Autor: Gustavo Bezerra
O especialista em Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital Municipal Dr.
Mário Gatti, Eder Magno Ferreira de Oliveira, faz alerta à
população sobre o risco eminente do câncer de boca. Oliveira
participou no último mês de junho, da publicação do artigo
sobre a doença no Caderno de Saúde, do Ministério da Saúde e
se tornou referência nacional.
O artigo traz discussões da
política pública voltada para o controle do câncer de boca,
crescente nos últimos anos no país. Segundo o especialista,
fumantes e alcoólatras são mais propensos a terem a doença.
“A primeira medida é procurar um profissional da área e
realizar uma avaliação preventiva. Lembrando que o tabagismo
e o alcoolismo são os fatores que mais causam risco de ter a
doença. Principalmente os pacientes que fumam ou bebem há
mais de 10 anos“, fala.
O paciente Gorge Rodrigues da Silva, 56, apresentou quadro
de câncer na boca em agosto de 2008 e, até maio deste ano,
passou por tratamento no setor de Oncologia do Hospital
Municipal Dr. Mário Gatti. A partir de agora, o paciente
precisa voltar ao hospital a cada seis meses para ser
avaliado. Gorge fumou por longos 36 anos, mas diz que parou
de fumar há alguns anos.
“Eu realmente parei de fumar e beber, mas foi tarde demais.
Se eu pudesse voltar no tempo com certeza não fumaria,
tampouco beberia. No começo o jovem acha tudo muito bom, mas
depois é que vem a realidade’’, conta Gorge.
Mesmo com o aparente desaparecimento do câncer, o paciente
precisa ter cuidado para a doença não se manifestar
novamente. “A vigilância tem que ser total até o resto da
vida’’, explica a assistente social do Mário Gatti,
Elizandra Lara Leite.
Pelo mundo, a incidência de câncer de boca é de cerca de 275
mil casos por ano e 130 mil para o câncer de faringe. No
Brasil, no ano de 2010, foram detectados cerca de 15 mil
novos casos de câncer de boca.
Constatada preventivamente a doença, o especialista do Mário
Gatti diz que as possibilidades de cura são bem maiores.
“Com o trabalho de prevenção feito, as chances de cura são
de até 90%”, afirma Eder.
Prevenção é o caminho
Os níveis de prevenção de câncer de boca podem ser
divididos em três etapas: primário, secundário e terciário.
De acordo com o artigo, a prevenção primária visa a ações
que possam reduzir a incidência e prevalência da doença.
Antes que a doença se instale, o indivíduo precisa reduzir o
tabaco, o álcool e a exposição solar dos lábios. Já para o
nível de prevenção secundário, há a necessidade de
diagnóstico precoce da doença, em uma fase anterior ao
paciente apresentar alguma queixa clínica.
A prevenção terciária visa a limitar o dano, controlar a
dor, prevenir complicações secundárias, melhorar a qualidade
de vida durante o tratamento, e sempre que possível
reintegrar o indivíduo à sociedade, através de reabilitação
oral e facial, por exemplo, tornando-o apto a realizar as
atividades diárias exercidas anteriormente.
Estrutura de excelência
Em 2007, o Hospital Dr. Mário Gatti recebeu verbas da
Coordenação de Saúde Bucal do Ministério da Saúde para a
instalação do Programa de Atenção Integral e
Multiprofissional ao paciente com Câncer de Boca (PAIM-Boca).
O objetivo é oferecer assistência integral ao paciente com
diagnóstico de Câncer de Boca.
Para tanto, foram adquiridos novos equipamentos e
contratados profissionais para tratamento e reabilitação dos
pacientes, como Fonoaudióloga, Fisioterapeuta, Psicóloga,
Protesista Buco Maxilo Facial, Cirurgião de Cabeça e
Pescoço, Técnica de Saúde Bucal, além da participação da
equipe de Cirurgiões Buco Maxilo Facial do próprio hospital.
Foram realizados cerca de 300 procedimentos entre cirurgias
e reabilitações buco maxilo faciais. Além disso,
profissionais da área de saúde foram capacitados pela equipe
multiprofissional para a realização do diagnóstico precoce e
manejo do paciente com Câncer de Boca.
Inicialmente previsto para dois anos, o programa está sendo
ampliado para ações conjuntas com a área de Oncologia do
hospital, visando melhor atendimento também para pacientes
que se submetem a Radio e Quimioterapia.
Referência Nacional
Há 21 anos como Cirurgião Dentista Bucomaxilofacial no
Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, Eder Magno Ferreira de
Oliveira também é Mestre em Patologia Bucal e Doutor em
Implantodontia e diz que ficou muito realizado com a
publicação do artigo no Ministério da Saúde.
”Recebi o convite e fiquei muito lisonjeado para trabalhar
neste material através da coordenação nacional da Saúde
Bucal, do Ministério da Saúde, em 2009”, conta Eder. Hoje o
artigo serve de referência para outros médicos do país
inteiro.