Mais de 700
moradores de 250 residências das Chácaras Pouso Alegre, na
região Sudoeste de Campinas, foram cadastrados pelas equipes
da Secretaria Municipal de Saúde durante ação para combater
um surto de leishmaniose cutânea, de acordo com dados
divulgados nesta quinta-feira, 24 de julho, pela Visa-Sudoeste
(Vigilância em Saúde).
A comunidade,
rural, fica às margens do rio Capivari-Mirim e Córrego
Aeroporto, na divisa com Indaiatuba. Exames laboratoriais
confirmaram a doença em cinco moradores. Todos foram tratados
e já estão bem. Desde 93, a cidade não registrava surtos da
doença.
A partir de
agora, a área, classificada como de risco para a
leishmaniose, está sob vigilância permanente coordenada pela
Visa-Sudoeste. As atividades são desenvolvidas em conjunto
por profissionais do Centro de Saúde São Cristóvão, Centro
de Controle de Zoonoses (CCZ), além da Superintendência do
Controle de Endemias (Sucen).
A partir do
cadastramento, os profissionais delimitaram uma área
considerada de alto risco para a doença. Segundo o médico
veterinário Cláudio Castagna, do Distrito de Saúde
Sudoeste, os moradores desta área específica estão mais
expostos porque moram ao lado da mata nativa, ao longo do córrego
Aeroporto, com a qual estão relacionados todos os casos
positivos.
Todas as famílias
ainda receberam orientações quanto aos sintomas, quando
procurar a equipe de saúde e cuidados que devem ser adotados
para evitar a leishmaniose cutânea. Nas casas mais expostas,
os moradores receberam modelos de tela e de mosquiteiro que
devem ser colocados em portas e janelas e sobre as camas.
Também
receberam dicas sobre como arrumar o quintal, mantendo-o
limpo, e sobre como dispor corretamente os resíduos. Informações
sobre como cuidar da saúde dos animais e como proceder para
manutenção das condições de higiene do canil e do estábulo
também foram divulgadas.
Outra
recomendação é que as pessoas evitem o trecho de mata que
oferece maior risco. Se necessitarem entrar no local, o
correto, de acordo com Cláudio, é evitar fazê-lo durante o
pôr-do-sol. É imprescindível usar roupa que proteja todo o
corpo e repelente.
As equipes
ainda promoveram inquérito sorológico – exames de sangue -
em cães e cavalos para avaliar o risco da transmissão da
doença entre animais e seus proprietários. O procedimento é
necessário porque a transmissão da leishmaniose ocorre
quando o mosquito palha pica um animal doente e depois pica o
homem ou outros animais.
A população
de mosquito da espécie flebótomo também está sendo
monitorada na área. Até o momento, sete exemplares do inseto
foram identificados. "A constatação reforça que a área
é de risco", diz Cláudio.
Leishmaniose
- A leishmaniose cutânea, também chamada de úlcera de bauru
ou ferida brava, é uma doença causada por um micróbio
(protozoário) chamado de Leishmânia. É transmitida
ao homem e a outros animais pelo mosquito flebótomo,
conhecido popularmente como mosquito palha ou birigüi.
A pessoa com
leishmaniose apresenta febre, mal-estar e feridas que não
cicatrizam, sendo que a característica principal da doença são
feridas indolores, que aumentam de tamanho lentamente e não
se curam com terapias convencionais.
A
leishmaniose cutânea ocorre em todo País. A doença tem cura
e o tratamento está disponível, gratuitamente, na rede pública.
A doença não é transmitida por contato com mãos ou pele.