A Secretaria de
Saúde vai elaborar um mapa das doenças e outros agravos de
saúde provocadas pelo contato com cursos d’água na Região
Sudoeste de Campinas. A área possui uma das mais extensas
redes hidrográficas do município, com mais de 30 córregos e
ribeirões. Todos fazem parte da bacia do rio Capivari, um dos
três principais rios de Campinas, e são responsáveis por
boa parte do abastecimento de água da cidade. A maior parte
deles atravessa bairros densamente povoados e afeta a vida dos
cerca de 300 mil habitantes da região que vivem às suas
margens ou nas proximidades.
Segundo a
tecnóloga em saneamento Ivanilda Mendes e o médico veterinário
Cláudio Castagna, que idealizaram o projeto chamado
tecnicamente de mapa epidemiológico da rede hidrográfica, as
equipes do Distrito de Saúde pretendem identificar e mapear
trechos dos cursos d'água e localizar todos os fatores de
risco à saúde pública.
Segundo
Castagna, dentre as doenças relacionadas ao contato com a água
está a leptospirose. De acordo com dados divulgados nesta terça-feira
pela Secretaria de Saúde, somente no ano passado, foram
notificados 87 casos suspeitos de leptospirose na Região
Sudoeste. Em todo município foram 319 suspeitos. Este ano, já
são 35 na Sudoeste e 257 em toda cidade.
Os números
da esquistossomose, outra doença relacionada ao contato com a
água, na Região Sudoeste também preocupam a Secretaria de
Saúde. Somente em 2002, foram notificados 31 suspeitos na
região. Em toda cidade, foram 93. Este ano, já são seis os
casos suspeitos naquela região, sendo 85 em toda Campinas.
Mas o dado
que mais chama a atenção é o de mortes por afogamento. A
Região Sudoeste registrou 7 das 21 mortes por afogamento
ocorridas em 2002 em Campinas. O local com o maior número de
acidentes é a Lagoa do Mingone, no Jardim Capivari, ao lado
da rua Emília Seregati.
Com o
mapeamento, a Secretaria de Saúde pretende pontuar quais são
os pontos de risco para as doenças e para outros agravos de
saúde. Castagna informa que dentre os pontos de risco serão
mapeados a presença de criadouros de mosquitos, poços rasos
(poço caipira), despejo de lixo e resíduos, lagoas, hortas,
áreas de invasão, atividade pecuária (leite, suínos,
avicultura), mineração de areia e locais de banho entre
outros.
"Com os
dados, estaremos embasados para planejar e direcionar melhor
as ações educativas e de prevenção e para reduzir ou
eliminar os riscos levantados", diz Castagna. O estudo
está sendo feito pelos ajudantes de controle ambiental e seus
supervisores. Os profissionais percorrem os trechos a pé,
observam as características de cada local e coletam os dados
em planilhas.
O médico
veterinário diz que o mapeamento possibilitará ainda que as
equipes entendam melhor a dinâmica de doenças como a dengue,
que pode apresentar epidemias agravadas por criadouros nas
margens dos córregos, ou outras como a febre maculosa e a
leishmaniose.