A Secretaria
de Saúde de Campinas informou nesta segunda-feira, dia 10 de
julho, que a morte de uma criança de 3 anos, moradora do
Jardim Monte Belo 1 (região leste), no dia 18 de junho, foi
causada por febre maculosa. Os exames que confirmaram a
hipótese foram processados pelo Laboratório do Instituto
Adolfo Lutz. O caso foi notificado à Coordenadoria de
Vigilância em Saúde (Covisa) em 13 de junho pelo Núcleo de
Vigilância Epidemiológica (NVE) do Hospital de Clínicas (HC)
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Este é o
primeiro caso confirmado da doença em Campinas em 2007.
Segundo a Covisa, desde o início do ano, foram notificados
mais de 200 casos da doença no município que, junto com
outras cidades da região, constitui área endêmica para febre
maculosa. Além da morte desta menina, um outro caso – ainda
em investigação – foi a óbito. Trata-se de um homem, morador
do Jardim Eulina (região norte).
Em 2006, foram
confirmados 12 casos desta doença entre moradores de
Campinas, com quatro mortes. No ano de 2005, foram sete, com
1 óbito, e, em 2004, 13, com uma morte.
Medidas.
Imediatamente após ter sido notificada sobre o caso da
criança, em 13 de junho, a Secretaria de Saúde, por meio da
Vigilância em Saúde (Visa) Leste, esteve na residência da
paciente para conversar com a família, investigar as
possíveis causas da morte – também estavam sendo analisadas
as possibilidades de dengue, leptospirose e meningite -,
identificar possíveis focos e orientar sobre sintomas,
medidas de prevenção e necessidade de procurar o serviço de
saúde no caso de sinais destas doenças.
Agora, diante
da confirmação de febre maculosa, a Secretaria de Saúde vai
intensificar as ações com pesquisa acarológica – que será
feita pela Superintendência de Controle de Endemias (Sucen)
– com o objetivo de conhecer qual é espécie de carrapatos
que infesta o local e se há exemplares contaminados com a
bactéria do gênero Rickttesia (R. rickettsii),
que causa a febre maculosa.
Também serão
intensificadas as ações de comunicação, informação e
mobilização social por meio de reuniões na comunidade,
distribuição de folhetos, colocação de placas na área de
infestação e sensibilização das equipes de saúde e dos
trabalhadores da Administração Regional (AR) 14.
Segundo a Visa
Leste, a área do Monte Belo 1 já é conhecida como de
transmissão de febre maculosa, tendo sido registrados ao
longo dos anos, neste bairro e em localidades vizinhas –
onde existem áreas verdes e pastagens -, cinco casos de
febre maculosa.
Segundo a
enfermeira sanitarista Salma Balista, na cidade como um
todo, considerando que a região é endêmica para a febre
maculosa, a Secretaria de Saúde tem deflagrado medidas de
vigilância epidemiológica da febre maculosa nos locais com
registros de casos e naqueles que, por contigüidade,
apresentam risco potencial de aparecimento do agravo.
Também têm
sido implementadas ações como capacitação de profissionais
da assistência médica e desenvolvimento de estudos e da
vigilância eco-epidemiológica, para melhor caracterização de
possíveis animais hospedeiros envolvidos no ciclo de
transmissão da doença.
“A febre
maculosa exige de nós, poder público, medidas que incluem
promover a limpeza urbana; desencadear a vigilância
epidemiológica e ambiental dos vetores, reservatórios e dos
hospedeiros, detectar e tratar precocemente os casos
suspeitos; investigar e controlar surtos; conhecer a
distribuição da doença segundo lugar, tempo e pessoa;
identificar e investigar os locais prováveis de infecção (LPI);
recomendar e adotar medidas de controle e prevenção; e
mobilizar e sensibilizar profissionais de saúde. Estas
providências têm sido implementadas em nossa cidade ao longo
dos anos”, informa a enfermeira sanitarista Salma Balista,
diretora da Covisa.
Salma ressalta
que a população também deve fazer a sua parte adotando
atitudes que incluem evitar as áreas infestadas por
carrapatos e não deixar seus animais adentrá-las. “Se for
adentrar áreas de risco, sempre que possível, devem ser
usadas calças e camisas de mangas compridas e roupas claras
para facilitar a visualização. Também é aconselhável a
inspeção do corpo para verificar a presença de carrapatos”,
afirma.
O secretário de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva, reforça que, para a população,
é necessário enfatizar a necessidade de que é preciso ter consciência da importância de não freqüentar as áreas de vegetação e mato, que é onde há infestação de carrapatos-estrela e, portanto, são locais de risco.
“Não existe vacina contra a febre maculosa. Também há um consenso técnico de que não é possível eliminar totalmente o carrapato do meio ambiente. Sendo assim, na ausência de armas definitivas, cabe ao poder público desencadear ações de prevenção e controle da doença e assistência aos pacientes. À população, repito, cabe conscientizar-se de que áreas de risco não devem ser freqüentadas”, afirma.
Outra orientação é que, se freqüentar área de risco e apresentar sintomas da doença – que são febre, dor de cabeça, dor intensa no corpo, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos – a pessoa procure o serviço de saúde e informe que foi parasitada por carrapato.
Saraiva informa que para todas as notificações são desencadeadas medidas de controle que incluem ações de vigilância epidemiológica, com busca ativa de pessoas com sintomas da doença, e assistência aos pacientes; atividades de educação em saúde e comunicação e mobilização social; ações de controle e intervenção ambiental; e
articulação política e intersetorialidade.
Saiba mais
O que é?
A febre maculosa brasileira (FMB) é uma doença infecciosa
febril aguda, transmitida por carrapatos. É uma doença
grave, de elevada taxa de letalidade. Causada por uma
bactéria do gênero Rickttesia (R. rickettsii), é de
notificação compulsória, devendo ser informada pelo meio
mais rápido disponível, e de investigação epidemiológica com
busca ativa, para evitar a ocorrência de novos casos e
óbitos.
Quais os sintomas?
A doença pode ser de difícil diagnóstico, sobretudo em sua
fase inicial, mesmo entre profissionais bastante
experientes. O início geralmente é abrupto e os sintomas são
inicialmente inespecíficos, incluindo febre, dor de cabeça,
mialgia intensa, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos.
Em geral, entre o segundo e o sexto dia da doença, surge o
exantema máculo-papular, predominante nos membros superiores
e inferiores.
Como se
transmite?
Pela picada de carrapato infectado. A transmissão ocorre se
o mesmo permanecer aderido à pele por um período mínimo
variando entre 4 e 6 horas. A doença não é transmitida de
pessoa para pessoa.
Como tratar?
O tratamento consiste na administração precoce de
antibióticos (clorafenicol
ou doxiciclina). Casos de pacientes não tratados
precocemente podem evoluir para formas graves e cerca de 80%
deles chegam ao óbito.
Como se prevenir?
A população deve evitar as áreas infestadas por carrapatos.
Se for necessário entra numa área infestada, sempre que
possível, devem ser usadas calças e camisas de mangas
compridas e roupas claras para facilitar a visualização.
Também é aconselhável a inspeção do corpo para verificar a
presença de carrapatos. A limpeza de pastos e a capina da
vegetação podem trazer alguns resultados no controle da
população de carrapatos.