O número de
casos de dengue confirmados pela Secretaria de Saúde de
Campinas de janeiro a 24 de junho deste ano é 69% menor que o
montante registrado no mesmo período de 2002. O total de casos
confirmados caiu de 1.417 para 438. A queda, de acordo com a
Coordenadoria de Vigilância e Saúde Ambiental da Prefeitura,
é resultado das ações desenvolvidas pelo município nos últimos
dois anos.
Desde janeiro
de 2001, agentes comunitários e outros profissionais da
Secretaria de Saúde estão diariamente nas ruas eliminando
criadouros do mosquito Aedes aegypti, orientando a população,
verificando se há pessoas com sintomas da dengue e
desenvolvendo outras ações específicas de combate à doença.
Ajudantes de
controle ambiental foram contratados. A Prefeitura vem
desenvolvendo campanhas educativas direcionadas à população,
em parceria com representantes da sociedade, Universidades, ONGs,
escolas entre outros. Também são desenvolvidos trabalhos em
conjunto com a Sucen (Superintendência do Controle de Endemias)
e com o Ministério da Saúde.
Nesta terça-feira,
24 de junho, Campinas iniciou uma operação conjunta com Sumaré
e Hortolândia, para combater e prevenir a dengue na área que
faz limite entre as três cidades. A Sucen é parceira na operação.
Além disso, de segunda a sexta-feira desta semana (de 23 a 27
de junho), ações para retirada de criadouros e de conscientização
da população estão sendo desenvolvidas em bairros das cinco
regiões campineiras.
"As
atividades são permanentes e diárias para que possamos
estabelecer um controle definitivo sobre a doença", diz a
psicóloga Fernanda Borges, supervisora das ações de combate
à dengue na Prefeitura.
No entanto,
Fernanda alerta que só com a participação da sociedade será
possível manter a doença sob controle. Levantamento recente da
Secretaria de Saúde mostra que o mosquito da dengue muitas
vezes se desenvolve no próprio quintal das pessoas, nas
vasilhas com água parada.
A pesquisa
mostra ainda que mais de 80% dos criadouros disponíveis para o
mosquito estão nas casas e quintais. São lotes sem capinar,
cheios de sucatas, pratos de vasas de planta, latas, garrafas,
potes, pneus e reservatórios de água entre outros.
De acordo com
Ovando Provati, biólogo da Secretaria de Saúde, no verão, na
água, em uma semana, a larva se transforma em um mosquito Aedes
aegypti. "E basta um mosquito infectado para iniciar a
transmissão num raio de 100 a 300 metros", diz. É por
isso, segundo Ovando, que não basta cada família cuidar do seu
quintal. "As comunidades precisam se unir contra a
dengue", completa.
Além de
reduzir o número de casos da doença, Campinas é um dos municípios
citados pelo Ministério da Saúde como exemplo de localidade
que conseguiu controlar e evitar mortes por dengue. Somente em
2002, foram notificados e tratados com sucesso 9 casos de dengue
hemorrágica na cidade.
Os sintomas da
dengue são febre, dor de cabeça e no corpo e fraqueza. Também
podem surgir manchas pelo corpo. Ao apresentar algum destes
sinais, a pessoa deve procurar o Centro de Saúde.
Ações
que vêm sendo desenvolvidas para
o combate à dengue em Campinas:
Busca ativa em
todos os casos suspeitos de dengue, para identificação de
possíveis novos casos;
Atualização
para médicos, em parceria com a Sociedade de Medicina e
Cirurgia e com a Unimed, sobre assistência aos pacientes com
dengue, com ênfase para as formas grave e hemorrágica;
Divulgação
da situação da epidemia, para profissionais da saúde e para
a sociedade em geral, através de informes técnicos e por
meio da internet no portal da saúde (campinas.sp.gov.br/saude)
e da Prefeitura (campinas.sp.gov.br);
Ampliação do
quadro de agentes de saúde e de auxiliares de controle
ambiental e treinamento de dengue para os mesmos;
Remoção ou
inviabilização de criadouros em áreas com suspeita ou
confirmação de casos e também em áreas com alta infestação
pelo mosquito;
Arrastões
para remoção de criadouros com a participação da
comunidade e com a parceria das diversas secretarias e
autarquias municipais;
Bloqueio químico
em áreas de transmissão, em conjunto com a Sucen;
Intensificação
do controle de pontos de risco (borracharias, ferros- velhos,
recicladores de resíduos, imóveis abandonados, etc.), com
inviabilização de criadouros por meio de manejo integrado
(mecânico, químico e biológico) e aplicação de
penalidades administrativas quando necessário;
Notificação
das imobiliárias para manterem os imóveis desocupados sob
sua responsabilidade livres de criadouros;
Substituição
dos reservatórios inadequados de água na região do Campo
Belo e da Gleba B por caixas d’água. A ação está sendo
feita em parceria com a Sanasa. Colocação de telas nas
