Saúde cadastra mais de 700 em área de risco para a leishmaniose

24/07/2003

Mais de 700 moradores de 250 residências das Chácaras Pouso Alegre, na região Sudoeste de Campinas, foram cadastrados pelas equipes da Secretaria Municipal de Saúde durante ação para combater um surto de leishmaniose cutânea, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, 24 de julho, pela Visa-Sudoeste (Vigilância em Saúde).

A comunidade, rural, fica às margens do rio Capivari-Mirim e Córrego Aeroporto, na divisa com Indaiatuba. Exames laboratoriais confirmaram a doença em cinco moradores. Todos foram tratados e já estão bem. Desde 93, a cidade não registrava surtos da doença.

A partir de agora, a área, classificada como de risco para a leishmaniose, está sob vigilância permanente coordenada pela Visa-Sudoeste. As atividades são desenvolvidas em conjunto por profissionais do Centro de Saúde São Cristóvão, Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), além da Superintendência do Controle de Endemias (Sucen).

A partir do cadastramento, os profissionais delimitaram uma área considerada de alto risco para a doença. Segundo o médico veterinário Cláudio Castagna, do Distrito de Saúde Sudoeste, os moradores desta área específica estão mais expostos porque moram ao lado da mata nativa, ao longo do córrego Aeroporto, com a qual estão relacionados todos os casos positivos.

Todas as famílias ainda receberam orientações quanto aos sintomas, quando procurar a equipe de saúde e cuidados que devem ser adotados para evitar a leishmaniose cutânea. Nas casas mais expostas, os moradores receberam modelos de tela e de mosquiteiro que devem ser colocados em portas e janelas e sobre as camas.

Também receberam dicas sobre como arrumar o quintal, mantendo-o limpo, e sobre como dispor corretamente os resíduos. Informações sobre como cuidar da saúde dos animais e como proceder para manutenção das condições de higiene do canil e do estábulo também foram divulgadas.

Outra recomendação é que as pessoas evitem o trecho de mata que oferece maior risco. Se necessitarem entrar no local, o correto, de acordo com Cláudio, é evitar fazê-lo durante o pôr-do-sol. É imprescindível usar roupa que proteja todo o corpo e repelente.

As equipes ainda promoveram inquérito sorológico – exames de sangue - em cães e cavalos para avaliar o risco da transmissão da doença entre animais e seus proprietários. O procedimento é necessário porque a transmissão da leishmaniose ocorre quando o mosquito palha pica um animal doente e depois pica o homem ou outros animais.

A população de mosquito da espécie flebótomo também está sendo monitorada na área. Até o momento, sete exemplares do inseto foram identificados. "A constatação reforça que a área é de risco", diz Cláudio.

Leishmaniose - A leishmaniose cutânea, também chamada de úlcera de bauru ou ferida brava, é uma doença causada por um micróbio (protozoário) chamado de Leishmânia. É transmitida ao homem e a outros animais pelo mosquito flebótomo, conhecido popularmente como mosquito palha ou birigüi.

A pessoa com leishmaniose apresenta febre, mal-estar e feridas que não cicatrizam, sendo que a característica principal da doença são feridas indolores, que aumentam de tamanho lentamente e não se curam com terapias convencionais.

A leishmaniose cutânea ocorre em todo País. A doença tem cura e o tratamento está disponível, gratuitamente, na rede pública. A doença não é transmitida por contato com mãos ou pele.

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