Pessoas que deixaram de fumar recebem diplomas no Dia Mundial sem Tabaco

01/06/2010

Autor: Marco Aurélio Capitão

Ana Rosa Manuel, dona de casa, 52 anos, começou a fumar com 17 anos, numa época em que soltar baforadas de fumaça era chique e poucos tinham consciência dos males à saúde causados pela nicotina. Foram dois maços por dia durante quase 35 anos. Em maio do ano passado “esgotada pelo cigarro”, como ela própria relata, decidiu aderir ao Programa Municipal de Tabagismo oferecido no Centro de Saúde (CS) Santa Odila. Desde então ela nunca mais colocou um cigarro na boca. Nesta segunda, 31 de maio, quando se comemora o Dia Mundial sem Tabaco, a dona de casa recebeu das mãos do secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, um diploma de honra ao mérito pela sua perseverança e força de vontade.

A diplomação aconteceu na Praça Ruy Barbosa (praça localizada atrás da Catedral Metropolitana), centro da cidade, das 13h às 16h. Outras atividades, como a distribuição de folderes com orientações sobre os males do tabagismo, além da realização de testes sobre dependência à nicotina e saúde dos pulmões marcaram a celebração do Dia Mundial sem Tabaco de 2010, em Campinas.

“É preciso que essas pessoas que venceram o vício, que estão recebendo esse diploma, consigam agora contaminar seus colegas de trabalho, familiares e amigos no sentido de que mais pessoas abandonem o tabaco”, afirmou o secretário José Francisco Kerr Saraiva. Ele aproveitou para lembrar que, hoje, no Brasil e no mundo, o tabagismo é uma das principais causas de mortalidade precoce por doenças isquêmicas do coração, doença cerebrovascular e doença pulmonar obstrutiva crônica. “Todos precisam saber que, a cada hora, no Brasil, mais de vinte pessoas morrem devido a alguma doença provocada pelo cigarro”, completou.

Junto com o diploma de Ana Rosa, outros 34 certificados foram entregues pelo secretário Saraiva a usuários e funcionários dos Centros de Saúde de Campinas que estão há mais de seis meses sem fumar. “Parei de fumar porque não conseguia andar quinhentos metros sem sentir falta de ar. Hoje me sinto outra pessoa, valorizo minha beleza, cuido dos cabelos, das unhas, enfim, descobri que o cigarro só me trazia prejuízo e me afastava das pessoas”, conta Ana Rosa.

O ato na Praça Rui Barbosa contou com o empenho de 25 alunos da Faculdade de Medicina da PUC de Campinas que abordaram centenas de transeuntes para a realização do testes de Fregenström que, em menos de um minuto, por meio de seis perguntas, consegue analisar o grau de dependência de nicotina. Nilesh Moniz, aluno do 5º ano de Medicina da PUC, explicou que os testes, nesta segunda, revelam que a maioria das pessoas examinadas apresenta grau de dependência de moderada a grave. “Essas pessoas dependentes, na maioria das vezes, já apresentam sintomas como falta de ar, cansaço e catarro no peito. Nesses casos, parar de fumar é o melhor remédio”, afirmou o estudante.

Mônica Corso Pereira, médica pneumologista da Faculdade de Medicina da PUC, com apoio de alunos, aplicou dezenas de testes que avaliam a idade do pulmão das pessoas que passaram pela praça. A nicotina causa um impacto e o pulmão perde funções e a pessoa fica com mais pré-disposição para infecções pulmonares. “Parar de fumar é a saída para que o dano cesse e a pessoa tenha condições de recuperar a saúde perdida”, adverte a médica.

Maria Auxiliadora Zanin, médica generalista do Centro de Saúde São Quirino, conta em sua unidade com uma equipe multiprofissional envolvida no tratamento do tabagismo. Segundo ela, em dezoito meses de programa, mais de trinta pessoas já deixaram de fumar. “Quando a pessoa abandona o tabaco, ela muda de comportamento, se renova e melhora sua autoestima. Quando entregamos esse diploma, estamos reconhecendo o esforço e queremos que essa vitória sirva de exemplo a todas as pessoas”, explica a médica generalista.

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