Secretaria
de Saúde estima
que 70% das pessoas
com DSTs deixam de
procurar o serviço
de saúde
Denize
Assis
A
Secretaria de Saúde de Campinas notificou 132 casos de
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) desde janeiro
de 2004, quando o município passou a integrar o restrito
grupo de cidades brasileiras que notificam todas as doenças
adquiridas por meio de relação sexual, como sífilis,
herpes genital e condiloma acuminado, entre outras. Antes
de janeiro, somente a Aids era notificada pela Vigilância
em Saúde. As demais DSTs não eram notificadas e, por
isso, não é possível comparações com anos anteriores.
A Saúde
Coletiva estima que aproximadamente 70% das pessoas com
DSTs deixam de procurar o serviço de saúde e, conseqüentemente,
não recebem tratamento adequado. Na semana passada, o
Ministério da Saúde divulgou relatório que aponta que
no Brasil o índice de casos que chega à rede básica de
saúde é de 30%. Portanto, Campinas segue a tendência do
País.
De acordo
com o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Vigilância
em Saúde de Campinas, a pequena mostra é reflexo da
questão cultural que predomina no Brasil. Segundo o
sanitarista, é costume da nossa população, ao contrair
uma DST, recorrer a farmácias ou amigos e fazer uso de
medicamento sem orientação médica.
Para
mudar este quadro, a Secretaria de Saúde tem feito um
trabalho com as equipes do Paidéia com o intuito de
qualificar melhor a rede básica na busca ativa e
tratamento das DSTs e também tem desenvolvido ações com
enfoque para as populações mais vulneráveis como
adolescentes, profissionais do sexo e usuários de drogas.
Segundo
Vicente, os sinais de DSTs são verrugas, feridas, lesões
ou corrimento no genital, boca ou região anal. "A
pessoa com algum destes sinais deve procurar o Centro de
Saúde, onde será acolhido e, no caso de diagnóstico
positivo, vai receber tratamento adequado", diz.
Prevenção.
Ele ressalta que é importante que as pessoas não tomem
remédio sem orientação médica e, principalmente,
mantenham relação sexual somente com preservativo.
Vicente orienta também que as mulheres façam o exame de
papanicolau, que previne contra o câncer de colo de útero,
pelo menos uma vez no ano. O teste é oferecido de graça
pela Prefeitura.
O
sanitarista explica que a doença sexualmente transmissível
é o principal facilitador da transmissão sexual do HIV,
o vírus da Aids. "Por isso, a notificação vai
permitir que possamos intervir de forma mais competente no
impacto da Aids", diz. Segundo ele, quando não são
tratadas, as DSTs ocasionam complicações como o câncer
de colo de útero e outras seqüelas que podem levar à
morte.
A Vigilância
em Saúde informa ainda que as DSTs podem também ser
transmitidas ao feto, durante a gestação, e que isso
pode tanto interromper a gravidez como causar problemas no
bebê. E, além disso, causam um impacto social e psicológico
importante.
Controle.
Vicente diz que, ao registrar as ocorrências de DSTs, é
possível conhecer melhor o perfil da população mais
atingida, como faixa etária, sexo e local de maior incidência
na cidade. "Com base nestas informações, o município
pode melhorar os programas de controle e prevenção das
DSTs com serviços mais resolutivos, profissionais mais
preparados para o acolhimento e aconselhamento dos
pacientes e a oferta contínua de medicamentos e
preservativos", afirma.
Em
Campinas, todos os Centros de Saúde e o Centro de Referência
(CR) em DST/Aids distribuem preservativos gratuitamente.
Profissionais do sexo podem se cadastrar para receber uma
quantidade maior.