Talita El
Kadri e
Denize
Assis
O Centro de
Saúde Taquaral, na região Leste de Campinas, iniciou em
junho levantamento epidemiológico em saúde bucal na área
rural de sua abrangência que inclui os bairros Gargantilha,
Carlos Gomes, Jardim Míriam e Shangrilá entre outros. Uma
equipe composta por dentista, auxiliar de consultório dentário
e quatro agentes comunitários visitam escolas da região e
avaliam o índice de dentes cariados, perdidos e obturados (CPOD),
de fluorose (excesso de flúor) e o risco de cárie em crianças
e adolescentes de 4 a 14 anos.
Durante o
levantamento, os profissionais aproveitam para promover
palestras de orientação sobre escovação e verificam a
necessidade de aplicação de flúor e de realização de
outras ações educativas. A partir dos dados coletados a
equipe vai avaliar a situação, fazer o diagnóstico e
planejar ações de prevenção e tratamento.
"O
trabalho termina em agosto, por isso ainda não é possível
um diagnóstico preciso. Até agora identificamos apenas um
caso de fluorose e trata-se de uma criança que veio de
outra região", afirma Vera Lúcia Piovesani, dentista
responsável pelo levantamento. Segundo Vera, o que pode ser
adiantado neste momento é que crianças dos bairros
Gargantilha, Monte Belo 1 e 2 e Recanto dos Dourados estão
menos protegidas com relação às cáries por não contarem
com abastecimento de água fluoretada.
De acordo
com o dentista Isamu Murakami, coordenador de saúde bucal
de Campinas, o levantamento é fundamental para fazer o
planejamento adequado do atendimento, já que permite
diagnosticar o perfil da saúde bucal dos usuários e,
assim, direcionar melhor as ações, que passam ser feitas
de acordo com a necessidade de cada população.
Pesquisa.
A última pesquisa SB 2000, amostra ampliada para São
Paulo, do Ministério da Saúde, apontou que, em Campinas,
crianças na faixa etária de 12 anos apresentam um índice
de CPOD de 1,34. O número é melhor que o da meta
preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que,
no ano de 2000, era de 3 para a população nesta faixa etária.
Em 1981, este índice em Campinas era de 7,8.
Entre as
crianças de 5 anos, as condições de saúde bucal também
são boas. De acordo com a pesquisa, elas possuem 54% dos
dentes livres de cárie. A meta preconizada pela OMS é de
50% de dentes livres de cárie.
Segundo
Isamu, a fluoretação das águas de abastecimento em
Campinas é um dos principais fatores que contribuíram para
a melhora da saúde bucal das crianças residentes na
cidade. Os procedimentos coletivos realizados pela
Secretaria Municipal de Saúde e a fluoretação dos cremes
dentais a partir de 1988 também são fatores importantes na
redução.
E, de
acordo com Isamu, a perspectiva é de que os índices sejam
ainda melhores no futuro. É que com a implantação do Paidéia
– Saúde da Família, os trabalhos de educação e prevenção
em saúde bucal passaram a ser desenvolvidos de forma sistemática
pelas equipes de saúde. Além disso, em 2002, a Secretaria
Municipal de Saúde começou a fazer análises mensais da
quantidade de flúor na água – procedimento denominado
tecnicamente de heterocontrole de flúor das águas. Os
resultados mostram que os teores de flúor apresentam níveis
adequados.