Saúde vai apreender gatos errantes do bosque e submetê-los à eutanásia

29/07/2003

A Secretaria de Saúde de Campinas anunciou nesta segunda-feira, 28 de julho, que vai apreender cães e gatos que vivem soltos no Bosque dos Jequitibás e nas ruas num raio de 500 metros do local. Os animais serão encaminhados para eutanásia. A captura ocorrerá o mais breve possível. A Administração do Bosque estima que aproximadamente 30 gatos vivam soltos na área. Não há registros de cachorros errantes no local.

A medida, indicada pelo Ministério da Saúde, pela Secretaria de Estado da Saúde e pelo Programa Nacional de Controle da Raiva, é mais uma da série de providências adotadas pela Prefeitura para prevenir o aparecimento de casos de raiva animal na área.

Há duas semanas, a Secretaria de Saúde confirmou um caso de raiva em um morcego não hematófago encontrado por um morador nas imediações da rua 29 de Janeiro, no bairro Proença, a duas quadras do Bosque. O animal foi encaminhado para o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) que enviou a espécie para exames que confirmaram a doença.

Imediatamente após a confirmação, profissionais do CCZ iniciaram vacinação em cães e gatos domiciliados na área. No total, 144 cães e 30 gatos receberam, de graça, a vacina contra a doença. As equipes também conversaram com os moradores para conscientizá-los sobre o risco da doença, a necessidade de proteger seus animais e como proceder ao encontrar morcegos.

De acordo com a Secretaria de Saúde, a situação é grave. A raiva é uma doença sempre fatal. Não há tratamento para a enfermidade que é transmitida do animal doente para outro bicho ou para o homem.

A enfermeira sanitarista Salma Balista, coordenadora da Coordenadoria de Vigilância e Saúde Ambiental de Campinas (Covisa), informa que a única maneira de combater a raiva é a prevenção. Segundo a coordenadora, a partir do momento em que a pessoa desenvolve os sintomas da doença ela vai morrer.

"Por isso, pela gravidade da situação e atendendo a norma técnica dos órgãos estadual e federal de saúde, todo animal encontrado solto na área do foco será apreendido e eutanasiado", diz Salma.

A informação sobre o procedimento tornou-se pública na última segunda-feira numa reunião onde estavam presentes integrantes do Conselho de Saúde do CCZ, das entidades municipais protetoras dos animais, do Programa Estadual de Controle da Raiva e profissionais da imprensa.

O médico veterinário Antônio Carlos Coelho Figueiredo, coordenador do Programa Estadual de Controle da Raiva, afirma que não há indicação de retirar os animais da área e mantê-los em observação noutro ambiente. "A situação é muito grave. Não podemos correr o risco de transferir um animal que pode ter sido infectado para outro local", diz.

Desde o início de 2003, quatro casos de raiva em morcegos foram registrados no município, sendo dois na área de Barão Geraldo, um na Região Sul e o caso confirmado ontem no Proença.

O último caso de raiva em humano em Campinas foi registrado em 1981. Em cão, a última ocorrência foi em 82 e, em gato, em 2000. "O controle da doença na cidade só é possível porque a cada suspeita o município desencadeia todas as ações de bloqueio. Também mantemos campanha de vacinação anual gratuita", afirma a médica sanitarista Tereza de Jesus Martins, coordenadora do Distrito de Saúde Sul.

Em vigília - O aparecimento de morcegos contaminados pela raiva em áreas urbanas de Campinas preocupa a Secretaria Municipal de Saúde.

Segundo o médico veterinário Ricardo Conde Alves Rodrigues, do CCZ de Campinas, as ocorrências vêm desencadeando campanhas educativas e têm levado o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) e os Centros de Saúde a intensificar a busca por estes animais em toda cidade. "Morcegos caídos no chão mortos ou com dificuldades de vôo podem estar doentes e transmitir a raiva para os outros animais e para o homem", diz.

Ricardo afirma que os morcegos só vão colocar a saliva em contato com algum animal ou com o homem no momento de morder e esta mordida é uma reação natural, para se defender. "Por isso, é importante que as pessoas nunca manipulem morcegos", informa.

A raiva animal é uma doença sempre fatal e pode atingir o homem se ele mantiver contato com algum animal infectado. Então, no caso de morcego encontrado caído morto ou vivo, o correto é recolhê-lo com a ajuda de uma vassoura e uma pá, por exemplo, e entrar em contato com o CCZ ou com o Centro de Saúde. "Somente pessoas autorizadas, com capacitação técnica ou pré-expostas à raiva devem ter contato com morcegos", informa o veterinário.

Pessoas pré-expostas são aquelas que, por desenvolverem atividades que oferecem risco de contágio da raiva – como tratadores de animais ou profissionais que lidam com morcegos -, são submetidas a um procedimento (vacinação) que protege contra a doença.

Ricardo diz ainda que o problema de morcegos em áreas urbanas, em prédios inclusive, é comum nas cidades grandes com características como as de Campinas. Se a população tiver alguma queixa neste sentido, o correto é se informar sobre como proceder e solicitar ajuda ao CCZ de Campinas pelos telefones 3245 1219 ou 3245 7181 ou 3245 2268.

Ricardo informa ainda que existem alguns artefatos, algumas formas de colocar barreiras para impedir a entrada de morcegos nestes locais. "Também existem técnicas de engenharia que podem ser adotadas para impedir que morcegos tomem estes locais como abrigos", completa.

Epizootia - Campinas enfrenta epizootia de raiva em herbívoros desde 2000, quando a doença atingiu animais no Distrito de Joaquim Egídio, na região Leste da cidade. Em 2001, a doença atingiu também Sousas e a área rural do Taquaral, quando a Secretaria de Saúde confirmou 30 casos de raiva, distribuídos entre bovinos, eqüinos e quirópteros - morcegos. Em 2002, foram 27 casos, sendo três em morcegos e o restante em bois e cavalos.

A ocorrência da doença em animais que convivem próximos ao ser humano aumenta a possibilidade da doença, sempre fatal, atingir o homem. Por isso, é importante que as pessoas informem o Centro de Saúde, o CCZ ou, no caso de área rural, o Escritório de Defesa Agropecuária se algum animal morrer com suspeita de raiva ou por outro motivo desconhecido.

Outra medida importante no controle da raiva é a vacinação de cães e gatos. Em Campinas, a Prefeitura promove campanhas anuais de vacinação contra a raiva para estes animais. Além disso, o CCZ mantém a vacinação durante todo ano. As doses são gratuitas.

Também é importante que a população contribua para diminuir o número de animais abandonados que perambulam pelas ruas da cidade e evite crias indesejáveis. As crias podem ser evitadas prendendo a fêmea no cio ou por meio da castração.

Vacinação - Confira as datas da Campanha de vacinação contra a raiva animal em Campinas:

13 e 14 de setembro: região Noroeste
20 e 21 de setembro: região Sul
27 e 28 de setembro: região Sudoeste
4 e 5 de outubro: região Leste
18 e 19 de outubro: região Norte

Volta ao índice de notícias