à área, a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde ouviu Darci Pinheiro.

O que é o CRST?

Darci - É o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, serviço da Secretaria Municipal de Saúde. O serviço foi criado em 1987.

Como e quando procurá-lo?

Darci - Os trabalhadores que chegam ao serviço são encaminhados pelos Sindicatos ou pelos Centros de Saúde ou chegam diretamente ao CRST, como demanda expontânea. O trabalhador deve procurar o CRST quando suspeitar que esteja com algum problema de saúde relacionado às suas condições de trabalho.

O que a Prefeitura faz para assegurar os direitos dos trabalhadores e para tratar e prevenir doenças?

Darci - Do ponto de vista de prevenção, a partir de 2001, já fizemos 148 fiscalizações nos diversos ambientes de trabalho (metalúrgicas, bancos etc). Estas fiscalizações foram feitas seguindo a orientação dos princípios do Projeto Paidéia – Saúde da Família e realizadas em conjunto pelo CRST ( Centro de Referência em Saúde do Trabalhador), Sindicatos e Visas (Vigilâncias Sanitárias em Saúde). Elas levam em consideração os diagnósticos do CRST.

Do ponto de vista da assistência, preenchemos todas as vagas de médicos que estavam em aberto no CRST e com isso melhoramos a assistência, acabando com filas de até oito meses de espera no serviço.

Também foram desenvolvidas ações de promoção à saúde do trabalhador. Estamos fazendo o projeto CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidente de Trabalho) que é uma parceria entre CRST, Sindicatos e Ministério do Trabalho. Já foram feitos três encontros (metalúrgicos, bancários e Unicamp) onde foram discutidas questões que relacionam a pessoa com o trabalho e com seu local de moradia.

Qual a doença adquirida no trabalho mais comum em Campinas?

Darci - A LER (Lesão por Esforços Repetitivos) é o problema de saúde de maior incidência entre os trabalhadores de Campinas. Há 5 anos, a LER era a quinta doença mais comum entre as patologias adquiridas no trabalho. Atualmente, ela está em primeiro lugar. Além disso, no montante de ocorrências de patologias adquiridas no trabalho, a LER é responsável por 70% das notificações.

Que dificuldades o trabalhador encontra quando recorre ao INSS?

Darci - O Instituto reduziu o valor do auxílio acidente de trabalho a 50% do salário nominal, recusa reconhecer os nexos de causalidade das doenças de trabalho, dificulta e atrasa o pagamento dos benefícios e cede a pressões das empresas para alterar o diagnóstico de doença de trabalho em doença comum. Além disso, no âmbito da ética, médicos que trabalham em empresas, exercem funções de perito dentro do INSS. Os peritos do INSS, por sua vez, têm negado reconhecer a doença do trabalhador como sendo patologia adquirida no trabalho. Isso é ruim porque, a partir do momento em que não é reconhecida como sendo patologia adquirida no trabalho, o empregador imediatamente deixa de recolher o FGTS. E quando o trabalhador volta a exercer sua função ele por ser demitido sumariamente porque perde a estabilidade.

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