Prefeitura trabalha no controle e apuração de crime ambiental

23/07/2001

A Prefeitura de Campinas, em conjunto com Cetesb (órgão responsável pelo meio ambiente no Estado de São Paulo), Defesa Civil e Polícia Militar, Ministério Público e Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), trabalha desde a última quarta-feira (18 de julho) para promover o manejo e a destinação ambientalmente corretos de uma carga de BHC. O produto foi "desovado" numa praça do Jardim Itatinga, localizado na região Sudoeste de Campinas.

A desova do produto químico é crime ambiental grave e foi detectada pela Defesa Civil no último dia 18. Para a agricultura e saúde pública também há crime porque o produto tem a sua produção, comercialização e utilização proibida no Brasil desde 1985.

A incineração, que deverá ser realizada o mais rápido possível, é a solução ambientalmente correta para o caso. De maneira alguma, o BHC pode ser disposto no meio ambiente. Por isso, o produto será acondicionado em tambores de ferro, de forma segura, que serão guardados em contêineres até a incineração. Os tambores foram providenciados pela Coar (Coordenadoria das Administrações Regionais).

A Polícia e o Ministério Público devem apurar a responsabilidade pelo crime. Nas embalagens encontradas no local, havia o endereço de uma empresa chamada Cocito, de Cajamar. Porém, a Cetesb foi até o local e constatou que a empresa não existe mais. Há possibilidade do produto ter sido produzido já há alguns anos, mas não se pode descartar produção clandestina mais recente, o que demandaria o desbaratamento da rede responsável.

Até a próxima quarta-feira (25), quando já se espera ter a fonte dos recursos para a incineração, o produto ficará guardado em local coberto num galpão de um dos prédios do 35º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de Campinas. A carga estava disposta em três caminhões de 5 metros cúbicos cada um e está sendo transportada para os tambores desde sábado. Os trabalhadores que fazem o transporte trabalham devidamente orientados e equipados para a atividade, com luvas, botas, máscaras e óculos.

O BHC é um inseticida fitossanitário – organoclorado denominado hexaclorociclo-hexano (C6H6Cl6) - cuja produção, comercialização e utilização é proibida no Brasil e no mundo. A desova deste produto, que é um veneno mortífero, consiste em crime grave contra a saúde pública e contra o meio ambiente. Não pode haver dispersão deste inseticida no meio ambiente porque ele é um produto persistente na natureza, que contamina o solo e o lençol freático, e que se mantém por bio-acumulação na cadeia alimentar, ou seja: se acumula nos tecidos. O BHC consta na lista dos 12 "dirthys" – sujos. Os "dirthys" são produtos relacionados como os mais perigosos no mundo.

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