Vigilância já notificou 132 casos de DST desde janeiro deste ano

27/07/2004

Secretaria de Saúde estima que 70% das pessoas
com DSTs
deixam de procurar o serviço de saúde

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas notificou 132 casos de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) desde janeiro de 2004, quando o município passou a integrar o restrito grupo de cidades brasileiras que notificam todas as doenças adquiridas por meio de relação sexual, como sífilis, herpes genital e condiloma acuminado, entre outras. Antes de janeiro, somente a Aids era notificada pela Vigilância em Saúde. As demais DSTs não eram notificadas e, por isso, não é possível comparações com anos anteriores.

A Saúde Coletiva estima que aproximadamente 70% das pessoas com DSTs deixam de procurar o serviço de saúde e, conseqüentemente, não recebem tratamento adequado. Na semana passada, o Ministério da Saúde divulgou relatório que aponta que no Brasil o índice de casos que chega à rede básica de saúde é de 30%. Portanto, Campinas segue a tendência do País.

De acordo com o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Vigilância em Saúde de Campinas, a pequena mostra é reflexo da questão cultural que predomina no Brasil. Segundo o sanitarista, é costume da nossa população, ao contrair uma DST, recorrer a farmácias ou amigos e fazer uso de medicamento sem orientação médica.

Para mudar este quadro, a Secretaria de Saúde tem feito um trabalho com as equipes do Paidéia com o intuito de qualificar melhor a rede básica na busca ativa e tratamento das DSTs e também tem desenvolvido ações com enfoque para as populações mais vulneráveis como adolescentes, profissionais do sexo e usuários de drogas.

Segundo Vicente, os sinais de DSTs são verrugas, feridas, lesões ou corrimento no genital, boca ou região anal. "A pessoa com algum destes sinais deve procurar o Centro de Saúde, onde será acolhido e, no caso de diagnóstico positivo, vai receber tratamento adequado", diz.

Prevenção. Ele ressalta que é importante que as pessoas não tomem remédio sem orientação médica e, principalmente, mantenham relação sexual somente com preservativo. Vicente orienta também que as mulheres façam o exame de papanicolau, que previne contra o câncer de colo de útero, pelo menos uma vez no ano. O teste é oferecido de graça pela Prefeitura.

O sanitarista explica que a doença sexualmente transmissível é o principal facilitador da transmissão sexual do HIV, o vírus da Aids. "Por isso, a notificação vai permitir que possamos intervir de forma mais competente no impacto da Aids", diz. Segundo ele, quando não são tratadas, as DSTs ocasionam complicações como o câncer de colo de útero e outras seqüelas que podem levar à morte.

A Vigilância em Saúde informa ainda que as DSTs podem também ser transmitidas ao feto, durante a gestação, e que isso pode tanto interromper a gravidez como causar problemas no bebê. E, além disso, causam um impacto social e psicológico importante.

Controle. Vicente diz que, ao registrar as ocorrências de DSTs, é possível conhecer melhor o perfil da população mais atingida, como faixa etária, sexo e local de maior incidência na cidade. "Com base nestas informações, o município pode melhorar os programas de controle e prevenção das DSTs com serviços mais resolutivos, profissionais mais preparados para o acolhimento e aconselhamento dos pacientes e a oferta contínua de medicamentos e preservativos", afirma.

Em Campinas, todos os Centros de Saúde e o Centro de Referência (CR) em DST/Aids distribuem preservativos gratuitamente. Profissionais do sexo podem se cadastrar para receber uma quantidade maior.

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