A Secretaria
Municipal de Saúde confirmou, na última quarta-feira, 22 de
julho, os dois primeiros casos de febre maculosa em Campinas
este ano. Trata-se do aposentado B.S.M., de 59 anos, morto no último
26 de junho, e de seu vizinho J.D.B., de 65, que morreu dois
dias antes.
Os dois amigos,
que moravam no Jardim Santa Eudóxia, na Região Sul de
Campinas, foram pescar num local próximo à captação do DAE
de Valinhos, na divisa com Campinas. Sintomas parecidos com os
de uma gripe apareceram horas depois. Também surgiram manchas
vermelhas pelo corpo. J.D.B. chegou a ser levado para a Casa de
Saúde, mas acabou morrendo. Dois dias depois, B.S.M. morreu no
HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas).
Ontem, no final
da tarde, exames do Laboratório Adolfo Lutz confirmaram a
suspeita das autoridades sanitárias. Os dois foram vítimas da
febre maculosa – doença provocada por uma bactéria (Rickttsia
rickettssii) transmitida ao homem pelo carrapato-estrela (Amblyomma
cajennense) ou micuim.
Comum na região
de Campinas, a febre maculosa produz sintomas parecidos com os
de outras doenças, como leptospirose e dengue hemorrágica. Os
principais sinais são febre alta com início súbito, dor de
cabeça, dores musculares e manchas vermelhas na pele. Também
podem surgir dor abdominal e prostração.
A doença
passou a ser de notificação obrigatória na região da Dir 12
(Direção Regional de Saúde de Campinas) em 1989. Desde lá, o
número de casos suspeitos vem aumentando. Em Campinas, as
notificações quase dobraram desde 2001 para 2002. A Secretaria
de Saúde confirmou quatro casos em 2001 e nenhum em 2002. Não
houve mortes neste período. Este ano, já foram investigadas 26
ocorrências, sendo que duas estão confirmadas, 19 foram
descartadas e cinco ainda estão sendo analisadas.
Em 2001, a
febre maculosa passou a ser de notificação obrigatória em
todo País. Estados como o Rio de Janeiro e Minas Gerais Também
são áreas de transmissão.
De acordo com a
enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância
Epidemiológica de Campinas, apesar de atingir menos gente do
que outras doenças infecciosas, a febre maculosa preocupa pela
alta taxa de letalidade – entre 40% e 50%.
Entretanto,
segundo Brigina, se tratada no começo do aparecimento dos
sintomas, geralmente tem boa evolução. "Quanto mais
precoce for iniciado o tratamento, maior a probabilidade de
cura", diz a enfermeira. Ela informa que em 2001 em
Campinas a taxa de cura atingiu 100% - dos quatro casos
confirmados, todos se recuperaram.
Prevenção
- Não há vacinas disponíveis eficazes para a doença. No
entanto, as pessoas podem tomar certos cuidados para evitá-la.
O ideal é evitar o acesso a áreas de infestação. Na região
de Campinas, já estão confirmados casos de pessoas infectadas
nas margens dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí,
principalmente nos municípios de Pedreira, Jaguariúna e
Campinas, além de Amparo e Valinhos.
Se precisar
transitar em áreas de risco para a doença, a pessoa deve
proteger todo corpo usando roupas claras com mangas compridas e
calças compridas. A cada duas horas é necessário fazer um
auto-exame para verificar se há carrapatos aderidos à pele.
De acordo com técnicos
da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o momento da
retirada dos carrapatos de uma pessoa parasitada é importante
para a prevenção da doença. Quanto mais precoce, completa e
segura a retirada, menor a chance de inoculação de bactérias
– e portanto de surgir febre maculosa – e de complicações
locais como reação inflamatória ou infecção secundária.
Por isso, a
orientação da Secretaria de Saúde é para que a retirada de
carrapatos seja feita, de preferência, nos Centros de Saúde.
Nestes serviços, o profissional está preparado para retirar o
carrapato, operação que deve ser feita com luva. Ele também
pode verificar se há outros exemplares aderidos ao corpo da
pessoa e orientá-la sobre a doença, sintomas, quando procurar
o profissional de saúde e maneiras de prevenção.