Grupo de Trabalho discute novas propostas para o Plano Municipal de Saúde da População LGBT

16/07/2010

Autor: Deco Ribeiro

Em sua terceira reunião ordinária, o grupo de trabalho formado para elaborar o Plano Municipal de Saúde da População LGBT (Lésbicas, gays, bisexuais e transexuais) reuniu-se nesta última quinta-feira, 08, na Sala do Conselho, com representantes de diversos grupos e núcleos LGBT de Campinas. O encontro teve por objetivo convidá-las a colaborar com propostas para o Plano.

Muitos já vieram com propostas definidas, como Leandro Ochialini, diretor LGBT da União da Juventude Socialista (UJS). “A juventude LGBT não procura os serviços de saúde porque não é bem tratada nesses espaços. A falta de um protocolo específico de atendimento de adolescentes na rede de saúde só agrava esse problema. Eu vim aqui propor a criação desse protocolo, uma bandeira antiga da UJS, e saber por que Campinas ainda não aderiu ao programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), do Governo Federal”.

Esse programa propõe atividades em conjunto entre as secretarias de Saúde e de Educação, para levar a discussão da sexualidade e de prevenção e promoção da saúde integral para dentro das escolas. A conselheira Francisca Francilete concordou com a proposta: “Os educadores deveriam ser capacitados pra discutir a saúde dos adolescentes. Atenção básica não deve ser só pra quem tem doença, deve ser reforçada a prevenção”, destacou.

Travestis e transexuais também se fizeram presentes, requisitando atenção da Secretaria de Saúde às suas questões. Bruna Eduarda, coordenadora de travestis adolescentes do Grupo E-jovem, levantou a questão do uso do nome social, que deveria já estar sendo aplicado na cidade e que deveria ser estendido a todas as fichas de cadastro, formulários e até mesmo ao cartão do SUS.

Já Régis Vascon, transexual masculino do Grupo Identidade, ressaltou a dificuldade dos homens transexuais terem acesso ao SUS, uma vez que o (pouco) que se pensa para as transexuais é pensado exclusivamente às mulheres trans, e todas as intervenções cirúrgicas necessárias aos homens trans – como mastectomia e histerectomia – lhes são vetadas. “Como não temos uma doença, um câncer, que justifique a ‘amputação’, sem o reconhecimento da transexualidade ficamos impedidos de fazer nossa adequação de gênero”, disse Régis.

Para a Coordenação do GT, o encontro foi rico justamente por ser uma oportunidade de ouvir diretamente a população LGBT. “Campinas já realizou várias Conferências Municipais LGBT, de Saúde e até da Juventude LGBT. Vamos utilizar todas as propostas que já foram discutidas à exaustão pela comunidade. Mas é importante ouvir sempre”, finalizou Deco.

Ao final da reunião, o grupo deliberou pela criação de uma comissão técnica que contaria com a participação da comunidade para reunir e atualizar todas as contribuições, que seriam apresentadas e debatidas em um seminário, no final do ano, antes do Plano ir ao Conselho. “Será mais uma oportunidade de ouvir a população,” explica Deco, que já pretende usar esse seminário como forma de sensibilizar os trabalhadores da saúde, principalmente os das áreas de atendimento direto. A próxima reunião do GT Saúde LGBT ocorrerá na segunda quinta-feira de agosto, dia 12.

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