Seminário discute saúde mental nas grandes cidades

18/06/2008

Autor: Denize Assis

Um evento pioneiro na área de saúde mental no Brasil mobiliza mais de 120 servidores da saúde de todos os estados brasileiros nestas terça-feira e quarta-feira, dias 17 e 18 de junho, em Campinas. É o I Seminário Nacional de Saúde Mental nas Grandes Cidades, que acontece no Hotel Nacional Inn.

O encontro reúne gestores estaduais, municipais e federais do Sistema Único de Saúde (SUS), universidades, representantes do Conselho Nacional de Saúde, Conselhos de Secretários de Saúde, Associação Brasileira de Psiquiatria, Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo e outros profissionais envolvidos com o tema saúde mental no País. Todos os municípios brasileiros com mais de 1 milhão de habitantes e as capitais com mais de 800 mil estão representados no seminário.

A mesa de abertura do evento foi composta por diversas autoridades, incluindo Pedro Gabriel Godinho Delgado, coordenador nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde, o secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, e o prefeito dr. Hélio de Oliveira Santos.

“Existem desafios no campo da reforma psiquiátrica nas grandes cidades que precisam ser enfrentados. Neste contexto, temos alguns destaques que são foco das discussões deste seminário, como saúde mental no contexto da saúde da família; atendimento à saúde mental em álcool e drogas principalmente levando em conta o consumo de crack e o aumento consistente do alcoolismo entre jovens; manejo de crises, numa rede consistente, de forma que esta atenção seja o início do atendimento contínuo; e a atenção à população de rua, incluindo crianças”, afirmou Pedro Gabriel na abertura do evento.

Segundo o coordenador nacional, o seminário se realiza em Campinas porque a cidade respondeu de maneira rápida à reforma psiquiátrica e tem mostrado caminhos efetivos como a integração com o sistema de urgência e emergência e a implantação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) III.

O secretário José Francisco Saraiva saudou os presentes na mesa de abertura, se disse orgulhoso de poder estar acolhendo o evento e ressaltou que a saúde mental é prioridade nas políticas públicas do município. “A Secretaria de Saúde trabalha para a total desospitalização, em busca de uma sociedade mais justa, caminhando em harmonia com a reforma psiquiátrica proposta pelo Ministério da Saúde - que tem sido referência mundial - e com envolvimento da academia”, disse.

José Francisco Saraiva ainda fez uma referência ao Serviço de Saúde Cândido Ferreira, que atua em sistema de co-gestão na área de saúde mental em Campinas e agradeceu toda a rede de saúde municipal.

“A saúde mental é prioridade absoluta no nosso governo. Campinas se sente orgulhosa por dar sua contribuição neste seminário, inclusive sendo a sede do evento. Quero dar as boas vindas a todos os municípios aqui presentes”, disse o prefeito dr. Hélio na abertura do seminário. Ele ressaltou que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, tem sido corajoso ao enfrentar a questão do uso abusivo do álcool e outras drogas, que abala interesses econômicos e culturais, e informou que o ministério tem total apoio de Campinas neste enfrentamento.

Experiências relevantes. Entre as experiências de gestão da atenção à saúde mental em grandes aglomerados urbanos, o seminário vai destacar alguns municípios, por apresentarem bons resultados na construção de rede: Campinas, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza.

Campinas tem cerca de 1 milhão de habitantes e uma boa rede extra-hospitalar, com 1 Caps II, 5 Caps III, 1 Caps infantil (i) e 2 Caps para usuário de álcool e outras drogas (ad), além de uma boa experiência com as equipes de Saúde da Família.

O município sediou o Encontro dos Caps III, em 2004, por ser um dos pioneiros na implantação dos Caps 24 horas (Caps III), um dos equipamentos mais complexos da rede de atenção à saúde mental.

Campinas também é pioneira na implantação de Serviços Residenciais Terapêuticos. Hoje a cidade conta com 36 residências terapêuticas implantadas, com total de 158 moradores e boa experiência com o processo de desinstitucionalização.

Cerca de 3 Centros de Convivência e Cultura funcionam na cidade e várias experiências de geração de trabalho e renda estão em andamento. Campinas é sede de 1 hospital psiquiátrico, com cerca de 100 leitos. O município adquiriu boa experiência de regulação e atenção às crises.

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