Defesa
Civil coloca a cidade em estado de alerta devido à baixa umidade
relativa do ar; condição é agravada pela fumaça dos incêndios
Pesquisa da
Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) aponta
que Campinas é uma das regiões mais afetadas pelas queimadas
urbanas. Somente nas ruas e terrenos no município e região, o
órgão identifica de cinqüenta a cem focos todos os dias nos
meses de junho e julho. A ocorrência é maior nas regiões
periféricas, onde localizam-se as favelas. Mas os bairros
nobres também contribuem para o aumento das queimadas.
De acordo com o
médico sanitarista Carlos Eduardo Cantúsio Abrahão, da
Coordenadoria de Vigilância e Saúde Ambiental de Campinas, a
queima de resíduos é crime ambiental e é proibida por leis
municipal e federal.
Abrahão diz
que, embora pareça ser uma prática inofensiva, queimar lixo e
folhas nas ruas e em terrenos dentro das cidades piora a
qualidade do ar. Ele informa que a situação se agrava
justamente nesta época do ano (inverno/estiagem), quando as
condições climáticas já estão comprometidas pela baixa
umidade relativa do ar (falta de chuva) e pela inversão térmica
– quando os poluentes ficam concentrados na baixa atmosfera.
"Ao
queimar os resíduos, as pessoas pensam que estão resolvendo um
problema, mas a fumaça piora ainda mais a qualidade do ar e
agrava os problemas respiratórios da população, com prejuízos
principalmente para crianças, idosos e pessoas que já têm
alguma fragilidade respiratória", diz o médico.
Custos para a
saúde pública
A situação
constatada pela Embrapa (Campinas/campeã de queimadas) tem
reflexo imediato nos Centros de Saúde (CS) e Prontos-Socorros
(PS) de Campinas.
O PS infantil
do Hospital Municipal Mário Gatti, neste mês de junho, tem
atendido uma média de 340 crianças por dia, sendo que metade
delas sofre com problemas respiratórios.
O arquiteto Flávio
Gordon, técnico da Vigilância Ambiental de Campinas, explica
que a queima de folhas e do lixo em terrenos dentro das cidades
emite poluentes tóxicos na fumaça. E, segundo ele, nesta época
do ano, a estiagem e a falta de ventos dificulta a dispersão
destes poluentes.
Orientação
Por isso, a
Secretaria de Saúde de Campinas orienta a população para que
disponha corretamente os resíduos, sem queimá-los. "É
necessário que a população e os agricultores se conscientizem
e não coloquem fogo para transformar o resíduo em cinza,
porque a fumaça compromete gravemente as condições ambientais
e a saúde das pessoas", diz Flávio.
Ele diz ainda
que, em casos de focos de incêndio, as pessoas podem informar a
Vigilância Ambiental de Campinas ou o Departamento de Meio
Ambiente pelo telefone 156. A Defesa Civil também deve ser
acionada e, se necessário, o Corpo de Bombeiros.
Estado de
alerta
O problema das
queimadas, agravado pela baixa umidade do ar, também está
sendo tratado com atenção redobrada pela Defesa Civil. A
entidade acaba de encaminhar ao Gabinete da prefeita Izalene
Tiene um documento que recomenda estado de atenção para
Campinas devido à baixa umidade.
Essa iniciativa
coloca em alerta entidades como as secretarias de Serviço Público,
Meio Ambiente, Saúde e a própria Defesa Civil, que ficam
preparadas para eventuais ocorrências.
Álvaro Sílvio
Feijó de Souza, diretor da Defesa Civil de Campinas, explica
que o órgão vem trabalhando em conjunto com o Centro de
Climatologia de Unicamp (Cepagri) e com o Instituto Agronômico
de Campinas (IAC).
Essa parceria
propicia o envio e dados referentes à umidade relativa do ar às
secretarias de Educação e Saúde. "Essas informações são
imprescindíveis para evitar agravos de saúde em hospitais,
centros de saúde e escolas", ressalta o diretor.
Desde abril a
Defesa Civil de Campinas tem intensificado os trabalhos de
prevenção e conscientização acerca do perigo das queimadas.
Folhetos estão
sendo distribuídos nas sociedades amigos de bairro, encontros
do Orçamento Participativo e Administrações Regionais (AR).
Também estão sendo encaminhados ofícios a todas as
secretarias para que, dentro de suas áreas, possam desencadear
ações para minimizar o problema.
Informações
sobre todas as ocorrências relativas a queimadas são
repassadas para a Secretaria de Meio Ambiente e para a
Coordenadoria de Fiscalização de Terrenos (Cofit).