A
Secretaria de Saúde de Campinas e a Secretaria de Estado da Saúde
investigam um óbito suspeito de dengue hemorrágica em
Campinas. Trata-se de um homem de 23 anos, morador do Jardim
Campo Belo II, na região Sul da cidade, que morreu em 28 de
maio, no Hospital Municipal Mário Gatti.
A
principal suspeita é dengue. No entanto, estão sendo feitos
exames para diagnóstico diferencial de febre maculosa e
leptospirose e outros exames de dengue – isolamento de vírus
e PCR.
O
paciente trabalhava como coletor de lixo para a Prefeitura e não
tinha histórico de dengue anterior. Porém, morava na área de
maior transmissão de dengue no município, na região de abrangência
do Centro de Saúde São Domingos, onde já foram confirmados
566 casos autóctones da doença.
Do
ponto de vista da saúde pública, o óbito está sendo
considerado também para indicar as ações de controle
adicionais no combate à dengue, que inclui reforçar ainda mais
a orientação aos profissionais de saúde do município e do
local de moradia do paciente quanto à assistência aos doentes.
Portanto,
a Secretaria Municipal reforça as orientações que já vinham
sendo dadas sobre a possibilidade da ocorrência de casos graves
e da forma hemorrágica da dengue: Todos os serviços de saúde
da rede pública e privada devem estar atentos para fazer diagnóstico
precoce da doença e, assim, proporcionar assistência adequada
aos doentes. Além disso, a evolução clínica de cada paciente
deve ser acompanhada. Somente desta maneira é possível
detectar rapidamente formas mais graves e intervir no
tratamento. Todos os casos devem ser notificados e, as formas
graves, imediatamente informadas.
Na
região do Jardim Campo Belo foi confirmada a circulação dos vírus
da dengue tipos 1 e 3. Também já foram investigados naquela
região mais de 100 casos de dengue com algum sinal hemorrágico
ou com algum sinal de gravidade. Todos foram tratados e evoluíram
para cura.
Campinas
tem confirmados, desde janeiro, 1.325 casos de dengue, sendo
1.126 autóctones, 170 importados e 29 que ainda estão em
investigação. O coeficiente de incidência é de 136,93 casos
por grupo de 100 mil habitantes (levando em conta o total de
casos). Se levarmos em consideração somente casos autóctones,
o coeficiente é de 112,83 por 100 mil habitantes. No total, a
Secretaria investigou este ano 8.100 casos suspeitos de dengue.
Em
2001, Campinas registrou 514 casos autóctones de dengue e 92
importados. Em 2000, foram 38 casos autóctones, 23 importados e
1 óbito, e em 1999, 51 autóctones e 10 importados. A maior
epidemia – exceto a deste ano - ocorreu em 98, quando o município
teve 1.126 casos autóctones e 170 importados.
Qual
é a diferença entre a dengue comum e a dengue hemorrágica?
Ambas
são causadas pelo mesmo vírus, transmitido pela picada do
Aedes aegypti. A chamada dengue clássica, na maioria das vezes,
tem uma evolução benigna. A dengue hemorrágica pode levar à
morte. Na maioria das vezes, ela só ocorre nos casos
reincidentes da doença.
No caso da
dengue do sorotipo III, no entanto, o paciente pode desenvolver
um quadro de dengue com características mais graves,
independente de infecções anteriores por outros sorotipos.
Aliado a isso, as pessoas acometidas por outros sorotipos, se
infectadas pelo sorotipo III, também podem desenvolver a dengue
hemorrágica.
E
com relação às medidas de controle da doença, o que muda com
o caso?
Com
relação às medidas ambientais e sanitárias, a Secretaria
informa que as ações necessárias para conter o avanço da
doença já vinham e continuarão sendo implementadas. E reforça
a necessidade de notificação imediata para medidas rápidas de
controle e a necessidade da participação de todos os
seguimentos da sociedade. O controle da doença e a expansão da
epidemia estão diretamente relacionados com as ações de
controle, principalmente as de eliminação de criadouros.
