Mais de 200
pessoas estiveram reunidas nesta quinta-feira, dia 21 de
junho, em Campinas durante o Fórum Municipal de Atenção à
Obesidade na Infância e na Adolescência. O evento, que
consiste em etapa preparatória para a implantação do
Programa Municipal de Atenção e Prevenção à Obesidade na
Infância e na Adolescência, reuniu gestores e servidores da
saúde, representantes da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e da Pontifícia Universidade Católica de Campinas
(Puc-Campinas), técnicos das Secretarias Municipais de
Educação, de Cultura e Lazer, de Esportes e da Ceasa.
O Fórum
discutiu a situação da obesidade entre crianças e
adolescentes em Campinas e no Brasil, as experiências
exitosas desenvolvidas por cinco Centros de Saúde de
Campinas com este público e o protocolo de atenção e
prevenção à obesidade na infância e adolescência a ser
implantado no município.
“Foi a
primeira grande discussão envolvendo equipes de saúde,
universidades e setores que atuam com a abordagem
nutricional e com a atividade física, sobre um tema
importantíssimo, que muito tem nos preocupado e que demanda
ações intersetoriais e prioritárias nas políticas públicas”,
disse o secretário municipal de saúde José Francisco Kerr
Saraiva, que abriu o Fórum.
Durante o
evento, o médico pediatra Antônio de Azevedo Barros Filho,
professor doutor da Faculdade de Ciências Médicas da
Unicamp, apresentou estudo que aponta que, em Campinas, a
obesidade atinge 15,3% dos alunos da rede pública na faixa
etária de 6 e 10 anos e 20% dos alunos da rede privada nesta
mesma faixa etária.
Barros Filho
informou, durante sua conferência no Fórum, que a obesidade
entre crianças e adolescentes é um problema que vem
acontecendo de forma mais intensa nos últimos anos, atinge
todas as camadas sociais e tem crescido em todos os lugares
do mundo, sendo considerada pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) problema de saúde pública tão importante quanto
a desnutrição. No Brasil, entre adolescentes de 10 a 19
anos, 16,7% sofrem de excesso de peso.
Segundo os
técnicos e gestores presentes no evento, esta situação
aponta para grandes problemas já que a obesidade infantil é
um fator precoce de determinação de obesidade na vida adulta
e relaciona-se com maior incidência de hipertensão arterial,
diabetes, dislipidemia, doenças da vesícula biliar, apnéia
do sono, problemas ortopédicos e hipertrofia do ventrículo
esquerdo entre outros. Além disso, eleva o risco relativo de
mortalidade de doença coronariana (2,3 maior), por Acidente
Vascular Cerebral (13,2 mais) e por câncer coloretal (9,1
mais).
“Temos cada
vez mais crianças muito pesadas e adultos muito gordos. Esta
é uma situação de risco muito séria. A população vai morrer
em conseqüência deste problema e vai morrer muito cedo”,
disse Barros Filho.
O Secretário
de Saúde disse que, por considerar todas estas questões e o
fato de que a prevenção se constitui na melhor forma de
abordagem para a obesidade infantil é que Campinas está
iniciando o trabalho de forma mais enfática com a questão da
obesidade na infância.
“A partir
deste fórum, pretendemos desencadear uma série de ações para
tratar a prevenir a obesidade na infância e adolescência. É
um trabalho longo, grande, que necessita de ações
intersetoriais e multidisciplinares e que, repito, precisam
ser viabilizadas como políticas públicas. Ou caminhamos
nesta direção ou teremos um desastre epidemiológico”, disse.
O Programa
Municipal de Atenção e Prevenção à Obesidade na Infância e
na Adolescência deve ser implementado em Campinas em agosto.
Denize Assis