Saúde apreende palmito clandestino

21/07/2003

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Visa (Vigilância de Saúde) Leste, acaba de apreender, na manhã desta segunda-feira, 21 de julho, 1.700 vidros de palmito clandestino em uma distribuidora de conservas na rua Otávio Machado, 340, no Taquaral. O peso líquido da cada unidade é de 1,8 quilo. Os técnicos da Visa chegaram até o local por meio de denúncia anônima feita à Polícia Florestal.

A ação foi em parceria com a Polícia Florestal e ainda contou com colaboração de funcionários da AR3 (Administração Regional) e de ajudantes de controle ambiental do Distrito de Saúde Leste.

Parte do produto estava estocado sem rótulos e foi inutilizada durante a ação. De acordo com a Vigilância Sanitária de Campinas, toda conserva de palmito deve ser comercializada com rótulo que contenha informações como procedência, registro no Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) e no Ministério da Saúde e data de fabricação e validade. Também é necessário conter informações sobre tempo de validade após aberto, informação nutricional e dados do fabricante (CNPJ, endereço).

Outro lote do produto, com vidros já rotulados, foi apreendido porque existe suspeita de que a rotulagem tenha ocorrido na própria distribuidora, o que consiste em prática incorreta.

O proprietário do local é reincidente. Ele já recebeu auto de infração e multa pelo mesmo delito, anteriormente. Também foram apreendidos na empresa máquina de carimbar rótulos, rótulos em branco e tinta.

Técnicos da Visa Leste ainda encontraram fotos do local onde o palmito é produzido. AS fotos mostram que a industrialização ocorre em condições precárias de higiene e condições inadequadas de trabalho.

A operação começou às 9h e ainda está em andamento. A Vigilância Sanitária Leste, neste momento, providencia pessoal e carro para o transporte do produto para o Delta, onde terá o destino adequado.

A tecnóloga sanitarista Janete Navarro, coordenadora da Visa Leste, informa que está providenciando o encaminhamento da denúncia para a Vigilância Sanitária de Marcelândia (MT), onde o palmito é produzido, e para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A Vigilância de Goiânia deverá vistoriar o local de produção e a Anvisa deverá reavaliar a concessão do registro no Ministério da Saúde.

De acordo com informações da Vigilância Epidemiológica de Campinas, ações das vigilâncias sanitárias em todo Brasil mostram uma realidade bastante precária na qual produções clandestinas de palmito ou fábricas em estado precário conseguem atingir distribuidores com marcas legais que colocam o produto no comércio organizado.

De acordo com o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, coordenador da Vigilância Sanitária de Campinas, o produto nestas condições pode estar contaminado com micróbios, principalmente fungos, que causam danos à saúde.

No caso específico do palmito, segundo ele, o principal problema é o botulismo. O botulismo é uma infecção alimentar provocada pela bactéria Clostridium botulinum. O microorganismo é encontrado principalmente em alimento vegetal em conserva envasado. É uma doença grave, que exige internação demorada e tem letalidade alta.

Vicente orienta que, ao adquirir palmito, o consumidor verifique se a embalagem traz no rótulo todas as informações exigidas pela lei. "Se o produto é de procedência duvidosa, melhor não adquirir. Se a pessoa já adquiriu e tem dúvidas, o correto é não consumir", diz.

A enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, informa que mesmo o palmito com procedência idônea deve ser consumido somente depois de cozido por 15 minutos em temperatura acima de 100 graus Celsius. Ela diz que, ocasionalmente, os produtos comerciais ainda causam botulismo quando são preparados inadequadamente, em condições que permitam a produção da toxina.

No Brasil, no Estado de São Paulo, foram diagnosticados, nos últimos quatro anos, três casos de botulismo de origem alimentar. Todas as ocorrências foram relacionadas ao consumo de conservas industrializadas de palmito, em vidro, uma de marca nacional e as outras duas de origem boliviana.

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