Vigilância em saúde alerta profissionais e serviços de saúde sobre meningite

19/07/2004

Denize Assis e Talita El Kadri

A Secretaria de Saúde de Campinas elaborou e começou a divulgar nesta segunda-feira, 19 de julho, informe técnico para médicos e equipes de saúde de toda a rede pública e de hospitais públicos e privados do município sobre as ocorrências de meningite registradas na cidade na última semana e a importância do diagnóstico precoce para o tratamento da doença.

Entre segunda-feira e sexta-feira da semana passada, entre os dias 15 e 16 de julho, foram registrados quatro óbitos de meningite, sendo três em crianças. Destes registros, três são de meningite meningocócica e um da forma pneumocócica. Ainda foi registrado um caso que é suspeito de ter contraído a forma meningocócica e que refere-se a um paciente adulto que está internado no Hospital Celso Pierro. Os casos não estão relacionados portanto está descartada probabilidade de surto.

"A orientação é para que médicos, ao depararem com quadros febris, verifiquem muito bem para esclarecer o diagnóstico e, nas suspeitas de meningite, imediatamente encaminhem para coleta de líquor e confirmação do diagnóstico", diz o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Vigilância em Saúde de Campinas.

Segundo Vicente, os sintomas da meningite são febre alta, vômito em jato e rigidez no pescoço. Também podem aparecer manchas na pele, chamadas petéquias. "Quando a pessoa apresentar febre mais algum destes sintomas, deve ser encaminhada imediatamente para o serviço de saúde para esclarecer o diagnóstico e iniciar tratamento", afirma o sanitarista.

A meningite ocorre durante todo ano. No entanto, no inverno, observa-se aumento nas ocorrências de doenças de transmissão respiratória, entre elas as meningites de potencial epidêmico. "Os ambientes fechados favorecem a contaminação que se dá de pessoa para pessoa. Por isso, mesmo com o frio, o ambiente deve estar sempre ventilado. Especial atenção deve ser dada para instituições coletivas como creches e escolas. Nestes locais, as janelas devem ser mantidas abertas", afirma.

A Vigilância em Saúde informa que adotou todas as providências indicadas para esta situação. Pessoas que tiveram contato íntimo com os pacientes estão sendo medicadas com antibiótico para quebrar a cadeia de transmissão. Esta medida é chamada de bloqueio.

A Secretaria de Saúde informa também que, assim como todos os casos de doença de notificação obrigatória registrados em Campinas, os óbitos registrados por meningite serão investigados para que se saiba tudo o que ocorreu com o paciente, como, quando e onde ele foi atendido, sintomas, diagnóstico, que medicação ele recebeu e os procedimentos que foram adotados no serviço de saúde. Este procedimento é chamado de evento sentinela e o objetivo é evitar o aparecimento de novos casos e avaliar se está ocorrendo alguma falha no sistema de saúde que possa ser evitada.

Saiba sobre a meningite. A meningite é uma doença infecciosa grave que pode atingir todas as pessoas independente da faixa etária. No entanto, é mais comum nas crianças. Pode levar à morte ou deixar seqüelas. A doença tem tratamento e a maioria dos casos evolui para cura. A literatura médica relata uma letalidade entre 10% e 20% das ocorrências.

Na rede pública de saúde, existe vacinação de rotina contra a meningite por haemóphilus, que atinge crianças menores de dois anos. Para as meningites meningocócicas não está indicada vacinação como prevenção, mas apenas o bloqueio das pessoas que tiveram contato com o doente, ou comunicantes.

Desde janeiro de 2004, em Campinas, foram registrados oito casos de meningite meningocócia, com três óbitos, e seis de meningite pneumocócica, com dois óbitos. Em 2003, houve 21 casos de meningite meningocócica e três óbitos, além de 20 da forma pneumocócica, com oito óbitos. Em 2002, foram 19 e três óbitos da forma meningocócica e 13 casos e cinco óbitos da forma pneumocócica.

De acordo com o último informe técnico da Saúde Coletiva de Campinas, a incidência da meningite bacteriana – que inclui as formas meningocócica e pneumocócica - vem caindo nos últimos anos na cidade. A taxa de letalidade da doença no município, em 2003, foi de 14%. A letalidade média no Estado de São Paulo é de 18,8%. As meningites também podem ser causadas por vírus.

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