Campinas investiga primeira morte por dengue em 2002

11/06/2002

A Secretaria de Saúde de Campinas e a Secretaria de Estado da Saúde investigam um óbito suspeito de dengue hemorrágica em Campinas. Trata-se de um homem de 23 anos, morador do Jardim Campo Belo II, na região Sul da cidade, que morreu em 28 de maio, no Hospital Municipal Mário Gatti.

A principal suspeita é dengue. No entanto, estão sendo feitos exames para diagnóstico diferencial de febre maculosa e leptospirose e outros exames de dengue – isolamento de vírus e PCR.

O paciente trabalhava como coletor de lixo para a Prefeitura e não tinha histórico de dengue anterior. Porém, morava na área de maior transmissão de dengue no município, na região de abrangência do Centro de Saúde São Domingos, onde já foram confirmados 566 casos autóctones da doença.

Do ponto de vista da saúde pública, o óbito está sendo considerado também para indicar as ações de controle adicionais no combate à dengue, que inclui reforçar ainda mais a orientação aos profissionais de saúde do município e do local de moradia do paciente quanto à assistência aos doentes.

Portanto, a Secretaria Municipal reforça as orientações que já vinham sendo dadas sobre a possibilidade da ocorrência de casos graves e da forma hemorrágica da dengue: Todos os serviços de saúde da rede pública e privada devem estar atentos para fazer diagnóstico precoce da doença e, assim, proporcionar assistência adequada aos doentes. Além disso, a evolução clínica de cada paciente deve ser acompanhada. Somente desta maneira é possível detectar rapidamente formas mais graves e intervir no tratamento. Todos os casos devem ser notificados e, as formas graves, imediatamente informadas.

Na região do Jardim Campo Belo foi confirmada a circulação dos vírus da dengue tipos 1 e 3. Também já foram investigados naquela região mais de 100 casos de dengue com algum sinal hemorrágico ou com algum sinal de gravidade. Todos foram tratados e evoluíram para cura.

Campinas tem confirmados, desde janeiro, 1.325 casos de dengue, sendo 1.126 autóctones, 170 importados e 29 que ainda estão em investigação. O coeficiente de incidência é de 136,93 casos por grupo de 100 mil habitantes (levando em conta o total de casos). Se levarmos em consideração somente casos autóctones, o coeficiente é de 112,83 por 100 mil habitantes. No total, a Secretaria investigou este ano 8.100 casos suspeitos de dengue.

Em 2001, Campinas registrou 514 casos autóctones de dengue e 92 importados. Em 2000, foram 38 casos autóctones, 23 importados e 1 óbito, e em 1999, 51 autóctones e 10 importados. A maior epidemia – exceto a deste ano - ocorreu em 98, quando o município teve 1.126 casos autóctones e 170 importados.

 

Qual é a diferença entre a dengue comum e a dengue hemorrágica?

Ambas são causadas pelo mesmo vírus, transmitido pela picada do Aedes aegypti. A chamada dengue clássica, na maioria das vezes, tem uma evolução benigna. A dengue hemorrágica pode levar à morte. Na maioria das vezes, ela só ocorre nos casos reincidentes da doença.

No caso da dengue do sorotipo III, no entanto, o paciente pode desenvolver um quadro de dengue com características mais graves, independente de infecções anteriores por outros sorotipos. Aliado a isso, as pessoas acometidas por outros sorotipos, se infectadas pelo sorotipo III, também podem desenvolver a dengue hemorrágica.

 

E com relação às medidas de controle da doença, o que muda com o caso?

Com relação às medidas ambientais e sanitárias, a Secretaria informa que as ações necessárias para conter o avanço da doença já vinham e continuarão sendo implementadas. E reforça a necessidade de notificação imediata para medidas rápidas de controle e a necessidade da participação de todos os seguimentos da sociedade. O controle da doença e a expansão da epidemia estão diretamente relacionados com as ações de controle, principalmente as de eliminação de criadouros.

