A
Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da
Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa),
descartou nesta terça-feira, 18 de julho, a
possibilidade de o município estar mediante a um
surto de leptospirose. A equipe da Covisa chegou a
esta conclusão após receber resultados dos exames
processados por outra metodologia de Reação de
Microaglutinação e que se apresentaram negativo para
leptospirose.
Recebemos resultados de 12 amostras das quais apenas
uma se mostrou positiva para leptospirose. Portanto,
já podemos descartar a possibilidade de surto desta
doença. No entanto, prosseguimos com a investigação
de todos os pacientes para que possamos chegar a
total elucidação dos casos, informa a enfermeira
sanitarista Maria Filomena Gouveia Vilela, da Covisa.
Filomena explica que os exames são processados pelo
Instituto Adolfo Lutz - laboratório público de
referência para onde são encaminhadas todas as
amostras - e que numa primeira bateria de testes o
método utilizado foi o Elisa.
Os
resultados desta primeira bateria apontavam uma
situação atípica da doença no município, com um
aumento significativo de casos em relação aos anos
anteriores. Desde janeiro, 56 moradores de todas as
regiões da cidade tiveram exame positivo para a
doença. Uma das pessoas morreu. O número é quatro
vezes maior que a média mensal verificada no mesmo
período dos últimos oito anos, ou seja de 1998 a
2005. Em 2005, no ano inteiro, foram notificados 32
casos da doença na cidade.
Diante
da situação, a Secretaria de Saúde passou a
investigar duas hipóteses. Uma de que tratava-se de
um surto de leptospirose e outra de que poderia ter
havido algum problema referente ao diagnóstico
laboratorial.
Pensamos em algum problema laboratorial porque
algumas características dos casos no chamaram a
atenção, entre as quais o fato de o município não
ter enfrentado situação de risco que expusesse
tantas pessoas, como inundações. Também levamos em
conta o fato de que não houve aumento no número de
óbitos e de hospitalização o que é esperado para
esta doença e dos sintomas não terem sido tão
característicos, diz o médico sanitarista André
Ricardo Ribas de Freitas, da Covisa.
O
sanitarista informa que a leptospirose é uma doença
infecciosa causada por uma bactéria chamada
Leptospira presente na urina de ratos e outros
animais, transmitida ao homem principalmente nas
enchentes. Trata-se de uma zoonose, doença dos
animais que pode ser transmitida ao homem, causada
por bactérias chamadas Leptospiras, as quais estão
presentes na urina de animais infectados,
principalmente ratos, diz.
Os
sintomas mais freqüentes são parecidos com os de
outras doenças, como a gripe e a dengue. Os
principais são febre, dor de cabeça, dores pelo
corpo, principalmente nas panturrilhas -
batata-da-perna -, podendo também ocorrer vômitos,
diarréia e tosse. Nas formas mais graves geralmente
aparece icterícia - coloração amarelada da pele e
dos olhos - e há a necessidade de cuidados especiais
em caráter de internação hospitalar. O doente pode
apresentar também hemorragias, meningite,
insuficiência renal, hepática e respiratória que
podem levar à morte, afirma André.
A
Secretaria de Saúde divulgou hoje informe técnico
para a rede de saúde do município para atualizar a
situação da doença no município. O documento também
informa que, enquanto a Secretaria de Saúde aguarda
a normalização da realização dos exames, os
pacientes com suspeita de leptospirose terão seus
exames feitos no Instituto Adolfo Lutz pelo método
Elisa e outra amostra será encaminhada para outros
laboratórios de saúde pública indicados pelo Centro
de Vigilância Epidemiológica do Estado (CVE) para
realização de Reação de Microaglutinação e Elisa por
outro kit. Além disso, os resultados serão
discutidos caso a caso, afirma André.
Os
fluxos e datas de coleta a partir de um caso
suspeito continuam exatamente os mesmos, como
preconizados no manual de Vigilância Epidemiológica,
ou seja coleta de exame de sorologia a partir do 7°
dia de doença e encaminhamento para o Laboratório
Municipal.
Saiba
mais sobre a leptospirose:
Como se transmite?
Em
situações de enchentes e inundações, a urina dos
ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à
enxurrada e à lama das enchentes. Qualquer pessoa
que tiver contato com a água das chuvas ou lama
contaminadas poderá se infectar. As leptospiras
presentes na água penetram no corpo humano pela
pele, principalmente se houver algum arranhão ou
ferimento. O contato com água ou lama de esgoto,
lagoas ou rios contaminados e terrenos baldios com a
presença de ratos também podem facilitar a
transmissão da leptospirose. Veterinários e
tratadores de animais podem adquirir a doença pelo
contato com a urina de animais doentes ou
convalescentes.
Como tratar?
O tratamento é baseado no uso de medicamentos e
outras medidas de suporte, orientado sempre por um
médico, de acordo com os sintomas apresentados. Os
casos leves podem ser tratados em ambulatório, mas
os casos graves precisam ser internados. A
automedicação não é indicada, pois pode agravar a
doença.
Como se prevenir?
Para o controle da leptospirose, são necessárias
medidas ligadas ao meio ambiente, tais como obras de
saneamento básico (abastecimento de água, lixo e
esgoto), melhorias nas habitações humanas e o
combate aos ratos.
Deve-se evitar o contato com água ou lama de
enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem
nessas águas ou outros ambientes que possam estar
contaminados pela urina dos ratos. Pessoas que
trabalham na limpeza de lamas, entulhos e
desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de
borracha - se isto não for possível, usar sacos
plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés.
Entre as principais medidas de combate aos ratos,
deve-se destacar o acondicionamento e destino
adequado do lixo e o armazenamento apropriado de
alimentos. A desinfecção de caixas d´água e sua
completa vedação são medidas preventivas que devem
ser tomadas periodicamente.
A
pessoa que apresentar febre, dor de cabeça e dores
no corpo, alguns dias depois de ter entrado em
contato com as águas de enchente ou esgoto, deve
procurar imediatamente o Centro de Saúde mais
próximo. A leptospirose é uma doença curável, para a
qual o diagnóstico e o tratamento precoces são a
melhor solução.
Denize
Assis