caixas d’água com frestas ou trincas. O objetivo é impedir
o acesso do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti;
Limpeza dos córregos,
de áreas públicas e de áreas prioritárias para o controle
de vetores, com contratação de equipes, caminhões e
equipamentos;
Maior
agilidade nas notificações dos suspeitos por meio de alocação
de digitadores nas equipes de vigilância dos distritos de saúde;
Alerta aos
viajantes no período de férias, especialmente para as regiões
onde está havendo epidemia como Rio de Janeiro e Bahia, com
distribuição de folhetos na rodoviária e no aeroporto e nos
terminais de ônibus;
Produção de
materiais educativos em parceria com a Tetra Pak, Acic
(Associação Comercial e Industrial de Campinas), DPaschoal e
Sindicato dos Lojistas;
Orientações
educativas para a comunidade com carro-som dos sindicatos;
Ampliação da
equipe do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) para
desinsetização, com contratação de pessoal e aquisição
de equipamentos;
Ações
educativas e culturais com a população;
Constituição
da Comissão Municipal de Combate à Dengue, com a participação
de várias secretarias da Prefeitura e de outras instituições;
Distribuição
de tampas e capas para caixas d’água em regiões mapeadas
como prioritárias;
Lançamento do
arrastão da prevenção. O evento é promovido em parceria
com as Secretarias de Educação e de Cultura, com apoio de
universidades e da iniciativa privada. Tem como objetivo
envolver estudantes de Campinas na luta contra a dengue;
Lançamento do
Criadouro Zero, projeto que visa eliminar criadouros das
dependências das empresas. Está sendo viabilizado por meio
da parceria com Cipas, Cesmts e profissionais dos ambulatórios
das empresas;
Arrastões diários
na cidade, em áreas apontadas como prioritárias para
limpeza. As ações são realizadas pelos agentes de saúde,
em conjunto com os profissionais dos Centros de Saúde e dos
Distritos de Saúde. Também há colaboração da Secretaria
de Serviços Públicos;
A Secretaria
de Saúde também desenvolve ações educativas, nas escolas e
junto com população. Ainda foram estabelecidas parcerias com
vários seguimentos da sociedade, incluindo ONGs,
Universidades, Associações e Sindicatos para enfrentar a
doença na cidade;
Parceria com a
Cooperativa Veiling, que reúne produtores de plantas de
Holambra. O trabalho dá o pontapé inicial para diversas ações
relacionadas à maneira correta de cultivar flores para que
eles não se tornem criadouros. Uma das propostas é a confecção
de "bulas" que serão fixadas em cada vaso de flor.
A "bula" vai conter informações sobre cuidados
necessários com a planta e cuidados necessários para evitar
que o vaso se torne criadouro. Outra proposta é a intermediação
com os produtores de plantas. Eles receberão informações
sobre a doença e cuidados para evitá-la. As informações
serão repassadas para floristas, que se transformarão em
multiplicadores de conhecimentos sobre a dengue. A parceria
também prevê confecção de material educativo, como folders
e cartazes e um selo que será fixado nos pratos de vasos de
plantas;
A Secretaria
ainda está fixando faixas com mensagens educativas e de
incentivo a combate à dengue em vários pontos de cidade;
Para orientar
as crianças sobre como combater a dengue, a Prefeitura de
Campinas distribuiu o Jogo do Saber: Dengue para
escolas da cidade. A brincadeira foi desenvolvida pelo
Distrito de Saúde Norte em parceria com a Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas) e com o apoio da
iniciativa privada. O jogo funciona na mesma lógica do bingo
e tem 75 conceitos sobre a dengue, o mosquito transmissor e as
formas de evitar a doença. O material foi desenvolvido com
base em informações que a população gostaria que fosse
passada porta a porta ou de escola em escola;
Projeto Cemitério
sem mosquito, que consiste em manter os cemitérios livres de
criadouros. Para isso, a Secretaria perfurou vasos de plantas
e orienta a população em épocas de maior visitação como
Dia de Finados e Dia das Mães. Após estas datas, são feitas
vistorias nos locais para eliminação dos criadouros;
Implantação,
na área dos parques Shalon 1, Shalon 2 e Shalon 3, na região
Norte, dos agentes-mirins da dengue. Estes são crianças da
própria comunidade. Elas atuam na prevenção da doença e
orientam as famílias sobre a gravidade da doença e a
necessidade de combater o mosquito. Também fiscalizam se as
famílias estão eliminando recipientes que acumulam água;
Ação para
eliminação dos riscos para a dengue nos prédios abandonados
inacabados na cidade. A maioria é da falida construtora Encol;
Carreata pelas
ruas centrais da cidade no Dia D Nacional de Combate à Dengue.