Uma equipe
do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de
Campinas participa até esta quarta-feira, 16 de junho, em
Aracaju, da I Oficina Nacional de Atenção às Urgências
e Saúde Mental – Diálogos sobre Política Nacional de
Atenção às Urgências e a Reforma Psiquiátrica. No
encontro, o Ministério da Saúde pretende discutir e
definir, pela primeira vez no Brasil, o atendimento psiquiátrico
de urgência.
O Governo
Federal vai usar como referência, nas discussões, o
trabalho desenvolvido por Campinas, há um ano, que
incluiu profissionais da saúde mental nas equipes do
Serviço de Atendimento de Móvel de Urgência (Samu) para
atendimento de pacientes em crise psiquiátrica –
tentativa de suicídio, alucinações, delírios, depressões
e outros quadros. As equipes do Samu passaram, desde então,
a atuar integradas aos Centros de Atenção Psicossocial
(Caps) do município.
Inicialmente,
o Samu/Campinas integrou psiquiatras às suas equipes
durante a noite e nos finais de semana. Há dois meses e
meio, estes profissionais passaram a atuar também com as
equipes que atendem durante o dia. Segundo dados da
Secretaria de Saúde, em março, o Samu atendeu 182
pacientes psiquiátricos em crise. Em abril, foram 215.
Estes números representam aproximadamente 10% dos
atendimentos mensais prestados pelo serviço.
De acordo
com o Ministério da Saúde, a oficina de Aracaju será um
instrumento para definir os protocolos, cuidados éticos,
relações intersetoriais e limites no atendimento dos
pacientes psiquiátricos. Com essa iniciativa, o governo
estabelece o atendimento a uma crise de saúde mental como
função de saúde pública, e não como caso de polícia.
"Antes
da inclusão do psiquiatra na equipe do Samu, o
atendimento de crises psiquiátricas, mesmo as moderadas,
era feito com viaturas equipadas com uma grade, de uma
forma inadequada. Hoje, o psiquiatra no Samu realiza,
entre outras atividades, capacitação da equipe para
fazer a abordagem de forma humanizada, conforme a política
de saúde mental que vem sendo implementada na
cidade", informa Joaquim José Oliveira Filho,
coordenador da Urgência e Emergência em Campinas.
Joaquim
afirma, ainda, que a presença do psiquiatra na equipe do
Samu possibilita que o atendimento a pacientes em crise
possa ser feito, muitas vezes, na própria residência.
"É freqüente que o paciente atendido em casa não
necessite de remoção. O psiquiatra faz na própria casa
a medicação, quando necessário. Além disso, a presença
de um profissional da saúde mental na equipe possibilita
que ele veja a dinâmica familiar e o ambiente que cerca o
paciente, auxiliando o encaminhamento para os Centros de
Atenção Psicossocial (Caps)", diz.
Samu.
O Samu é um serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) de
atendimento pré-hospitalar, que chega rapidamente às
pessoas, em qualquer lugar, para atendimento de urgências
moderadas e graves, como infartos, acidentes de trânsitos
e, em Campinas, crises psiquiátricas.
Para
acionar o Samu, basta uma ligação gratuita para o
telefone 192. Os pedidos de socorro são atendidos nas
Centrais de Regulação, que funcionam 24 horas, sempre
com a presença de um médico. Esse profissional dá a
resposta adequada à necessidade de cada caso. O Samu de
Campinas é um dos 13 já habilitados no Brasil.
Caps.
Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são serviços de
atenção diária, criados para substituir as internações
hospitalares. Esses locais oferecem desde cuidados clínicos
até atividades de reinserção social do paciente psiquiátrico,
por meio do acesso ao trabalho, lazer, direitos civis e o
fortalecimento dos laços familiares e sociais. A equipe
do Caps é composta de psiquiatras, psicólogos,
terapeutas ocupacionais, professores de educação física,
assistentes sociais, enfermeiras e auxiliares de
enfermagem.
Atualmente,
existem 9 Caps implantados em Campinas e está prevista
inauguração de mais um até o final de 2004. Desse
total, dois são voltados ao atendimento de crianças e
adolescentes. Também compõem a rede de Caps, 1 serviço
de atenção às pessoas que sofrem com transtornos
decorrentes do uso prejudicial de álcool e outras drogas
– chamado Centro de Referência e Informação a Álcool
e Drogas (Criad).