Com um carro de som
decorado e a distribuição de pelo menos 20 mil
camisinhas o Programa Municipal (PM) de Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids participa da 6ª
Parada do Orgulho de Lésbicas, Gays, Travestis,
Transexuais e Bissexuais de Campinas, que será realizada
neste domingo, a partir de 13h, com concentração no
Largo do Pará e passeada pelas ruas centrais da cidade
(Francisco Glicério, Moraes Salles, Irmã Serafina,
Benjamin Constant, Francisco Glicério e término no Largo
do Rosário).
A 6ª Parada do Orgulho
LGTTB é promovida pelo Fórum de Gays, Lésbicas,
Travestis, Transexuais e Bissexuais de Campinas, em
parceria com organizações governamentais e
não-governamentais. A participação do Programa DST/Aids
da Secretaria de Saúde está ligada às ações de prevenção
às dst, ao hiv e à aids, pactuadas no Plano de Ações e
Metas (PAM) do Programa DST/Aids de Campinas.
O objetivo é intensificar
as ações para que a aids não aponte nova tendência de
crescimento entre homossexuais, conforme na década de
80, durante o início da epidemia. Entretanto não é entre
os homens que fazem sexo com homens (hsh) que se dá o
maior crescimento da epidemia, e sim entre
heterossexuais (homens que relacionam-se com mulheres e
mulheres que relacionam-se com homens), mas
principalmente entre as mulheres.
Em 1987 a razão de sexo
era de 11 homens com aids para cada mulher com a
síndrome. Esta razão chegou ser igual para os dois
sexos, em 2003, mas voltou ser de dois homens com aids
para cada ocorrência da síndrome entre mulheres.
Camisinhas e diagnóstico
prematuro
Um dos principais
objetivos da participação do Programa Municipal DST/Aids
na Parada LGTTB é difundir o marketing social do
preservativo e também do diagnóstico prematuro do hiv
para proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas
que vivem com hiv/aids.
As camisinhas são distribuídas
durante todo o ano nas
Unidades Básicas de Saúde
(UBS) de Campinas e no
Coas / Centro de Testagem e
Aconselhamento (CTA),
localizada no Centro de Referência (CR) em DST/Aids de
Campinas, localizada à rua Regente Feijó, número 637, no
Centro de Campinas (próximo à Avenida Francisco Glicério
e aos terminais urbanos de ônibus, Central e II).
O Centro de Referência em DST/Aids
de Campinas, através do Coas / CTA também realiza testes
de hiv e sífilis, gratuitos e sigilosos. Somente a
pessoa que realiza o teste fica sabendo. O resultado
fica pronto em até 10 dias e, no caso de o teste dar
positivo para o hiv ou para a sífilis, o tratamento pode
ser iniciado imediatamente através do
Ambulatório Municipal de DST/Aids
(Amda) do Leito-Dia e
Atendimento Domiciliar e Terapêutico (ADT).
O Centro de Referência em
DST/Aids de Campinas também abriga o Programa de Redução
de Danos (PRD), voltado à prevenção à aids entre
usuários de drogas, especialmente os usuários de drogas
injetáveis. Para saber mais sobre o teste de hiv e
sífilis, a população de Campinas deve informar-se
através do Coas / CTA, indo ao local pessoalmente, ou
pelo telefone (19) 3236 – 3711.
Para saber mais sobre
doenças sexualmente transmissíveis e sobre o tratamento
às pessoas que vivem com o hiv ou com a aids, a
população deve informar-se através do Amda,
pessoalmente, ou pelo telefone (19) 3234 – 5000. Para
saber mais sobre redução de danos, a população deve
ligar para (19) 3236 – 3711 ou (19) 3234 – 5000.
