Informe Dengue 08/2002

14/06/2002

ALERTA AOS CASOS GRAVES DE DENGUE

 Novas abordagens de dengue apóiam as evidências que devemos encarar a doença como uma entidade única que vai desde um quadro inespecífico a um síndrome do choque do dengue que pode ser fatal se a intervenção não ocorrer no tempo certo. A classificação de dengue clássica e dengue hemorrágica(FHD) ou a concepção de que a maioria dos casos é benigna pode nos levar a enganos terapêuticos ou a uma falta de atenção merecida por parte da população e de todos os profissionais envolvidos.

Está em investigação um óbito provavelmente por dengue hemorrágica/síndrome do choque do dengue(SCD) cuja sorologia específica resultou positiva. O paciente V.P.S., 23 anos, masc.,morador do J Campo Belo II, da área de cobertura do CS São Domingos. O paciente não referia dengue anterior e trabalhava como coletor de lixo da Prefeitura. Morava na área de maior transmissão da cidade com circulação simultânea de 2 sorotipos.

Estamos aguardando o PCR e o isolamento de vírus para dengue e investigando também os diagnósticos diferenciais . O resultado inicial para leptospirose resultou não reagente (SAT) e está em andamento, a sorologia para febre maculosa. 

Não devemos esperar também que o paciente apresente sinais visíveis de hemorragia que não é o quadro mais comum da dengue hemorrágica e a FHD pode ou não se associar a SCD. Segundo a nova abordagem do Lambertucci, chamam a atenção, alguns preditores do Síndrome do Choque do Dengue, a dor abdominal contínua, vômitos persistentes , hepatomegalia dolorosa além de toda a alteração hemodinâmica. Os quadros de hipotensão postural podem levar rapidamente ao choque do dengue irreversível a qualquer outro tratamento se prescrito tardiamente.

Atenção aos exames de urgência que devem ser realmente de urgência. Os hemogramas de urgência devem ser avaliados o mais precocemente possível, no mesmo dia ou até 12 horas tanto no primeiro atendimento, como no atendimento de retorno. Avaliar principalmente, hematócrito (aumento ou diferencial maior de 20%) e plaquetopenia (menor de 100.000). Orientar o doente e de preferência também os familiares para a avaliação dos sinais de alerta. Não esperar a instalação do quadro de maior gravidade, pois o choque do dengue evolui muito rapidamente.

Outra idéia que devemos combater é a de que nesta época não há mais dengue porque passou a época das chuvas, ou seja, o período sazonal para dengue, onde são observados os maiores picos. Apesar da seca, temos um inverno atípico com temperaturas elevadas e há sempre a possibilidade de qualquer reservatório  ou objeto de contenção de água por exemplo, caixas d’água mal vedadas se transformarem em criadouros permanentes do mosquito. Nesta época, os criadouros disponíveis mantém níveis baixos de infestação do mosquito e por conseqüência,  podem acarretar em níveis baixos de circulação do vírus.

No ano de 2001, não tivemos interrupção da transmissão ocorrendo casos em todos os meses do ano inclusive no inverno com baixa transmissão.  Esta epidemia que mantém um patamar e declina lentamente leva a um padrão  prolongado  e persistente  trazendo  preocupações de todas as ordens principalmente no que se refere ao seu controle. 

Neste momento da epidemia, é necessário redobrar a atenção pois, a falta de detecção dos casos nesta fase faz com que a epidemia se mantenha  em níveis baixos e imperceptíveis com tendência a explosão maior de casos, no próximo verão.

  TAB 1 – Dengue em Campinas por Distritos e Coeficientes de Incidência por 100.000 habs – 2002 (Atualizada em 05/06/2002)

Distrito Res. Autóctones Coef. Inc. Importado Em invest. Total Coef; Inc.
Norte 116 68,27 47 5 168 99,39
Sul 717 311,91 17 23 757 330,46
Leste 60 26,65 52 1 113 50,43
Sudoeste 109 48,96 29 0 138 64,75
Noroeste 124 79,40 25 0 149 98,25
Campinas 1126 112,83 170 29 1325 136,93

Fonte: SinanW/CoViSA 

 

Fonte: SinanW/CoViSA

Bip vigilância 24 horas central 0800-55.42.42 código 11.30.01

CoViSA, 14 de junho de 2002

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