Projeto
pioneiro teve início em maio e será referência mundial para
a erradicação do sarampo
A Secretaria
de Saúde de Campinas investigou 104 casos suspeitos de doenças
febris exantemáticas no primeiro mês de execução do
Vigifex. O projeto, coordenado pela OPAS/OMS (Organização
Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde), é
um modelo pioneiro no mundo e vai estabelecer um sistema de
detecção eficaz para o controle das doenças febris exantemáticas
– aquelas que provocam febre e manchas vermelhas na pele.
O objetivo
principal é fortalecer o sistema de vigilância do sarampo
existente no mundo. Os resultados servirão de subsídio para
outros sistemas de vigilância a serem implantados nos demais
países, assim que interrompam a circulação da doença.
Nos primeiros
30 dias de execução do projeto foram investigados 37 casos
de dengue com exantema, 16 casos de rubéola, 11 casos de
escarlatina, 18 de exantema súbito, 7 de enterovírus, 7 de
sarampo, 5 de reação a medicamentos, 4 de exantema a
esclarecer, 3 de adenovírus, 2 de eritema infeccioso e 1 de
mononucleose.
A maioria das
notificações são de crianças com até 5 anos. A maior
fonte notificadora foram os centros de saúde, módulos de saúde
da família e prontos-socorros da Prefeitura de Campinas. O
serviço específico que mais notificou foi o Hospital Celso
Pierro.
Segundo o médico
sanitarista José Cássio de Moraes, coordenador do Vigifex no
Brasil, o primeiros resultados do projeto são positivos.
"Apesar de todas as dificuldades comuns a todo trabalho
pioneiro, houve uma resposta positiva a comunidade de saúde
de Campinas e da população", diz Cássio.
O sanitarista
afirma que o número de notificações ficou acima do
esperado. E destaca que os serviços de saúde da rede
municipal de Campinas estão dando um apoio importante ao
projeto. Cássio avalia que o resultado mais significativo
conseguido até agora é com relação a rubéola. Das
primeiras 16 notificações da doença, 12 foram confirmadas.
"Isto mostra que devemos reavaliar o trabalho de vacinação",
afirma.
De acordo
Cristiana Toscano, coordenadora internacional do projeto e
consultora internacional do Programa de Vacinas e Imunizações
da Opas, o projeto Vigifex está sendo implantado em Campinas
justamente pela características e condições técnicas
necessárias que a cidade reúne. "A cidade possui baixa
incidência de rubéola e alta notificação de casos
suspeitos de rubéola/sarampo, o que denota uma eficiência na
vigilância", diz.
A OMS levou
em conta ainda que município tem uma boa rede de saúde pública
e privada. Também considerou que o número de casos suspeitos
de doenças febris exantemáticas investigados na cidade é o
maior do continente americano e é três vezes superior ao
verificado no Estado de São Paulo.
Somente em
2002, foram notificados pela vigilância epidemiológica
municipal 207 casos suspeitos de sarampo e rubéola, 101
suspeitos de febre maculosa e 10.070 suspeitos de dengue,
sendo 1.070 de dengue com exantema.
Além disso,
para a escolha de Campinas, foram levados em conta o número
de habitantes, o apoio da sociedade médica local, a existência
de laboratórios de referência e o fato da cidade contar com
duas universidades e uma boa rede hospitalar. Também foram
consideradas questões logísticas e financeiras.
O
investimento total para o projeto é de US$ 150 mil, aplicados
em kits laboratoriais, pagamento de pessoal, logística de
informação e transporte de amostras, processamento e análise
de dados e divulgação. A duração do Vigifex é de um ano,
podendo ser prorrogada.
De acordo
Cristiana Toscano, as principais causas de febre e manchas na
pele da população em geral sempre foram sarampo e rubéola.
A partir de 2002, países do continente americano conseguiram
eliminar o sarampo. Casos de rubéola também diminuíram
significativamente.
No entanto,
como ainda há casos de sarampo em muitos países, existe o
risco da reintrodução do vírus do sarampo no Brasil. Por
isso, segundo Cristiana, a OMS está iniciando esta outra
etapa no trabalho de erradicação da doença, que consiste na
detecção e averiguação de todas as outras causas de febre
e manchas na pele.
"Desde
maio, profissionais das redes pública e privada de saúde de
Campinas devem informar qualquer casos de febre e manchas ao
projeto Vigifex. A partir daí, com uma ou duas amostras do
sangue da pessoa, vai ser feita uma série de exames
laboratoriais que devem apontar o que está causando estas
manifestações", diz Cristiana.
O programa é
desenvolvido em parceria com organizações internacionais,
Ministério da Saúde, Secretaria de Estado da Saúde e com
apoio e colaboração de representantes da comunidade médica
e de diversas instituições de saúde de Campinas.A
Secretaria Municipal de saúde de Campinas é a coordenadora
local do projeto.
Saiba sobre o
sarampo
- O sarampo é a doença febril exantemática de maior freqüência
no mundo, com uma taxa de mortalidade importante e de fácil
transmissão. Em 97, o Estado de São Paulo enfrentou uma
epidemia da doença, com mais de 40 mil casos. Em 2000,
segundo a OMS, mais de 800 mil crianças adoeceram de sarampo
em várias partes do mundo.
Há mais de
30 anos a vacina contra o sarampo está disponível na rede pública
de saúde do Brasil. Ela deve ser aplicada quando a criança
completa o primeiro ano de vida. A vacinação é uma das
estratégias adotadas pela OMS para a erradicação da doença.
O último
caso confirmado de sarampo com origem em Campinas foi
registrado em 1999. No Estado de São Paulo foi em junho de
2000 e no Brasil em outubro de 2000.
Para
notificar os casos ao Vigifex, os profissionais de saúde
devem acessar o endereço eletrônico www.campinas.sp.gov.br/saude
(link vigifex) ou entrar em contato pelos números 0800
7700555, (19) 3735 0286 ou pelo BIP 08007074242 código
113001.