Programa Municipal de DST/Aids de Campinas abre Parada do Orgulho de Lésbicas, Gays, Travestis, Transexuais e Bissexuais

23/06/2006

Concentração ocorre a partir das 13h, no Largo Pará, no Centro;
movimento segue em passeata pelas ruas centrais da cidade durante o domingo

Com um carro de som decorado e a distribuição de pelo menos 20 mil camisinhas o Programa Municipal (PM) de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids participa da 6ª Parada do Orgulho de Lésbicas, Gays, Travestis, Transexuais e Bissexuais de Campinas, que será realizada neste domingo, a partir de 13h, com concentração no Largo do Pará e passeada pelas ruas centrais da cidade (Francisco Glicério, Moraes Salles, Irmã Serafina, Benjamin Constant, Francisco Glicério e término no Largo do Rosário).

A 6ª Parada do Orgulho LGTTB é promovida pelo Fórum de Gays, Lésbicas, Travestis, Transexuais e Bissexuais de Campinas, em parceria com organizações governamentais e não-governamentais. A participação do Programa DST/Aids da Secretaria de Saúde está ligada às ações de prevenção às dst, ao hiv e à aids, pactuadas no Plano de Ações e Metas (PAM) do Programa DST/Aids de Campinas.

O objetivo é intensificar as ações para que a aids não aponte nova tendência de crescimento entre homossexuais, conforme na década de 80, durante o início da epidemia. Entretanto não é entre os homens que fazem sexo com homens (hsh) que se dá o maior crescimento da epidemia, e sim entre heterossexuais (homens que relacionam-se com mulheres e mulheres que relacionam-se com homens), mas principalmente entre as mulheres. 

Em 1987 a razão de sexo era de 11 homens com aids para cada mulher com a síndrome. Esta razão chegou ser igual para os dois sexos, em 2003, mas voltou ser de dois homens com aids para cada ocorrência da síndrome entre mulheres.

Camisinhas e diagnóstico prematuro

Um dos principais objetivos da participação do Programa Municipal DST/Aids na Parada LGTTB é difundir o marketing social do preservativo e também do diagnóstico prematuro do hiv para proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas que vivem com hiv/aids.

As camisinhas são distribuídas durante todo o ano nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Campinas e no Coas / Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), localizada no Centro de Referência (CR) em DST/Aids de Campinas, localizada à rua Regente Feijó, número 637, no Centro de Campinas (próximo à Avenida Francisco Glicério e aos terminais urbanos de ônibus, Central e II).

O Centro de Referência em DST/Aids de Campinas, através do Coas / CTA também realiza testes de hiv e sífilis, gratuitos e sigilosos. Somente a pessoa que realiza o teste fica sabendo. O resultado fica pronto em até 10 dias e, no caso de o teste dar positivo para o hiv ou para a sífilis, o tratamento pode ser iniciado imediatamente através do Ambulatório Municipal de DST/Aids (Amda) do Leito-Dia e Atendimento Domiciliar e Terapêutico (ADT).

O Centro de Referência em DST/Aids de Campinas também abriga o Programa de Redução de Danos (PRD), voltado à prevenção à aids entre usuários de drogas, especialmente os usuários de drogas injetáveis. Para saber mais sobre o teste de hiv e sífilis, a população de Campinas deve informar-se através do Coas / CTA, indo ao local pessoalmente, ou pelo telefone (19) 3236 – 3711.

Para saber mais sobre doenças sexualmente transmissíveis e sobre o tratamento às pessoas que vivem com o hiv ou com a aids, a população deve informar-se através do Amda, pessoalmente, ou pelo telefone (19) 3234 – 5000. Para saber mais sobre redução de danos, a população deve ligar para (19) 3236 – 3711 ou (19) 3234 – 5000.

Queda na incidência

Duas décadas após os primeiros casos de aids Campinas, com 4397 casos notificados entre crianças e adultos, é possível analisar algumas características da ocorrência desta enfermidade no município. Os dados apresentados são pessoas residentes em Campinas, foram atualizados em 25 de novembro de 2005, a partir da base municipal do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan). Para obtenção dos dados de mortalidade e população utilizou-se o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM).

Na primeira década da epidemia (1980-1990), observava-se perfil majoritariamente masculino, sendo a principal categoria de exposição a sexual / homossexual e bissexual. A segunda categoria de exposição era a sanguínea, com concentração de casos entre usuários de drogas injetáveis, seguida por transfusão de sangue e hemoderivados.   Esta última teve uma diminuição importante e consistente a partir da década de 90, conseqüência da evolução na qualidade do controle do sangue no país.

Na primeira metade da década de 90, a epidemia ainda expressivamente masculina mostrava mudança de perfil; a categoria de exposição sanguínea/usuário de droga injetável (udi) passou a ser a principal categoria de exposição e, iniciava o crescimento da participação de mulheres, através de exposição sexual/ heterossexual. Ressalta-se que grande parte dessas mulheres referia ter ou ter tido parceiro sexual udi.

Nos últimos anos, verifica-se, em Campinas a desaceleração da epidemia com tendência à estabilização da velocidade de crescimento, evidente feminilização e crescimento do número de casos por categoria de exposição heterossexual para ambos os sexos.

Cai incidência entre jovens

A incidência de aids entre jovens, em Campinas, diminuiu. Pelo menos desde 1991 até o final de 2004. E a tendência que vem sendo observada nos últimos anos deve ser confirmada nos dados epidemiológicos futuros. A queda da incidência, ou seja, a ocorrência de casos da síndrome a cada 100 mil habitantes, foi verificada em um período em que também ocorreu um aumento na busca pelas camisinhas em unidades da rede pública de saúde.

Também neste período, segundo pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, foi registrado aumento no uso de preservativos logo na primeira sexual. A pesquisa, divulgada no final de 2005, foi realizada em todo o território nacional.

De acordo com o Programa Municipal de DST/Aids de Campinas, a incidência da aids em jovens na faixa etária dos 15 aos 19 anos caiu em Campinas de 23 para menos de dois casos, em cada grupo de 100 mil habitantes. O incentivo ao uso do preservativo nas relações sexuais, segundo o Programa Municipal de DST/Aids é uma das explicações para a queda da incidência.

A busca por esse insumo nas unidades básicas de saúde em Campinas cresceu de 40 mil unidades por mês, em 1999, para 300 mil unidades por mês em 2005. A eficácia e efetividade do preservativo masculino, ou seja, da camisinha masculina, segundo o Ministério da Saúde, na prevenção da infecção ao HIV e a aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, através das relações sexuais, são da ordem de 95%.

Em 1998 a incidência de aids entre jovens caiu para menos de seis casos em cada grupo de 100 mil habitantes. Foi em 2004 que a incidência chegou a menos de dois casos em cada grupo de 100 mil habitantes.

Campinas reduz letalidade por aids

Campinas conseguiu reduzir a letalidade por Aids. A cidade que, na década de 80, chegou ter 90% de letalidade nos casos registrados, chegou ao final de 2004 com um índice de 4,9% dos casos, abaixo até da média nacional, à época de aproximadamente 7%.

"As conquistas devem ser creditadas às pessoas que lutaram para que seus direitos fossem reconhecidos e devemos muito disso, sem dúvida, aos homossexuais, que foram verdadeiros heróis no início da epidemia", disse a coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids de Campinas, Maria Cristina Ilario referindo-se ao que já foi a principal causa de transmissão de aids em Campinas, as relações sexuais sem proteção entre hsh.

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