Queda na incidência
Duas décadas após os
primeiros casos de aids Campinas, com 4397 casos
notificados entre crianças e adultos, é possível
analisar algumas características da ocorrência desta
enfermidade no município. Os dados apresentados são
pessoas residentes em Campinas, foram atualizados em 25
de novembro de 2005, a partir da base municipal do
Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan). Para
obtenção dos dados de mortalidade e população
utilizou-se o Sistema de Informação de Mortalidade
(SIM).
Na primeira década da
epidemia (1980-1990), observava-se perfil
majoritariamente masculino, sendo a principal categoria
de exposição a sexual / homossexual e bissexual. A
segunda categoria de exposição era a sanguínea, com
concentração de casos entre usuários de drogas
injetáveis, seguida por transfusão de sangue e
hemoderivados. Esta última teve uma diminuição
importante e consistente a partir da década de 90,
conseqüência da evolução na qualidade do controle do
sangue no país.
Na primeira metade da
década de 90, a epidemia ainda expressivamente masculina
mostrava mudança de perfil; a categoria de exposição
sanguínea/usuário de droga injetável (udi) passou a ser
a principal categoria de exposição e, iniciava o
crescimento da participação de mulheres, através de
exposição sexual/ heterossexual. Ressalta-se que grande
parte dessas mulheres referia ter ou ter tido parceiro
sexual udi.
Nos últimos anos,
verifica-se, em Campinas a desaceleração da epidemia com
tendência à estabilização da velocidade de crescimento,
evidente feminilização e crescimento do número de casos
por categoria de exposição heterossexual para ambos os
sexos.
Cai incidência entre
jovens
A incidência de aids
entre jovens, em Campinas, diminuiu. Pelo menos desde
1991 até o final de 2004. E a tendência que vem sendo
observada nos últimos anos deve ser confirmada nos dados
epidemiológicos futuros. A queda da incidência, ou seja,
a ocorrência de casos da síndrome a cada 100 mil
habitantes, foi verificada em um período em que também
ocorreu um aumento na busca pelas camisinhas em unidades
da rede pública de saúde.
Também neste período,
segundo pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, foi
registrado aumento no uso de preservativos logo na
primeira sexual. A pesquisa, divulgada no final de 2005,
foi realizada em todo o território nacional.
De acordo com o Programa
Municipal de DST/Aids de Campinas, a incidência da aids
em jovens na faixa etária dos 15 aos 19 anos caiu em
Campinas de 23 para menos de dois casos, em cada grupo
de 100 mil habitantes. O incentivo ao uso do
preservativo nas relações sexuais, segundo o Programa
Municipal de DST/Aids é uma das explicações para a queda
da incidência.
A busca por esse insumo
nas unidades básicas de saúde em Campinas cresceu de 40
mil unidades por mês, em 1999, para 300 mil unidades por
mês em 2005. A eficácia e efetividade do preservativo
masculino, ou seja, da camisinha masculina, segundo o
Ministério da Saúde, na prevenção da infecção ao HIV e a
aids e outras doenças sexualmente transmissíveis,
através das relações sexuais, são da ordem de 95%.
Em 1998 a incidência de
aids entre jovens caiu para menos de seis casos em cada
grupo de 100 mil habitantes. Foi em 2004 que a
incidência chegou a menos de dois casos em cada grupo de
100 mil habitantes.
Campinas reduz
letalidade por aids
Campinas conseguiu reduzir a letalidade
por Aids. A cidade que, na década de 80, chegou ter 90%
de letalidade nos casos registrados, chegou ao final de
2004 com um índice de 4,9% dos casos, abaixo até da
média nacional, à época de aproximadamente 7%.
"As conquistas devem ser creditadas
às pessoas que lutaram para que seus direitos fossem
reconhecidos e devemos muito disso, sem dúvida, aos
homossexuais, que foram verdadeiros heróis no início
da epidemia", disse a coordenadora do Programa
Municipal de DST/Aids de Campinas, Maria Cristina
Ilario referindo-se ao que já foi a principal causa
de transmissão de aids em Campinas, as relações
sexuais sem proteção entre hsh.