Denize
Assis e Talita
El Kadri
A
Secretaria de Saúde de Campinas elaborou e começou a
divulgar nesta segunda-feira, 19 de julho, informe técnico
para médicos e equipes de saúde de toda a rede pública
e de hospitais públicos e privados do município sobre as
ocorrências de meningite registradas na cidade na última
semana e a importância do diagnóstico precoce para o
tratamento da doença.
Entre
segunda-feira e sexta-feira da semana passada, entre os
dias 15 e 16 de julho, foram registrados quatro óbitos de
meningite, sendo três em crianças. Destes registros, três
são de meningite meningocócica e um da forma pneumocócica.
Ainda foi registrado um caso que é suspeito de ter contraído
a forma meningocócica e que refere-se a um paciente
adulto que está internado no Hospital Celso Pierro. Os
casos não estão relacionados portanto está descartada
probabilidade de surto.
"A
orientação é para que médicos, ao depararem com
quadros febris, verifiquem muito bem para esclarecer o
diagnóstico e, nas suspeitas de meningite, imediatamente
encaminhem para coleta de líquor e confirmação do diagnóstico",
diz o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Vigilância
em Saúde de Campinas.
Segundo
Vicente, os sintomas da meningite são febre alta, vômito
em jato e rigidez no pescoço. Também podem aparecer
manchas na pele, chamadas petéquias. "Quando a
pessoa apresentar febre mais algum destes sintomas, deve
ser encaminhada imediatamente para o serviço de saúde
para esclarecer o diagnóstico e iniciar tratamento",
afirma o sanitarista.
A
meningite ocorre durante todo ano. No entanto, no inverno,
observa-se aumento nas ocorrências de doenças de
transmissão respiratória, entre elas as meningites de
potencial epidêmico. "Os ambientes fechados
favorecem a contaminação que se dá de pessoa para
pessoa. Por isso, mesmo com o frio, o ambiente deve estar
sempre ventilado. Especial atenção deve ser dada para
instituições coletivas como creches e escolas. Nestes
locais, as janelas devem ser mantidas abertas",
afirma.
A Vigilância
em Saúde informa que adotou todas as providências
indicadas para esta situação. Pessoas que tiveram
contato íntimo com os pacientes estão sendo medicadas
com antibiótico para quebrar a cadeia de transmissão.
Esta medida é chamada de bloqueio.
A
Secretaria de Saúde informa também que, assim como todos
os casos de doença de notificação obrigatória
registrados em Campinas, os óbitos registrados por
meningite serão investigados para que se saiba tudo o que
ocorreu com o paciente, como, quando e onde ele foi
atendido, sintomas, diagnóstico, que medicação ele
recebeu e os procedimentos que foram adotados no serviço
de saúde. Este procedimento é chamado de evento
sentinela e o objetivo é evitar o aparecimento de novos
casos e avaliar se está ocorrendo alguma falha no sistema
de saúde que possa ser evitada.
Saiba
sobre a meningite.
A meningite é uma doença infecciosa grave que pode
atingir todas as pessoas independente da faixa etária. No
entanto, é mais comum nas crianças. Pode levar à morte
ou deixar seqüelas. A doença tem tratamento e a maioria
dos casos evolui para cura. A literatura médica relata
uma letalidade entre 10% e 20% das ocorrências.
Na rede pública
de saúde, existe vacinação de rotina contra a meningite
por haemóphilus, que atinge crianças menores de dois
anos. Para as meningites meningocócicas não está
indicada vacinação como prevenção, mas apenas o
bloqueio das pessoas que tiveram contato com o doente, ou
comunicantes.
Desde
janeiro de 2004, em Campinas, foram registrados oito casos
de meningite meningocócia, com três óbitos, e seis de
meningite pneumocócica, com dois óbitos. Em 2003, houve
21 casos de meningite meningocócica e três óbitos, além
de 20 da forma pneumocócica, com oito óbitos. Em 2002,
foram 19 e três óbitos da forma meningocócica e 13
casos e cinco óbitos da forma pneumocócica.
De acordo
com o último informe técnico da Saúde Coletiva de
Campinas, a incidência da meningite bacteriana – que
inclui as formas meningocócica e pneumocócica - vem
caindo nos últimos anos na cidade. A taxa de letalidade
da doença no município, em 2003, foi de 14%. A
letalidade média no Estado de São Paulo é de 18,8%. As
meningites também podem ser causadas por vírus.