Samu/Campinas é referência para oficina que discute atendimento psiquiátrico de urgência

15/06/2004

Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Campinas participa até esta quarta-feira, 16 de junho, em Aracaju, da I Oficina Nacional de Atenção às Urgências e Saúde Mental – Diálogos sobre Política Nacional de Atenção às Urgências e a Reforma Psiquiátrica. No encontro, o Ministério da Saúde pretende discutir e definir, pela primeira vez no Brasil, o atendimento psiquiátrico de urgência.

O Governo Federal vai usar como referência, nas discussões, o trabalho desenvolvido por Campinas, há um ano, que incluiu profissionais da saúde mental nas equipes do Serviço de Atendimento de Móvel de Urgência (Samu) para atendimento de pacientes em crise psiquiátrica – tentativa de suicídio, alucinações, delírios, depressões e outros quadros. As equipes do Samu passaram, desde então, a atuar integradas aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) do município.

Inicialmente, o Samu/Campinas integrou psiquiatras às suas equipes durante a noite e nos finais de semana. Há dois meses e meio, estes profissionais passaram a atuar também com as equipes que atendem durante o dia. Segundo dados da Secretaria de Saúde, em março, o Samu atendeu 182 pacientes psiquiátricos em crise. Em abril, foram 215. Estes números representam aproximadamente 10% dos atendimentos mensais prestados pelo serviço.

De acordo com o Ministério da Saúde, a oficina de Aracaju será um instrumento para definir os protocolos, cuidados éticos, relações intersetoriais e limites no atendimento dos pacientes psiquiátricos. Com essa iniciativa, o governo estabelece o atendimento a uma crise de saúde mental como função de saúde pública, e não como caso de polícia.

"Antes da inclusão do psiquiatra na equipe do Samu, o atendimento de crises psiquiátricas, mesmo as moderadas, era feito com viaturas equipadas com uma grade, de uma forma inadequada. Hoje, o psiquiatra no Samu realiza, entre outras atividades, capacitação da equipe para fazer a abordagem de forma humanizada, conforme a política de saúde mental que vem sendo implementada na cidade", informa Joaquim José Oliveira Filho, coordenador da Urgência e Emergência em Campinas.

Joaquim afirma, ainda, que a presença do psiquiatra na equipe do Samu possibilita que o atendimento a pacientes em crise possa ser feito, muitas vezes, na própria residência. "É freqüente que o paciente atendido em casa não necessite de remoção. O psiquiatra faz na própria casa a medicação, quando necessário. Além disso, a presença de um profissional da saúde mental na equipe possibilita que ele veja a dinâmica familiar e o ambiente que cerca o paciente, auxiliando o encaminhamento para os Centros de Atenção Psicossocial (Caps)", diz.

Samu. O Samu é um serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) de atendimento pré-hospitalar, que chega rapidamente às pessoas, em qualquer lugar, para atendimento de urgências moderadas e graves, como infartos, acidentes de trânsitos e, em Campinas, crises psiquiátricas.

Para acionar o Samu, basta uma ligação gratuita para o telefone 192. Os pedidos de socorro são atendidos nas Centrais de Regulação, que funcionam 24 horas, sempre com a presença de um médico. Esse profissional dá a resposta adequada à necessidade de cada caso. O Samu de Campinas é um dos 13 já habilitados no Brasil.

Caps. Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são serviços de atenção diária, criados para substituir as internações hospitalares. Esses locais oferecem desde cuidados clínicos até atividades de reinserção social do paciente psiquiátrico, por meio do acesso ao trabalho, lazer, direitos civis e o fortalecimento dos laços familiares e sociais. A equipe do Caps é composta de psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, professores de educação física, assistentes sociais, enfermeiras e auxiliares de enfermagem.

Atualmente, existem 9 Caps implantados em Campinas e está prevista inauguração de mais um até o final de 2004. Desse total, dois são voltados ao atendimento de crianças e adolescentes. Também compõem a rede de Caps, 1 serviço de atenção às pessoas que sofrem com transtornos decorrentes do uso prejudicial de álcool e outras drogas – chamado Centro de Referência e Informação a Álcool e Drogas (Criad).

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