Talita El
Kadri
A
Secretaria de Saúde de Campinas confirmou, em julho, uma
nova área de transmissão de febre maculosa na Vila Ipê,
região Sul da cidade. A doença, provocada por uma bactéria
(Rickttsia rickettssii) transmitida ao homem pelo
carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) ou micuim,
pode levar à morte. Até então, no município, já haviam
sido confirmados casos de pessoas infectadas em Joaquim Egídio,
Fazenda Barra Jaguari, Fazenda Monte D'Este, Parque Hermógenes,
área próxima à Fazenda Solar das Andorinhas, Sousas e no
Parque Portugal, onde estão a Lagoa do Taquaral e o Lago do
Café.
O novo
local de transmissão foi identificado após uma criança
ter sido infectada na divisa entre a Vila ipê, Parque
Jambeiro e Jardim dos Oliveiras. A criança, de 9 anos, freqüentou
o local no dia 7 de junho. Os primeiros sintomas, parecidos
com os de uma forte gripe, apareceram no dia 13. Também
surgiram manchas vermelhas pelo corpo. A mãe relatou ao médico
que o menino havia sido picado por carrapatos.
Imediatamente, iniciou-se o tratamento.
Na semana
passada, exames do Laboratório Adolfo Lutz confirmaram a
suspeita de febre maculosa. A criança foi tratada no
Hospital Municipal Mário Gatti e já recebeu alta. Foi o
primeiro caso da doença confirmado em 2004 em Campinas. No
total, foram notificados 31 suspeitos este ano.
Todas as
medidas ambientais e sanitárias para prevenir novos casos
no local já foram implementadas pela Secretaria de Saúde.
A população da área está sendo orientada pelos técnicos
do Núcleo de Saúde Coletiva do Centro de Saúde da Vila Ipê,
que é referência para aquela população.
A Saúde
Coletiva de Campinas já divulgou informe técnico para os
profissionais de saúde para alertá-los sobre a nova área
de transmissão e sensibilizá-los quanto à necessidade do
diagnóstico precoce da doença.
Maior
incidência. A bióloga Maria Geralda Rodrigues de
Almeida, da Vigilância em Saúde (Visa) Sul, informa que
nesta época do ano o número de carrapatos no meio ambiente
é maior porque coincide a época de reprodução com a época
de seca, o que favorece a proliferação. "Conseqüentemente,
aumenta o número de picadas do carrapato e notificações
da doença", diz.
A bióloga
explica que no local já foram desencadeadas ações de
conscientização da população. A comunidade está sendo
orientada para adotar cuidados com seus animais e para
manter o quintal roçado e evitar áreas de mato. "Se
for necessário adentrar área de vegetação, a pessoa deve
se proteger com roupas que protejam todo o corpo como calças
e blusas de mangas compridas e sapatos fechados. É necessário
fazer um auto-exame a cada três horas para verificar se há
carrapatos aderidos à pele", informa. Segundo Geralda,
o local tem cerca de 12 chácaras e um número grande de
cavalos e vacas.
A doença.
A febre maculosa provoca sintomas parecidos com os de outras
doenças, como leptospirose e dengue hemorrágica. Os
principais sinais são febre, dor no corpo, dor de cabeça e
manchas vermelhas na pele. A doença preocupa pela alta taxa
de letalidade. Campinas confirmou 14 casos de febre maculosa
de 1995 a 2003. Do total de casos, 43% foram a óbito.
Segundo a
enfermeira da vigilância em saúde, Ester Whyte Afonso
Ferreira, se tratada no começo do aparecimento das
sintomas, geralmente tem boa evolução. "Quanto mais
precoce for iniciado o tratamento, maior a probabilidade de
cura", diz.
De acordo
com a médica veterinária Jeanette Trigo Nasser, da Saúde
Coletiva de Campinas, o momento da retirada dos carrapatos
de uma pessoa parasitada é importante para a prevenção da
doença. Quanto mais precoce, completa e segura a retirada,
menor a chance de inoculação de bactérias - e portanto de
surgir febre maculosa - e de complicações locais como reação
inflamatória ou infecção secundária.
"Por
isso, a orientação é para que a retirada de carrapatos
seja feita, de preferência, no Centros de Saúde. Nestes
serviços, o profissional está preparado para retirar o
carrapato. O profissional também pode verificar se há
outros exemplares aderidos ao corpo da pessoa e orientá-la
sobre a doença, sintomas, quando procurar o profissional de
saúde e maneiras de prevenção", afirma. A veterinária
informa ainda que nem todos os carrapatos estão infectados
com a bactéria.