Campinas debate estratégias para qualificar atendimento pré-hospitalar ao infartado

23/07/2010

Autor: Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas, representada pelo Secretário de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, e pelo coordenador do Samu/192, José Roberto Hansen, participou de reunião com médicos da Bélgica e da cidade francesa de Lille para discutir o tratamento pré-hospitalar do infarto agudo do miocárdio. O objetivo foi debater estratégias para melhorar o atendimento pré-hospitalar aos pacientes vítimas de ataque cardíaco em regiões metropolitanas do Brasil.

O encontro, no Rio de Janeiro, no início desta semana, reuniu também médicos dos Samus de São Paulo, de Recife e do Rio de Janeiro.

O infarto agudo do miocárdio mata mais de 30% das pessoas acometidas antes da chegada ao hospital e se constitui na principal causa de morte e de incapacidade no Brasil.

“Em média, por dia, 1 mil brasileiros infartam. Destes, 300 chegam sem vida ao hospital. Uma das estratégias para a redução desta mortalidade é o atendimento domiciliar imediato ao paciente acometido, com medicamentos específicos que contribuem para desfazer o trombo, que é o principal fator associado ao infarto, promovendo a desobstrução da artéria”, informa o secretário de Saúde José Francisco Kerr Saraiva.

O objetivo é tratar da melhor forma e com o que existe de mais moderno no mundo e ampliar a terapia para outros Samus do Brasil. Além de Campinas, apenas outras duas cidades, Salvador, na Bahia, e Diadema, na grande São Paulo, já adotaram este tipo de tratamento que, conjuntamente com toda a estrutura necessária para o bom atendimento de emergências, particularmente recursos humanos, pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

O encontro também definiu que o Brasil – Campinas inclusive – vai iniciar um ousado estudo para detectar se o resultado do uso da referida medicação no tratamento pré-hospitalar pode ser superior ao resultado obtido com o cateterismo de urgência. “Um dos objetivos é descobrir se a aplicação desta terapia na casa do paciente dispensa o cateterismo e a angioplastia que, além de se constituírem em tratamentos caros e de risco, não estão disponíveis em 90% dos hospitais”, diz José Francisco Saraiva.

O crescimento acelerado das doenças cardiovasculares, principalmente o infarto, em países em desenvolvimento representa uma das questões de saúde pública mais relevantes da atualidade e atuar para a prevenção e tratamento destes agravos é diretriz da Secretaria de Saúde de Campinas.

“Nossas estratégias têm como foco principal a prevenção do infarto, com o controle do peso, da hipertensão, da diabetes e dos níveis de colesterol e evitando o tabagismo, além do estímulo ao exercício físico. Mas a pessoa que sofre infarto precisa de assistência e Campinas, ao oferecer a terapia com o que existe de mais moderno e ao integrar este estudo, busca qualificar a assistência”, disse o secretário.

A estatística mundial mostra que, se o infartado é tratado adequadamente nas primeiras horas com trombolítico, a mortalidade fica em torno de 5% a 6%, diferente dos 10% a 12% de mortalidade quando este tratamento não é proporcionado. Os primeiros estudos no Brasil, nos Samus que já adotaram a metodologia, apontaram que em 150 casos que receberam a terapêutica pré-hospitalar, a mortalidade ficou em torno de 2% a 3%.

Volta ao índice de notícias