Campinas prevê vacinar 71 mil crianças na primeira etapa contra a poliomielite

01/06/2004

Campanha de 2004 é a maior já promovida na cidade para vacinação em massa 

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas pretende vacinar pelo menos 95% da população com até 5 anos, cerca de 71,3 mil crianças, no próximo sábado, dia 5 de junho, na primeira etapa da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, ou Paralisia Infantil, que tem o slogan "A gotinha que vale ouro". Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população da cidade na faixa etária de 0 a 5 anos (4 anos, 11 meses e 29 dias) é de 75,05 mil. A meta do Ministério da Saúde é vacinar, em parceria com as secretarias municipais e estaduais de Saúde, mais de 17 milhões em todo País.

Todos os menores de cinco anos devem ser vacinados, mesmo os que estiverem com tosse, gripe, rinite ou diarréia, e mesmo os que tiverem tomado a dose em várias campanhas anteriores. "A vacinação universal - indiscriminada e em todas as localidades - de todos os menores de cinco anos de idade é fundamental para preservar a erradicação da paralisia infantil no país. Por isso, é preciso mobilizar a comunidade e todos os profissionais de saúde para que possamos atingir a meta", afirma a enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, da Vigilância em Saúde de Campinas.

A vacinação vai das 8h da manhã às 5h da tarde. As doses são gratuitas e as crianças também poderão atualizar o cartão de vacinas. Serão oferecidas, por exemplo, as vacinas tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), tetravalente (difteria, tétano, coqueluche e Haemophilus influenzae b) e hepatite B

Em Campinas, cerca de 1,3 mil servidores da saúde serão mobilizados em 298 postos de vacinação, sendo 131 volantes. Para o transporte das equipes, estarão disponíveis 116 automóveis. Tais números fazem desta campanha a maior mobilização já promovida na cidade para vacinação em massa de crianças.

Para a primeira etapa da campanha, o Ministério da Saúde investiu R$ 23,1 milhões. Desse montante, R$ 10,9 milhões foram aplicados na compra de 26,6 milhões de doses da vacina. Campinas recebeu 108 mil doses.

Outros 6,2 milhões foram destinados ao repasse, fundo a fundo, para estados e municípios se prepararem para a mobilização. Para a campanha de publicidade, foram alocados R$ 6 milhões para a produção de cartazes, folderes, outdoors, busdoors, além da mídia de rádio e televisão.

Cobertura. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cobertura vacinal contra pólio deve abranger 95% das crianças menores de cinco anos. Já o Programa Nacional de Imunizações (PNI) recomenda aos estados que atinjam a cobertura mínima de 95% em pelo menos 80% dos municípios. Isso garantirá a homogeneidade da vacinação e evitará o reaparecimento da doença.

Em 2004, a estratégia contra a poliomielite no Brasil completa 24 anos de existência. O último caso da doença verificado no país foi em 1989. No estado de São Paulo, o último caso foi registrado em 1988, no município de Teodoro Sampaio. Em Campinas, a última ocorrência é de 1980.

Em 1994, o Continente Americano recebeu da OMS o reconhecimento pela erradicação da transmissão autóctone – quando ocorre no território em que a pessoa mora - da doença. Os países do Pacífico Ocidental receberam o reconhecimento em 2000 e a Europa, em 2002.

Restam no mundo três regiões que ainda não receberam a certificação de erradicação da pólio: África, Sudeste da Ásia e Mediterrâneo. Nos últimos três anos, 12 países dessas regiões registraram casos da doença: Angola, Etiópia, Madagascar, Mauritânia, Niger, Nigéria, Índia, Afeganistão, Egito, Paquistão, Somália e Sudão.

"A persistência dessa doença no mundo, apesar da redução em sua incidência, mantém elevado o risco de reintrodução do vírus selvagem em países que já erradicaram a pólio. A estratégia brasileira, que inclui fortalecer a vigilância epidemiológica e assegurar a vacinação, não só mantém o país livre da poliomielite, como também integra uma rede mundial para a manutenção da erradicação desta doença", diz a sanitarista Carmo Ferreira.

A segunda etapa da campanha contra a paralisia infantil ocorre em 21 de agosto, quando também será realizada a campanha de seguimento contra o sarampo.

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