Saúde alerta viajantes para risco de doenças típicas das regiões do Brasil

10/07/2003

Preocupação maior é com a malária e a febre amarela, mas existem outras doenças que podem retornar na bagagem do viajante

Nesse período de férias escolares, quem for viajar deve ter cuidado com doenças típicas das diversas regiões do Brasil e do mundo. O alerta é da Secretaria de Saúde de Campinas. O município acaba de reforçar a orientação a todos os serviços de saúde da rede pública da cidade para que estejam atentos aos sintomas da malária. A Secretaria também orienta a vacina contra a febre amarela para cidadãos que forem se deslocar para áreas de transmissão.

Um informe sobre as duas doenças está sendo divulgado também aos proprietários do comércio específico para caça e pesca e a caminhoneiros e empresas rodoviárias que realizam transporte para a região amazônica.

Febre amarela

De acordo com a Sucen (Superintendência do Controle de Endemias), a febre amarela é mais comum na Amazônia, mas existe até no interior de São Paulo. O vírus da doença – vírus amarílico – circula nas áreas de mata em todos os estados da Região Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantis) e Centro-Oeste (Distrito federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), além do Maranhão, na Região Nordeste.

No estado de São Paulo, especial atenção deve ser dada aos municípios ribeirinhos ao Rio Grande, na fronteira com Minas Gerais.

A vacina também é recomendada para as pessoas que pretendam viajar para os municípios de Serro, Alvorada, Sabinópolis, Senhora do Porto, E Serra Azul de Minas.

No município de Santo Antônio, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, foi confirmado um surto de febre amarela silvestre que teve início em dezembro de 2002.

No estado do Rio Grande do Sul, os cuidados servem para os municípios de Jaguari, Mata, Santiago, Nova Esperança do Sul, São Francisco de Assis, São Vicente do Sul, Toropi, São Pedro do Sul e Jaú, região onde foi encontrado vírus em macacos.

A vacina está disponível, em Campinas, em qualquer época do ano, no Centro de Saúde Faria Lima, às quartas-feiras, das 9h às 13h e sextas-feiras, das 14h às 18h, no Centro de Saúde do Balão do Laranja, às quintas-feiras, das 14h às 18h, no Centro de Saúde de Barão Geraldo, às segundas e quartas, das 8h às 18h, no Aeroporto de Viracopos, de segunda a sexta, das 8h às 16h, e no Cecom às terças de manhã e quartas à tarde.

As doses são gratuitas e devem ser aplicadas pelo menos 10 dias antes da viagem. A imunização vale por 10 anos. No ano passado, foram aplicadas 5.370 doses contra a febre amarela em Campinas. Este ano, até junho foram 2007.

O último caso de febre amarela registrado em Campinas é de 2000. Um estudante, na época com 22 anos, desenvolveu a doença depois de uma viagem de férias para a Chapada dos Veadeiros, no Estado de Goiás. Após o registro, foi desencadeada campanha de vacinação em Campinas e Região. Em 2001, a Secretaria de Saúde de Campinas investigou 13 casos suspeitos da doença. Em 2002, foram 4 e, em 2003, apenas um. Todos foram descartados.

A febre amarela é causada por um vírus que circula em regiões tropicais e subtropicais da África e América. É uma doença grave, transmitida ao homem pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado pelo vírus amarílico. Os sintomas são febre alta, dor de cabeça e no corpo, enjôo, vômitos, prostração e irritabilidade.

Malária

A malária não é prevenível por vacina. Porém, de acordo com a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, com diagnóstico precoce e tratamento específico, evolui para cura.

Por isso, Brigina orienta que as pessoas que estiverem de retorno da região amazônica e que apresentarem sintomas como febre, calafrios e dor de cabeça, devem procurar o Centro de Saúde. Se confirmada a suspeita, o serviço encaminha a pessoa para diagnóstico e tratamento no Hospital de Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Os Estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia e Amazonas são responsáveis por 95% dos casos de malária notificados em Campinas. De 1998 a junho de 2003, foram registrados 51 casos suspeitos da doença na cidade. Do total, 24 foram confirmados, 14 descartados e 13 estão em investigação.

Dengue

Além da malária e da febre amarela, muitas outras doenças podem voltar na bagagem dos viajantes. O litoral brasileiro todo, além de várias cidades da Bahia e de outros estados do Nordeste, Rio de Janeiro e São Paulo constituem área de transmissão de dengue.

Dos 445 casos da doença registrados este ano em Campinas, 68 são de pessoas que contraíram o vírus em viagens para fora da cidade. Após período de férias ou Carnaval e outras datas festivas, a Vigilância Epidemiológica de Campinas registra um aumento no número de casos de dengue. Contra a dengue também não existe vacina.

Cuidados

Segundo o médico infectologista Rodrigo Nogueira, alguns cuidados podem ser adotados em relação à dengue, febre amarela e malária. "Os viajantes devem usar repelentes, roupas que cubram todo o corpo e lançar mão de mosquiteiros", orienta.

Rodrigo também orienta que ao retornar de viagem, até 30 dias após a chegada, caso apresente sintomas como febre e/ou lesões na pele, sangramento pelo nariz e gengivas e quadros respiratórios ou de diarréia prolongada, a pessoa procure o serviço de saúde.

"E é importante referir os locais para onde se deslocou nos últimos 30 dias e que tipo de exposição se teve", afirma.

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