A Secretaria de
Saúde de Campinas, por meio da Visa (Vigilância de Saúde)
Leste, acaba de apreender, na manhã desta segunda-feira, 21 de
julho, 1.700 vidros de palmito clandestino em uma distribuidora
de conservas na rua Otávio Machado, 340, no Taquaral. O peso líquido
da cada unidade é de 1,8 quilo. Os técnicos da Visa chegaram
até o local por meio de denúncia anônima feita à Polícia
Florestal.
A ação foi em
parceria com a Polícia Florestal e ainda contou com colaboração
de funcionários da AR3 (Administração Regional) e de
ajudantes de controle ambiental do Distrito de Saúde Leste.
Parte do
produto estava estocado sem rótulos e foi inutilizada durante a
ação. De acordo com a Vigilância Sanitária de Campinas, toda
conserva de palmito deve ser comercializada com rótulo que
contenha informações como procedência, registro no Ibama
(Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis)
e no Ministério da Saúde e data de fabricação e validade.
Também é necessário conter informações sobre tempo de
validade após aberto, informação nutricional e dados do
fabricante (CNPJ, endereço).
Outro lote do
produto, com vidros já rotulados, foi apreendido porque existe
suspeita de que a rotulagem tenha ocorrido na própria
distribuidora, o que consiste em prática incorreta.
O proprietário
do local é reincidente. Ele já recebeu auto de infração e
multa pelo mesmo delito, anteriormente. Também foram
apreendidos na empresa máquina de carimbar rótulos, rótulos
em branco e tinta.
Técnicos da
Visa Leste ainda encontraram fotos do local onde o palmito é
produzido. AS fotos mostram que a industrialização ocorre em
condições precárias de higiene e condições inadequadas de
trabalho.
A operação
começou às 9h e ainda está em andamento. A Vigilância Sanitária
Leste, neste momento, providencia pessoal e carro para o
transporte do produto para o Delta, onde terá o destino
adequado.
A tecnóloga
sanitarista Janete Navarro, coordenadora da Visa Leste, informa
que está providenciando o encaminhamento da denúncia para a
Vigilância Sanitária de Marcelândia (MT), onde o palmito é
produzido, e para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária). A Vigilância de Goiânia deverá vistoriar o local
de produção e a Anvisa deverá reavaliar a concessão do
registro no Ministério da Saúde.
De acordo com
informações da Vigilância Epidemiológica de Campinas, ações
das vigilâncias sanitárias em todo Brasil mostram uma
realidade bastante precária na qual produções clandestinas de
palmito ou fábricas em estado precário conseguem atingir
distribuidores com marcas legais que colocam o produto no comércio
organizado.
De acordo com o
médico sanitarista Vicente Pisani Neto, coordenador da Vigilância
Sanitária de Campinas, o produto nestas condições pode estar
contaminado com micróbios, principalmente fungos, que causam
danos à saúde.
No caso específico
do palmito, segundo ele, o principal problema é o botulismo. O
botulismo é uma infecção alimentar provocada pela bactéria Clostridium
botulinum. O microorganismo é encontrado principalmente em
alimento vegetal em conserva envasado. É uma doença grave, que
exige internação demorada e tem letalidade alta.
Vicente orienta
que, ao adquirir palmito, o consumidor verifique se a embalagem
traz no rótulo todas as informações exigidas pela lei.
"Se o produto é de procedência duvidosa, melhor não
adquirir. Se a pessoa já adquiriu e tem dúvidas, o correto é
não consumir", diz.
A enfermeira
sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica
de Campinas, informa que mesmo o palmito com procedência idônea
deve ser consumido somente depois de cozido por 15 minutos em
temperatura acima de 100 graus Celsius. Ela diz que,
ocasionalmente, os produtos comerciais ainda causam botulismo
quando são preparados inadequadamente, em condições que
permitam a produção da toxina.
No Brasil, no
Estado de São Paulo, foram diagnosticados, nos últimos quatro
anos, três casos de botulismo de origem alimentar. Todas as
ocorrências foram relacionadas ao consumo de conservas
industrializadas de palmito, em vidro, uma de marca nacional e
as outras duas de origem boliviana.