Campinas está sem exames de carga viral

14/08/2001

A Secretaria de Saúde de Campinas interrompeu, há mais de duas semanas, a coleta e o agendamento para exames de carga viral. A interrupção foi necessária porque os kits para a realização dos exames, fornecidos pelo Ministério da Saúde, estão em falta. O desabastecimento ocorreu porque as empresas que fornecem estes insumos apresentaram um preço abusivo para o Ministério, o que inviabilizou a compra.

O exame de carga viral é realizado três vezes por ano em portadores do HIV/AIDS. Somente no Amda (Ambulatório Municipal de DST- AIDS) são realizados 150 exames por mês. Os outros serviços especializados no tratamento de portadores de HIV em Campinas - dos Hospitais Celso Pierro, de Clínicas e Centro Corsini - também estão prejudicados.

O exame de carga viral é imprescindível para o tratamento de portadores do HIV/AIDS porque mede o número de vírus circulante no sangue. Portanto, avalia se a terapia medicamentosa com os anti-retrovirais - que compõem o coquetel - está adequada. Consequentemente, a falta do exame é grave porque sempre interfere na qualidade de vida e na sobrevida dos pacientes que vivem com HIV.

O Ministério orienta que, na falta do kit para realizar carga viral, seja realizado o exame de CD4. O CD4, por sua vez, avalia o sistema imunológico desses pacientes, mas não é tão ágil para avaliar o sucesso ou falência terapêutica.

A Secretaria de Saúde informa que, quando o fornecimento for restabelecido, casos graves, como os de gestante e pacientes que estejam há mais tempo sem o exame, serão priorizados.

Campinas tem, acumulados, 2.924 casos de Aids. Deste total, 1.697 foram a óbito. Desde 1990, o município é referência nacional para o tratamento da Aids. A partir de 1996, quando Campinas adotou a terapia anti-retroviral, a mortalidade de doentes de Aids reduziu em 30% no município.

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