Campinas investiga 104 casos suspeitos de doenças febris exantemáticas no primeiro mês de execução do Vigifex

18/07/2003

Projeto pioneiro teve início em maio e será referência mundial para a erradicação do sarampo

A Secretaria de Saúde de Campinas investigou 104 casos suspeitos de doenças febris exantemáticas no primeiro mês de execução do Vigifex. O projeto, coordenado pela OPAS/OMS (Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde), é um modelo pioneiro no mundo e vai estabelecer um sistema de detecção eficaz para o controle das doenças febris exantemáticas – aquelas que provocam febre e manchas vermelhas na pele.

O objetivo principal é fortalecer o sistema de vigilância do sarampo existente no mundo. Os resultados servirão de subsídio para outros sistemas de vigilância a serem implantados nos demais países, assim que interrompam a circulação da doença.

Nos primeiros 30 dias de execução do projeto foram investigados 37 casos de dengue com exantema, 16 casos de rubéola, 11 casos de escarlatina, 18 de exantema súbito, 7 de enterovírus, 7 de sarampo, 5 de reação a medicamentos, 4 de exantema a esclarecer, 3 de adenovírus, 2 de eritema infeccioso e 1 de mononucleose.

A maioria das notificações são de crianças com até 5 anos. A maior fonte notificadora foram os centros de saúde, módulos de saúde da família e prontos-socorros da Prefeitura de Campinas. O serviço específico que mais notificou foi o Hospital Celso Pierro.

Segundo o médico sanitarista José Cássio de Moraes, coordenador do Vigifex no Brasil, o primeiros resultados do projeto são positivos. "Apesar de todas as dificuldades comuns a todo trabalho pioneiro, houve uma resposta positiva a comunidade de saúde de Campinas e da população", diz Cássio.

O sanitarista afirma que o número de notificações ficou acima do esperado. E destaca que os serviços de saúde da rede municipal de Campinas estão dando um apoio importante ao projeto. Cássio avalia que o resultado mais significativo conseguido até agora é com relação a rubéola. Das primeiras 16 notificações da doença, 12 foram confirmadas. "Isto mostra que devemos reavaliar o trabalho de vacinação", afirma.

De acordo Cristiana Toscano, coordenadora internacional do projeto e consultora internacional do Programa de Vacinas e Imunizações da Opas, o projeto Vigifex está sendo implantado em Campinas justamente pela características e condições técnicas necessárias que a cidade reúne. "A cidade possui baixa incidência de rubéola e alta notificação de casos suspeitos de rubéola/sarampo, o que denota uma eficiência na vigilância", diz.

A OMS levou em conta ainda que município tem uma boa rede de saúde pública e privada. Também considerou que o número de casos suspeitos de doenças febris exantemáticas investigados na cidade é o maior do continente americano e é três vezes superior ao verificado no Estado de São Paulo.

Somente em 2002, foram notificados pela vigilância epidemiológica municipal 207 casos suspeitos de sarampo e rubéola, 101 suspeitos de febre maculosa e 10.070 suspeitos de dengue, sendo 1.070 de dengue com exantema.

Além disso, para a escolha de Campinas, foram levados em conta o número de habitantes, o apoio da sociedade médica local, a existência de laboratórios de referência e o fato da cidade contar com duas universidades e uma boa rede hospitalar. Também foram consideradas questões logísticas e financeiras.

O investimento total para o projeto é de US$ 150 mil, aplicados em kits laboratoriais, pagamento de pessoal, logística de informação e transporte de amostras, processamento e análise de dados e divulgação. A duração do Vigifex é de um ano, podendo ser prorrogada.

De acordo Cristiana Toscano, as principais causas de febre e manchas na pele da população em geral sempre foram sarampo e rubéola. A partir de 2002, países do continente americano conseguiram eliminar o sarampo. Casos de rubéola também diminuíram significativamente.

No entanto, como ainda há casos de sarampo em muitos países, existe o risco da reintrodução do vírus do sarampo no Brasil. Por isso, segundo Cristiana, a OMS está iniciando esta outra etapa no trabalho de erradicação da doença, que consiste na detecção e averiguação de todas as outras causas de febre e manchas na pele.

"Desde maio, profissionais das redes pública e privada de saúde de Campinas devem informar qualquer casos de febre e manchas ao projeto Vigifex. A partir daí, com uma ou duas amostras do sangue da pessoa, vai ser feita uma série de exames laboratoriais que devem apontar o que está causando estas manifestações", diz Cristiana.

O programa é desenvolvido em parceria com organizações internacionais, Ministério da Saúde, Secretaria de Estado da Saúde e com apoio e colaboração de representantes da comunidade médica e de diversas instituições de saúde de Campinas.A Secretaria Municipal de saúde de Campinas é a coordenadora local do projeto.

Saiba sobre o sarampo - O sarampo é a doença febril exantemática de maior freqüência no mundo, com uma taxa de mortalidade importante e de fácil transmissão. Em 97, o Estado de São Paulo enfrentou uma epidemia da doença, com mais de 40 mil casos. Em 2000, segundo a OMS, mais de 800 mil crianças adoeceram de sarampo em várias partes do mundo.

Há mais de 30 anos a vacina contra o sarampo está disponível na rede pública de saúde do Brasil. Ela deve ser aplicada quando a criança completa o primeiro ano de vida. A vacinação é uma das estratégias adotadas pela OMS para a erradicação da doença.

O último caso confirmado de sarampo com origem em Campinas foi registrado em 1999. No Estado de São Paulo foi em junho de 2000 e no Brasil em outubro de 2000.

Para notificar os casos ao Vigifex, os profissionais de saúde devem acessar o endereço eletrônico www.campinas.sp.gov.br/saude (link vigifex) ou entrar em contato pelos números 0800 7700555, (19) 3735 0286 ou pelo BIP 08007074242 código 113001.

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