 

Ações desenvolvidas por Campinas para o combate à dengue:

     

  • Busca ativa em todos os casos suspeitos de dengue, para identificação de possíveis novos casos;
  • Atualização para médicos, em parceria com a Sociedade de Medicina e Cirurgia, sobre assistência aos pacientes com dengue, nas formas grave e hemorrágica;
  • Divulgação da situação da epidemia, para profissionais da saúde e para a sociedade em geral, por meio de informes técnicos e da internet no portal da saúde;
  • Ampliação do quadro de agentes de saúde e treinamento de dengue para os mesmos;
  • Remoção ou inviabilização de criadouros em áreas com suspeita ou confirmação de casos e também em áreas com alta infestação pelo mosquito;
  • Arrastões para remoção de criadouros com a participação do Exército, da Associação das Empresas Locadoras de Caçambas e dos calouros da Unicamp;
  • Bloqueio químico em áreas de transmissão, em conjunto com a Sucen;
  • Intensificação do controle de pontos de risco (borracharias, ferros- velhos, recicladores de resíduos, imóveis abandonados, etc.), com inviabilização de criadouros através de manejo integrado (mecânico, químico e biológico), e aplicação de penalidades administrativas quando necessário;
  • Notificação das imobiliárias para manterem os imóveis desocupados sob sua responsabilidade, livres de criadouros
  • Substituição dos reservatórios inadequados de água na região do Campo Belo, por caixas d’água, em parceria com a Sanasa. Colocação de telas nos reservatórios de água que não podem ser substituídos ou nas caixas d’água com algum vazamento ou sem tampa;
  • Limpeza dos córregos, de áreas públicas e de áreas prioritárias para o controle de vetores, com contratação de equipes, caminhões e equipamentos;
  • Maior agilidade nas notificações, através alocação de digitadores nas equipes de vigilância dos distritos de saúde;
  • Alerta aos viajantes no período do Carnaval, especialmente para o Rio de Janeiro, com distribuição de folhetos na rodoviária e no aeroporto;
  • Produção de folhetos educativos e gibis em parceria com a Tetra Pak, Fundação DPaschoal e Sindicato dos Lojistas e produção de vídeo educativo em parceria com Anglo Campinas;
  • Orientações educativas para a comunidade com carro-som dos sindicatos:
  • Desencadeado processo de ampliação da equipe do CCZ para desinsetização, com contratação de pessoal e aquisição de equipamentos;
  • Ações educativas e culturais com a população
  • Ações para o período inter epidêmico: Busca ativa de casos nos locais silenciosos – onde não temos notificação – e nos locais onde a transmissão foi interrompida e monitorização da infestação do vetor;

Constituição da Comissão Municipal de Combate à Dengue, com a participação de várias secretarias da Prefeitura e de outras instituições;

Em 27 de junho, Campinas realiza evento para abrir debate sobre o trabalho desenvolvido pelo município no controle da dengue. O evento terá participação de outros municípios, da Secretaria de Estado da Saúde e da Sucen, além de outras pessoas de fora da Secretaria Municipal de Saúde que têm experiências no trabalho de controle da dengue.

Em 27 de agosto, a Secretaria de Saúde realizará o Arrastão da Prevenção. O evento tem como objetivo motivar e incentivar atividades educativas relacionadas à dengue, bem como a prevenção dessa doença com todos os escolares do município.

 

Números de dengue em 2002 em Campinas:

Total de casos: 1325
Importados: 170
Autóctones: 1.126
Em investigação: 29
Número de suspeitos já investigados: 8.100
Coeficiente de incidência: 112,83 por grupo de 100 mil habitantes (autóctones)

Número de casos por Região:
Norte: 168 – 116 aut.; 47 importados e 5 em investigação
Sul: 757 – 717 aut.; 17 importados e 23 em investigação
Leste: 113 – 60 aut.; 52 importados e 1 em investigação
Sudoeste: 138 – 109 aut.; 29 importados e 138 em investigação
Noroeste: 149 – 124 aut.; 25 importados e 149 em investigação
Número de casos da região do Campo Belo: 566

Número de casos confirmados de dengue hemorrágica: 3

Número de casos de dengue hemorrágica em investigação: mais de 100

Também foram feitos isolamento de vírus que apontaram:

Vírus tipo 1: 10 casos
Vírus tipo 3: 3 casos

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