Ações
desenvolvidas por Campinas para o combate à dengue:
Busca ativa em
todos os casos suspeitos de dengue, para identificação de
possíveis novos casos;
Atualização
para médicos, em parceria com a Sociedade de Medicina e
Cirurgia, sobre assistência aos pacientes com dengue, nas
formas grave e hemorrágica;
Divulgação
da situação da epidemia, para profissionais da saúde e para
a sociedade em geral, por meio de informes técnicos e da
internet no portal da saúde;
Ampliação do
quadro de agentes de saúde e treinamento de dengue para os
mesmos;
Remoção ou
inviabilização de criadouros em áreas com suspeita ou
confirmação de casos e também em áreas com alta infestação
pelo mosquito;
Arrastões
para remoção de criadouros com a participação do Exército,
da Associação das Empresas Locadoras de Caçambas e dos
calouros da Unicamp;
Bloqueio químico
em áreas de transmissão, em conjunto com a Sucen;
Intensificação
do controle de pontos de risco (borracharias, ferros- velhos,
recicladores de resíduos, imóveis abandonados, etc.), com
inviabilização de criadouros através de manejo integrado
(mecânico, químico e biológico), e aplicação de
penalidades administrativas quando necessário;
Notificação
das imobiliárias para manterem os imóveis desocupados sob
sua responsabilidade, livres de criadouros
Substituição
dos reservatórios inadequados de água na região do Campo
Belo, por caixas d’água, em parceria com a Sanasa. Colocação
de telas nos reservatórios de água que não podem ser
substituídos ou nas caixas d’água com algum vazamento ou
sem tampa;
Limpeza dos córregos,
de áreas públicas e de áreas prioritárias para o controle
de vetores, com contratação de equipes, caminhões e
equipamentos;
Maior
agilidade nas notificações, através alocação de
digitadores nas equipes de vigilância dos distritos de saúde;
Alerta aos
viajantes no período do Carnaval, especialmente para o Rio de
Janeiro, com distribuição de folhetos na rodoviária e no
aeroporto;
Produção de
folhetos educativos e gibis em parceria com a Tetra Pak, Fundação
DPaschoal e Sindicato dos Lojistas e produção de vídeo
educativo em parceria com Anglo Campinas;
Orientações
educativas para a comunidade com carro-som dos sindicatos:
Desencadeado
processo de ampliação da equipe do CCZ para desinsetização,
com contratação de pessoal e aquisição de equipamentos;
Ações
educativas e culturais com a população
Ações para o
período inter epidêmico: Busca ativa de casos nos locais
silenciosos – onde não temos notificação – e nos locais
onde a transmissão foi interrompida e monitorização da
infestação do vetor;
Constituição
da Comissão Municipal de Combate à Dengue, com a participação
de várias secretarias da Prefeitura e de outras instituições;
Em 27 de junho,
Campinas realiza evento para abrir debate sobre o trabalho
desenvolvido pelo município no controle da dengue. O evento terá
participação de outros municípios, da Secretaria de Estado da
Saúde e da Sucen, além de outras pessoas de fora da Secretaria
Municipal de Saúde que têm experiências no trabalho de
controle da dengue.
Em 27 de
agosto, a Secretaria de Saúde realizará o Arrastão da Prevenção.
O evento tem como objetivo motivar e incentivar atividades
educativas relacionadas à dengue, bem como a prevenção dessa
doença com todos os escolares do município.
Números de
dengue em 2002 em Campinas:
Total de casos:
1325
Importados: 170
Autóctones: 1.126
Em investigação: 29
Número de suspeitos já investigados: 8.100
Coeficiente de incidência: 112,83 por grupo de 100 mil
habitantes (autóctones)
Número de
casos por Região:
Norte: 168 – 116 aut.; 47 importados e 5 em investigação
Sul: 757 – 717 aut.; 17 importados e 23 em investigação
Leste: 113 – 60 aut.; 52 importados e 1 em investigação
Sudoeste: 138 – 109 aut.; 29 importados e 138 em investigação
Noroeste: 149 – 124 aut.; 25 importados e 149 em investigação
Número de casos da região do Campo Belo: 566
Número de
casos confirmados de dengue hemorrágica: 3
Número de
casos de dengue hemorrágica em investigação: mais de 100
Também foram
feitos isolamento de vírus que apontaram:
Vírus tipo 1:
10 casos
Vírus tipo 3: 3 casos