A Prefeitura
de Campinas, por meio do Gabinete do Prefeito e da
Secretaria de Saúde em parceria com as secretarias
municipais de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio
Ambiente, Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública,
Assuntos Jurídicos, Cultura, Esportes e Lazer,
Infra-estrutura e Departamento de Comunicação, intensificou
desde o início de junho a ofensiva contra a febre maculosa
no Núcleo Residencial do Jardim Eulina, na região norte da
cidade.
A estratégia
engloba ações de vigilância epidemiológica, sanitária e
ambiental; reforço na assistência aos pacientes; atividades
de educação em saúde, informação e mobilização social;
capacitação de profissionais; controle e intervenção
ambiental; articulação política e intersetorialidade; e
acompanhamento e avaliação.
A estratégia
foi desencadeada a partir da notificação de casos suspeitos
da doença – o primeiro em 30 de maio de 2007 -, que foram
confirmados nesta quinta-feira, dia 12 de julho, com base em
resultados de exames processados pelo Laboratório do
Instituto Adolfo Lutz.
São três
homens, com idades entre 20 e 40 anos, que adoeceram após
freqüentar uma área vizinha ao Núcleo que é infestada por
carrapatos. Um dos pacientes morreu e dois foram curados. No
mesmo local, em agosto de 2006, foi confirmado um surto de
febre maculosa, com seis casos e três óbitos.
Segundo o
secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva,
a confirmação laboratorial, enviada nesta quinta-feira pelo
Instituto Adolfo Lutz à Vigilância em Saúde, é importante e
reforça que a Prefeitura adotou medidas adequadas para o
controle da doença, estratégia que evitou a ocorrência de
novos casos e óbitos. “As ações foram desencadeadas
imediatamente após a notificação do primeiro caso suspeito.
A agilidade para implementar as ações foi fundamental para o
controle da doença e a prevenção de outros óbitos”, afirma.
Ações educativas. Entre as atividades desencadeadas,
foram colocados carros de som circulando nas ruas do Núcleo
para informar sobre o caso e propagar orientações sobre
prevenção e cuidados ao apresentar sintomas da doença.
Faixas e placas com mensagens de alerta sobre risco da
doença e necessidade de evitar locais de vegetação e mato
foram colocadas em diversos pontos no bairro.
Equipes da
Vigilância reuniram-se com diretores das escolas do bairro e
com representantes de Organizações Não-Governamentais (ONGs)
para capacitá-los no sentido de que eles orientem as
crianças e demais moradores sobre a doença, carrapatos e
medidas de prevenção. Centenas de folhetos e kits com e
exemplares de carrapatos foram distribuídos.
Ações
Ambientais. Também foi refeito o acero construído nem
2006 e que serve de cordão sanitário de proteção entre a
fazenda do Exército e o Núcleo. O acero consiste numa faixa
de aproximadamente 2 quilômetros por 20 metros de largura.
Na área, toda vegetação foi roçada e parte da terra
removida. O objetivo é expor a faixa ao sol para matar as
larvas e ninfas do carrapato-estrela, vetor da febre
maculosa, já que o carrapato sobrevive muito pouco quando
exposto ao sol e, nesta faixa, morre por insolação.
O Núcleo
recebeu um arrastão de limpeza – feito pela Coar - com
destinação correta dos resíduos para evitar dispersão dos
carrapatos para outros locais da cidade. A sucen realizou
pesquisa da infestação de carrapatos na área, para
identificar a espécie infestante. Todos os Profissionais
que atuaram e atuam em campo foram preparados para a
atividade e receberam equipamentos de proteção individual.
Os
proprietários das áreas contíguas ao núcleo foram informados
sobre o problema e notificados para a limpeza das
respectivas áreas, bem como sobre necessidade de cercamento
para impedir o acesso da população.
Articulação
política. Sob coordenação da Secretaria de Saúde, foi
constituído um grupo intersetorial que reúne-se semanalmente
para monitorar e avaliar as ações de controle. A Defesa
Civil foi solicitada para visitas periódicas ao local com
objetivo de dar visibilidade à área de risco.
A Prefeitura
também está promovendo a definição da diretriz viária da
área que pertence à Administração. O objetivo é construir,
de forma complementar à diretriz viária, uma área de lazer
para que as pessoas deixem de freqüentar a lagoa e outros
locais de vegetação e mato que inclusive não deveriam ser
adentrados porque constituem-se áreas de segurança.
A comunidade
foi informada, por meio das lideranças de bairro, sobre
todas as ações.
Endemia.
A enfermeira sanitarista Salma Balista, diretora da
Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) de Campinas,
informa que a febre maculosa é uma doença endêmica em
Campinas e que a Secretaria de Saúde tem focado a atenção
para o Eulina – pela gravidade da situação - mas também tem
atuado em outras ocorrências simultâneas de casos suspeitos
de febre maculosa na cidade.
Este ano,
Campinas confirmou quatro casos da doença, com dois óbitos.
Uma das ocorrências foi no Jardim Monte Belo (região leste)
– uma criança de três anos que morreu - e as outras três no
Jardim Eulina (região norte).
Em todas as
ocorrências cabe a nós, poder público, promover a limpeza
urbana; desencadear a vigilância epidemiológica e ambiental
dos vetores, reservatórios e dos hospedeiros, detectar e
tratar precocemente os casos suspeitos; investigar e
controlar surtos; conhecer a distribuição da doença segundo
lugar, tempo e pessoa; identificar e investigar os locais
prováveis de infecção (LPI); recomendar e adotar medidas de
controle e prevenção; e mobilizar e sensibilizar
profissionais de saúde.
“E a população
também deve fazer a sua parte adotando atitudes que incluem
evitar as áreas infestadas por carrapatos e não deixar seus
animais, principalmente cachorros, adentrá-las. Se for
adentrar áreas de risco, sempre que possível, devem ser
usadas calças e camisas de mangas compridas e roupas claras
para facilitar a visualização. Também é aconselhável a
inspeção do corpo para verificar a presença de carrapatos”,
afirma Salma.
Denize Assis
Saiba mais
- Perguntas e respostas sobre a Febre Maculosa Brasileira