CS Florence oferece aulas de Karatê como terapia complementar

15/08/2003

Projeto educa, dá autoconfiança e ajuda jovens que procuram assistência no Centro de Saúde do Jardim Florence

Hei Wa Do (Caminho da Paz) é o nome do projeto que leva mais de 100 crianças, jovens e adultos da região Noroeste de Campinas à prática do Karatê como forma de prevenir doenças, promover a saúde e de buscar autonomia pessoal.

A idéia do projeto surgiu há pouco mais de um ano, quando o médico generalista André Luiz Marroig de Freitas Ribeiro começou a trabalhar no Centro de Saúde do Jardim Florence. Praticante de artes marciais (faixa preta), esse carioca buscou inspiração em um trabalho semelhante realizado na favela da Mangueira, no Rio de Janeiro.

Ribeiro conta que quando começou a trabalhar no local percebeu que as crianças tinham muitos problemas familiares relacionados ao alcoolismo, tráfico de drogas, violência, falta de dinheiro e outros que as tornavam tristes e doentes. "A maneira como a pessoa vive reflete na sua saúde, então, tentamos mostrar aos meninos e meninas que o esporte pode ser um outro modelo de vida", disse.

O judoca afirma que o trabalho já apresenta alguns resultados como melhor rendimento escolar e maior sociabilidade por parte dos alunos. "Algumas crianças que eram encaminhadas ao psicólogo pelo Centro de Saúde já não precisam mais desse tipo de atendimento", afirmou.

No início, a idéia era trabalhar só com a turma infantil, mas hoje os participantes têm de seis a 50 anos.

O médico conta que no começo não havia quimonos para a prática do Karatê e que, graças a doações, os praticantes começaram a receber os uniformes. Ele lembra com orgulho do primeiro campeonato regional de que o grupo participou, no clube Hípica, quando os meninos do Jardim Florence ganharam cinco medalhas de bronze e três de prata. "Os quimonos da nossa equipe eram remendados, velhinhos, mas tivemos um bom desempenho", afirmou.

As aulas acontecem em um espaço cedido pela Igreja de Santa Maria dos Oprimidos, ao lado do Centro de Saúde. As atividades acontecem às segundas-feiras, das 16h às 17h (iniciantes), e das 17h às 18h30 (pessoal mais avançado) e às sextas-feiras, das 7h30 às 9h30 (iniciantes e avançado). Os alunos mais graduados de Ribeiro, que chegaram à faixa amarela, também estão trabalhando como voluntários no projeto e dão aulas às quartas-feiras, das 16h30 às 18h30.

O Centro de Saúde do Jardim Florence é referência para cerca de 31 mil pessoas, distribuídas em oito bairros e 10 ocupações. A coordenadora do Centro, Maria Aparecida de Fátima Cardoso, diz que o projeto tira as crianças e adolescentes das ruas, da violência e os incentiva a freqüentar a escola. "Tudo isso reflete na saúde da pessoa, da família e de todo o bairro", afirmou.

Segundo Fátima, os alunos de Karatê levam sacolas com lixo reciclável ao Centro de Saúde em "contrapartida" às aulas gratuitas. O material é entregue à cooperativa de reciclagem de lixo do Satélite Íris.

O Centro de Saúde do Jardim Florence desenvolve o Programa de Saúde Paidéia que tem como diretrizes a promoção e a prevenção na comunidade, o acolhimento e a humanização, o atendimento clínico de qualidade e a participação da comunidade no planejamento e no acompanhamento das ações de saúde.

Esta matéria é uma colaboração da jornalista Cláudia Xavier, assessora de imprensa da Prefeitura, para o Portal da Saúde.

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