A Secretaria de
Saúde de Campinas e a União Protetora dos Animais (UPA)
assinam na manhã desta sexta-feira, 15 de agosto, o termo de
compromisso que garante que os gatos apreendidos no Bosque dos
Jequitibás fiquem em observação por seis meses para que se
saiba se eles foram infectados pelo vírus da raiva.
O acordo
ocorre depois de muito debate entre autoridades sanitárias,
população e entidades protetoras dos animais de Campinas. Em
28 de julho, a Secretaria de Saúde de Campinas anunciou, numa
reunião com o Conselho Local de Saúde do Centro de Controle
de Zoonoses (CCZ), que iria apreender e eutanasiar cães e
gatos encontrados soltos na área do Bosque dos Jequitibás,
onde foi encontrado um morcego com raiva. O parque fica no
Centro de Campinas e recebe centenas de visitantes
diariamente.
A medida é
mais uma da série de providências adotadas pela Prefeitura
para prevenir o aparecimento de casos da doença na área do
parque, conforme estabelece a norma técnica do Ministério da
Saúde e do Programa Nacional de Controle da Raiva para casos.
No dia 4 de
agosto, a União Protetora dos Animais, procurou a Secretaria
de Saúde e solicitou que se reconsiderasse a decisão. A
Prefeitura aceitou a proposta e, nesta sexta, recebe a UPA
para assinar o documento.
A União
Protetora se compromete, no documento, a providenciar local e
condições para manter os gatos em observação pelos 180
dias. Para isto vai construir um gatil em uma clínica veterinária
e disponibilizar profissionais capacitados tecnicamente e com
esquema de vacinação prévio contra raiva para cuidar dos
bichos. À UPA também cabe garantir a segurança do
alojamento, manutenção, alimentação e manejo dos animais.
A entidade terá 10 dias, a partir desta quinta-feira, 14 de
agosto, para construir o gatil.
A Prefeitura
de Campinas, por sua vez, se compromete a supervisionar,
periodicamente, o tratamento dado as animais. Após a
quarentena, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) vai fazer a
castração e a vacinação dos gatos para encaminhá-los para
adoção.
Doença incurável
- A raiva é uma doença fatal que ataca todos os mamíferos.
É transmitida pelo contato de um animal contaminado para
outro mamífero por meio de mordedura, lambedura ou arranhão.
De acordo com o médico veterinário Ricardo Conde Rodrigues,
do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Campinas, é possível
que algum dos animais que vivem soltos no bosque funcione como
um elo entre o morcego contaminado e um ser humano ou qualquer
outro tipo de animal mamífero.
Ricardo
afirma que antes do animal desenvolver os sintomas não há
como saber se ele está ou não incubando o vírus da raiva.
"Isso só é possível na fase terminal da doença. Então
é provável que haja um gato ou mais incubando o vírus rábico,
sendo assim um potencial transmissor para o humano ou para
outros animais", diz o veterinário.
Desde o início
de 2003, quatro casos de raiva em morcegos foram registrados
no município, sendo dois na área de Barão Geraldo, um na
Região Sul e o caso confirmado em 4 de julho no Proença, na
área do Bosque. A Secretaria ainda aguarda o resultado
laboratorial de um outro morcego encontrado também na região
do bosque.
O último
caso de raiva em humano em Campinas foi registrado em 1981. Em
cão, a última ocorrência foi em 82 e, em gato, em 2000.
"O controle da doença na cidade só é possível porque
a cada suspeita o município desencadeia todas as ações de
bloqueio. Também mantemos campanha de vacinação anual
gratuita", afirma a médica sanitarista Tereza de Jesus
Martins, coordenadora do Distrito de Saúde Sul.