Região Sudoeste vai mapear doenças relacionadas à rede hidrográfica

12/08/2003

A Secretaria de Saúde vai elaborar um mapa das doenças e outros agravos de saúde provocadas pelo contato com cursos d’água na Região Sudoeste de Campinas. A área possui uma das mais extensas redes hidrográficas do município, com mais de 30 córregos e ribeirões. Todos fazem parte da bacia do rio Capivari, um dos três principais rios de Campinas, e são responsáveis por boa parte do abastecimento de água da cidade. A maior parte deles atravessa bairros densamente povoados e afeta a vida dos cerca de 300 mil habitantes da região que vivem às suas margens ou nas proximidades.

Segundo a tecnóloga em saneamento Ivanilda Mendes e o médico veterinário Cláudio Castagna, que idealizaram o projeto chamado tecnicamente de mapa epidemiológico da rede hidrográfica, as equipes do Distrito de Saúde pretendem identificar e mapear trechos dos cursos d'água e localizar todos os fatores de risco à saúde pública.

Segundo Castagna, dentre as doenças relacionadas ao contato com a água está a leptospirose. De acordo com dados divulgados nesta terça-feira pela Secretaria de Saúde, somente no ano passado, foram notificados 87 casos suspeitos de leptospirose na Região Sudoeste. Em todo município foram 319 suspeitos. Este ano, já são 35 na Sudoeste e 257 em toda cidade.

Os números da esquistossomose, outra doença relacionada ao contato com a água, na Região Sudoeste também preocupam a Secretaria de Saúde. Somente em 2002, foram notificados 31 suspeitos na região. Em toda cidade, foram 93. Este ano, já são seis os casos suspeitos naquela região, sendo 85 em toda Campinas.

Mas o dado que mais chama a atenção é o de mortes por afogamento. A Região Sudoeste registrou 7 das 21 mortes por afogamento ocorridas em 2002 em Campinas. O local com o maior número de acidentes é a Lagoa do Mingone, no Jardim Capivari, ao lado da rua Emília Seregati.

Com o mapeamento, a Secretaria de Saúde pretende pontuar quais são os pontos de risco para as doenças e para outros agravos de saúde. Castagna informa que dentre os pontos de risco serão mapeados a presença de criadouros de mosquitos, poços rasos (poço caipira), despejo de lixo e resíduos, lagoas, hortas, áreas de invasão, atividade pecuária (leite, suínos, avicultura), mineração de areia e locais de banho entre outros.

"Com os dados, estaremos embasados para planejar e direcionar melhor as ações educativas e de prevenção e para reduzir ou eliminar os riscos levantados", diz Castagna. O estudo está sendo feito pelos ajudantes de controle ambiental e seus supervisores. Os profissionais percorrem os trechos a pé, observam as características de cada local e coletam os dados em planilhas.

O médico veterinário diz que o mapeamento possibilitará ainda que as equipes entendam melhor a dinâmica de doenças como a dengue, que pode apresentar epidemias agravadas por criadouros nas margens dos córregos, ou outras como a febre maculosa e a leishmaniose.

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