Vigilância Sanitária de Campinas apreende gel e outros produtos oftalmológicos sem registro

27/06/2003

Ação ocorreu em conjunto com Ministério Público Federal e Polícia Federal. Prática é crime

A Secretaria de Saúde de Campinas, em conjunto com o Ministério Público Federal e com a Polícia Federal, apreendeu nesta sexta-feira, 27 de junho, lotes de Methylcelulose 2% produzidos por empresas e fabricantes sem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O produto é um gel oftalmológico com o mesmo princípio ativo do Methyl Lens 2%, produzido pelo laboratório farmacêutico clandestino Lens Surgical e suspeito de causar cegueira em pessoas no Rio de Janeiro.

Além do gel oftalmológico, também foram apreendidos outros 15 tipos de medicamentos usados na área de oftalmologia. Todos na mesma condição - produzidos por empresas e fabricantes sem registro na Anvisa. De acordo com o Ministério Público, a comercialização de medicamentos sem registro no Ministério da Saúde e a falta de licença para o fabricante constituem crime.

A busca pelos medicamentos foi efetuada em 20 endereços de empresas e residências. Porém, não foram encontrados produtos em todos os locais. O Ministério Público e a Vigilância Sanitária de Campinas não divulgaram em quantos deles havia produtos irregulares.

Ainda foram apreendidas embalagens, materiais e documentos que indicam possíveis compradores e a distribuição dos produtos para muitos Estados, incluindo Minas Gerais, Pará e Santa Catarina.

Em alguns locais onde foram efetuadas as buscas foram encontrados cidadãos que agora serão investigados para apuração das responsabilidades. Foi aberto inquérito policial e já havia sido instaurado inquérito civil público. Os produtos apreendidos estão em poder da Polícia Federal e serão enviados para a Anvisa.

A enfermeira sanitarista Salma Balista, coordenadora da Covisa (Coordenadoria de Vigilância e Saúde Ambiental de Campinas), explicou que o gel oftalmológico encontrado e apreendido nas buscas tem o mesmo princípio ativo do Methyl Lens 2%. Porém, ressaltou que, por enquanto, não há ocorrência registrada na Vigilância Sanitária de Campinas que indique problemas com o produto. "Estamos checando estas informações", disse.

A enfermeira informou ainda que não há, entre os produtos apreendidos, medicamentos fabricados pelo Lens Surgical, laboratório que produziu o Methyl Lens 2%.

Salma explica que, como próximas providências, a Secretaria de Saúde de Campinas estará publicando no Diário Oficial de Campinas a listagem dos produtos encontrados e informando o ocorrido. A Anvisa já foi informada e vai publicar também no Diário Oficial da União. A Secretaria de Saúde ainda vai tomar, na área de sua competência e também em conjunto com a Anvisa, as medidas jurídicas cabíveis para o caso.

Salma informa que será feito um trabalho com as clínicas e hospitais que realizam cirurgias oftalmológicas e outros procedimentos para saber se algum dos locais adquiriu os produtos e para informá-los para que adotem medidas de segurança. A enfermeira diz que quem compra o medicamento precisa checar a procedência no Ministério da Saúde.

"É necessário verificar o registro do produto na Anvisa, se há autorização para a empresa funcionar e se existe farmacêutico responsável com endereço", afirma. Salma orienta que as pessoas que passaram ou vão passar por cirurgias oftalmológicas e estão em dúvida procurem a clínica ou o hospital para esclarecimentos.

Methyl Lens 2% - Utilizado como auxiliar em cirurgias de catarata, o Methyl Lens 2% é suspeito de causar cegueira em 12 pessoas no Rio de Janeiro. O gel era produzido pelo laboratório clandestino Lens Surgical. A empresa não possui alvará na Prefeitura de Campinas, nem licença na Vigilância Sanitária Municipal.

A Secretaria de Saúde de Campinas está desenvolvendo uma ação complementar à ação da Anvisa e do CVS (Centro de Vigilância Sanitária Estadual) para investigar o caso, já que o laboratório tinha sede em Campinas. O Ministério Público e a Polícia Federal também investigam o caso e, ao juntarem as informações, chegaram aos endereços onde foram apreendidos os 16 medicamentos irregulares.

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