Secretaria de Saúde e UPA assinam nesta sexta-feira acordo que garante "quarentena" dos gatos dos Bosque

14/08/2003

A Secretaria de Saúde de Campinas e a União Protetora dos Animais (UPA) assinam na manhã desta sexta-feira, 15 de agosto, o termo de compromisso que garante que os gatos apreendidos no Bosque dos Jequitibás fiquem em observação por seis meses para que se saiba se eles foram infectados pelo vírus da raiva.

O acordo ocorre depois de muito debate entre autoridades sanitárias, população e entidades protetoras dos animais de Campinas. Em 28 de julho, a Secretaria de Saúde de Campinas anunciou, numa reunião com o Conselho Local de Saúde do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que iria apreender e eutanasiar cães e gatos encontrados soltos na área do Bosque dos Jequitibás, onde foi encontrado um morcego com raiva. O parque fica no Centro de Campinas e recebe centenas de visitantes diariamente.

A medida é mais uma da série de providências adotadas pela Prefeitura para prevenir o aparecimento de casos da doença na área do parque, conforme estabelece a norma técnica do Ministério da Saúde e do Programa Nacional de Controle da Raiva para casos.

No dia 4 de agosto, a União Protetora dos Animais, procurou a Secretaria de Saúde e solicitou que se reconsiderasse a decisão. A Prefeitura aceitou a proposta e, nesta sexta, recebe a UPA para assinar o documento.

A União Protetora se compromete, no documento, a providenciar local e condições para manter os gatos em observação pelos 180 dias. Para isto vai construir um gatil em uma clínica veterinária e disponibilizar profissionais capacitados tecnicamente e com esquema de vacinação prévio contra raiva para cuidar dos bichos. À UPA também cabe garantir a segurança do alojamento, manutenção, alimentação e manejo dos animais. A entidade terá 10 dias, a partir desta quinta-feira, 14 de agosto, para construir o gatil.

A Prefeitura de Campinas, por sua vez, se compromete a supervisionar, periodicamente, o tratamento dado as animais. Após a quarentena, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) vai fazer a castração e a vacinação dos gatos para encaminhá-los para adoção.

Doença incurável - A raiva é uma doença fatal que ataca todos os mamíferos. É transmitida pelo contato de um animal contaminado para outro mamífero por meio de mordedura, lambedura ou arranhão. De acordo com o médico veterinário Ricardo Conde Rodrigues, do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Campinas, é possível que algum dos animais que vivem soltos no bosque funcione como um elo entre o morcego contaminado e um ser humano ou qualquer outro tipo de animal mamífero.

Ricardo afirma que antes do animal desenvolver os sintomas não há como saber se ele está ou não incubando o vírus da raiva. "Isso só é possível na fase terminal da doença. Então é provável que haja um gato ou mais incubando o vírus rábico, sendo assim um potencial transmissor para o humano ou para outros animais", diz o veterinário.

Desde o início de 2003, quatro casos de raiva em morcegos foram registrados no município, sendo dois na área de Barão Geraldo, um na Região Sul e o caso confirmado em 4 de julho no Proença, na área do Bosque. A Secretaria ainda aguarda o resultado laboratorial de um outro morcego encontrado também na região do bosque.

O último caso de raiva em humano em Campinas foi registrado em 1981. Em cão, a última ocorrência foi em 82 e, em gato, em 2000. "O controle da doença na cidade só é possível porque a cada suspeita o município desencadeia todas as ações de bloqueio. Também mantemos campanha de vacinação anual gratuita", afirma a médica sanitarista Tereza de Jesus Martins, coordenadora do Distrito de Saúde Sul.

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