A Secretaria de
Saúde de Campinas anunciou nesta segunda-feira, 28 de julho,
que vai apreender cães e gatos que vivem soltos no Bosque dos
Jequitibás e nas ruas num raio de 500 metros do local. Os
animais serão encaminhados para eutanásia. A captura ocorrerá
o mais breve possível. A Administração do Bosque estima que
aproximadamente 30 gatos vivam soltos na área. Não há
registros de cachorros errantes no local.
A medida,
indicada pelo Ministério da Saúde, pela Secretaria de Estado
da Saúde e pelo Programa Nacional de Controle da Raiva, é
mais uma da série de providências adotadas pela Prefeitura
para prevenir o aparecimento de casos de raiva animal na área.
Há duas
semanas, a Secretaria de Saúde confirmou um caso de raiva em
um morcego não hematófago encontrado por um morador nas
imediações da rua 29 de Janeiro, no bairro Proença, a duas
quadras do Bosque. O animal foi encaminhado para o Centro de
Controle de Zoonoses (CCZ) que enviou a espécie para exames
que confirmaram a doença.
Imediatamente
após a confirmação, profissionais do CCZ iniciaram vacinação
em cães e gatos domiciliados na área. No total, 144 cães e
30 gatos receberam, de graça, a vacina contra a doença. As
equipes também conversaram com os moradores para conscientizá-los
sobre o risco da doença, a necessidade de proteger seus
animais e como proceder ao encontrar morcegos.
De acordo com
a Secretaria de Saúde, a situação é grave. A raiva é uma
doença sempre fatal. Não há tratamento para a enfermidade
que é transmitida do animal doente para outro bicho ou para o
homem.
A enfermeira
sanitarista Salma Balista, coordenadora da Coordenadoria de
Vigilância e Saúde Ambiental de Campinas (Covisa), informa
que a única maneira de combater a raiva é a prevenção.
Segundo a coordenadora, a partir do momento em que a pessoa
desenvolve os sintomas da doença ela vai morrer.
"Por
isso, pela gravidade da situação e atendendo a norma técnica
dos órgãos estadual e federal de saúde, todo animal
encontrado solto na área do foco será apreendido e
eutanasiado", diz Salma.
A informação
sobre o procedimento tornou-se pública na última
segunda-feira numa reunião onde estavam presentes integrantes
do Conselho de Saúde do CCZ, das entidades municipais
protetoras dos animais, do Programa Estadual de Controle da
Raiva e profissionais da imprensa.
O médico
veterinário Antônio Carlos Coelho Figueiredo, coordenador do
Programa Estadual de Controle da Raiva, afirma que não há
indicação de retirar os animais da área e mantê-los em
observação noutro ambiente. "A situação é muito
grave. Não podemos correr o risco de transferir um animal que
pode ter sido infectado para outro local", diz.
Desde o início
de 2003, quatro casos de raiva em morcegos foram registrados
no município, sendo dois na área de Barão Geraldo, um na
Região Sul e o caso confirmado ontem no Proença.
O último
caso de raiva em humano em Campinas foi registrado em 1981. Em
cão, a última ocorrência foi em 82 e, em gato, em 2000.
"O controle da doença na cidade só é possível porque
a cada suspeita o município desencadeia todas as ações de
bloqueio. Também mantemos campanha de vacinação anual
gratuita", afirma a médica sanitarista Tereza de Jesus
Martins, coordenadora do Distrito de Saúde Sul.
Em vigília
- O aparecimento de morcegos contaminados pela raiva em áreas
urbanas de Campinas preocupa a Secretaria Municipal de Saúde.
Segundo o médico
veterinário Ricardo Conde Alves Rodrigues, do CCZ de
Campinas, as ocorrências vêm desencadeando campanhas
educativas e têm levado o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses)
e os Centros de Saúde a intensificar a busca por estes
animais em toda cidade. "Morcegos caídos no chão mortos
ou com dificuldades de vôo podem estar doentes e transmitir a
raiva para os outros animais e para o homem", diz.
Ricardo
afirma que os morcegos só vão colocar a saliva em contato
com algum animal ou com o homem no momento de morder e esta
mordida é uma reação natural, para se defender. "Por
isso, é importante que as pessoas nunca manipulem
morcegos", informa.
A raiva
animal é uma doença sempre fatal e pode atingir o homem se
ele mantiver contato com algum animal infectado. Então, no
caso de morcego encontrado caído morto ou vivo, o correto é
recolhê-lo com a ajuda de uma vassoura e uma pá, por
exemplo, e entrar em contato com o CCZ ou com o Centro de Saúde.
"Somente pessoas autorizadas, com capacitação técnica
ou pré-expostas à raiva devem ter contato com
morcegos", informa o veterinário.
Pessoas pré-expostas
são aquelas que, por desenvolverem atividades que oferecem
risco de contágio da raiva – como tratadores de animais ou
profissionais que lidam com morcegos -, são submetidas a um
procedimento (vacinação) que protege contra a doença.
Ricardo diz
ainda que o problema de morcegos em áreas urbanas, em prédios
inclusive, é comum nas cidades grandes com características
como as de Campinas. Se a população tiver alguma queixa
neste sentido, o correto é se informar sobre como proceder e
solicitar ajuda ao CCZ de Campinas pelos telefones 3245 1219
ou 3245 7181 ou 3245 2268.
Ricardo
informa ainda que existem alguns artefatos, algumas formas de
colocar barreiras para impedir a entrada de morcegos nestes
locais. "Também existem técnicas de engenharia que
podem ser adotadas para impedir que morcegos tomem estes
locais como abrigos", completa.
Epizootia - Campinas
enfrenta epizootia de raiva em herbívoros desde 2000, quando
a doença atingiu animais no Distrito de Joaquim Egídio, na
região Leste da cidade. Em 2001, a doença atingiu também
Sousas e a área rural do Taquaral, quando a Secretaria de Saúde
confirmou 30 casos de raiva, distribuídos entre bovinos, eqüinos
e quirópteros - morcegos. Em 2002, foram 27 casos, sendo três
em morcegos e o restante em bois e cavalos.
A ocorrência
da doença em animais que convivem próximos ao ser humano
aumenta a possibilidade da doença, sempre fatal, atingir o
homem. Por isso, é importante que as pessoas informem o
Centro de Saúde, o CCZ ou, no caso de área rural, o Escritório
de Defesa Agropecuária se algum animal morrer com suspeita de
raiva ou por outro motivo desconhecido.
Outra medida
importante no controle da raiva é a vacinação de cães e
gatos. Em Campinas, a Prefeitura promove campanhas anuais de
vacinação contra a raiva para estes animais. Além disso, o
CCZ mantém a vacinação durante todo ano. As doses são
gratuitas.
Também é
importante que a população contribua para diminuir o número
de animais abandonados que perambulam pelas ruas da cidade e
evite crias indesejáveis. As crias podem ser evitadas
prendendo a fêmea no cio ou por meio da castração.
Vacinação -
Confira
as datas da Campanha de vacinação contra a raiva animal em
Campinas:
13 e 14 de
setembro: região Noroeste
20 e 21 de setembro: região Sul
27 e 28 de setembro: região Sudoeste
4 e 5 de outubro: região Leste
18 e 19 de outubro: região Norte