Campinas confirma dois casos de febre maculosa

24/07/2003

A Secretaria Municipal de Saúde confirmou, na última quarta-feira, 22 de julho, os dois primeiros casos de febre maculosa em Campinas este ano. Trata-se do aposentado B.S.M., de 59 anos, morto no último 26 de junho, e de seu vizinho J.D.B., de 65, que morreu dois dias antes.

Os dois amigos, que moravam no Jardim Santa Eudóxia, na Região Sul de Campinas, foram pescar num local próximo à captação do DAE de Valinhos, na divisa com Campinas. Sintomas parecidos com os de uma gripe apareceram horas depois. Também surgiram manchas vermelhas pelo corpo. J.D.B. chegou a ser levado para a Casa de Saúde, mas acabou morrendo. Dois dias depois, B.S.M. morreu no HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Ontem, no final da tarde, exames do Laboratório Adolfo Lutz confirmaram a suspeita das autoridades sanitárias. Os dois foram vítimas da febre maculosa – doença provocada por uma bactéria (Rickttsia rickettssii) transmitida ao homem pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) ou micuim.

Comum na região de Campinas, a febre maculosa produz sintomas parecidos com os de outras doenças, como leptospirose e dengue hemorrágica. Os principais sinais são febre alta com início súbito, dor de cabeça, dores musculares e manchas vermelhas na pele. Também podem surgir dor abdominal e prostração.

A doença passou a ser de notificação obrigatória na região da Dir 12 (Direção Regional de Saúde de Campinas) em 1989. Desde lá, o número de casos suspeitos vem aumentando. Em Campinas, as notificações quase dobraram desde 2001 para 2002. A Secretaria de Saúde confirmou quatro casos em 2001 e nenhum em 2002. Não houve mortes neste período. Este ano, já foram investigadas 26 ocorrências, sendo que duas estão confirmadas, 19 foram descartadas e cinco ainda estão sendo analisadas.

Em 2001, a febre maculosa passou a ser de notificação obrigatória em todo País. Estados como o Rio de Janeiro e Minas Gerais Também são áreas de transmissão.

De acordo com a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, apesar de atingir menos gente do que outras doenças infecciosas, a febre maculosa preocupa pela alta taxa de letalidade – entre 40% e 50%.

Entretanto, segundo Brigina, se tratada no começo do aparecimento dos sintomas, geralmente tem boa evolução. "Quanto mais precoce for iniciado o tratamento, maior a probabilidade de cura", diz a enfermeira. Ela informa que em 2001 em Campinas a taxa de cura atingiu 100% - dos quatro casos confirmados, todos se recuperaram.

Prevenção - Não há vacinas disponíveis eficazes para a doença. No entanto, as pessoas podem tomar certos cuidados para evitá-la. O ideal é evitar o acesso a áreas de infestação. Na região de Campinas, já estão confirmados casos de pessoas infectadas nas margens dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, principalmente nos municípios de Pedreira, Jaguariúna e Campinas, além de Amparo e Valinhos.

Se precisar transitar em áreas de risco para a doença, a pessoa deve proteger todo corpo usando roupas claras com mangas compridas e calças compridas. A cada duas horas é necessário fazer um auto-exame para verificar se há carrapatos aderidos à pele.

De acordo com técnicos da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o momento da retirada dos carrapatos de uma pessoa parasitada é importante para a prevenção da doença. Quanto mais precoce, completa e segura a retirada, menor a chance de inoculação de bactérias – e portanto de surgir febre maculosa – e de complicações locais como reação inflamatória ou infecção secundária.

Por isso, a orientação da Secretaria de Saúde é para que a retirada de carrapatos seja feita, de preferência, nos Centros de Saúde. Nestes serviços, o profissional está preparado para retirar o carrapato, operação que deve ser feita com luva. Ele também pode verificar se há outros exemplares aderidos ao corpo da pessoa e orientá-la sobre a doença, sintomas, quando procurar o profissional de saúde e maneiras de prevenção.

Volta ao índice de notícias