Prefeitura cancela contrato com empresa responsável pelo conserto de ambulâncias

20/08/2003

A Prefeitura de Campinas vai aplicar as penalidades para cancelar o contrato com a empresa responsável pela manutenção das ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência). A firma que ganhou a licitação para consertar as viaturas da Fiat não tem conseguido dar conta de arrumar os carros. Por isso, desde dezembro, o serviço tem enfrentado problemas constantes com a falta de ambulâncias.

Segundo o médico emergencista José Roberto Hansen, coordenador do Samu, na manhã desta quarta-feira, 20 de agosto, a situação atingiu um patamar crítico. "Apenas duas viaturas com UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) estavam aptas para circular", diz Hansen. Atualmente a frota do Samu é composta por 11 ambulâncias básicas e 3 UTIs. Segundo o Ministério da Saúde, o ideal é 1 viatura básica para cada 100 mil habitantes, além de uma ambulância com UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para cada 350 mil.

De acordo com Hansen, somente as emergências – pessoas com risco de morte – estão sendo atendidas nesta quarta-feira. A média de espera desde o chamado até o atendimento é de 2 horas. A equipe do Samu também fornece orientações pelo telefone. Com a frota completa, o serviço realiza 150 atendimentos por dia em condições normais. Neste período mais crítico, o serviço ainda está atendendo 50% desta demanda.

A diretora administrativa da Secretaria de Saúde, a enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, informa que todas as medidas administrativas para punir a empresa já foram tomadas. "A Prefeitura também desencadeou o processo para cancelar o contrato", diz. Segundo Maria do Carmo, a Secretaria de Saúde fica impedida de firmar outra licitação enquanto o contrato não for oficialmente rescindido. Por isso, a Prefeitura vai buscar outras alternativas para fazer o conserto dos carros, como utilizar os recursos do Deti. Outra providência é um contrato emergencial, que deve estar firmado em três dias, para garantir a manutenção das ambulâncias até que a nova licitação ocorra.

Desde 2001, a Prefeitura já adquiriu 6 novas ambulâncias. A compra de outras quatro já foi homologada em 16 de agosto. A empresa tem um prazo legal de, no máximo, 40 dias para entregá-las. No entanto, segundo Maria do Carmo, a Secretaria de Saúde já pediu que a entrega seja antecipada.

Saiba sobre o Samu - O Samu é um serviço que presta atendimento gratuito a qualquer pessoa que necessite de orientação e/ou avaliação em casos de urgência. O serviço existe desde 1996 e, atualmente, recebe 5 mil solicitações por mês. Também realiza o transporte de 2.500 pacientes crônicos, que, sem recursos próprios, carecem de ser transportados para serviços de hemodiálise, fisioterapia e quimoterapia. O custo mensal do Samu é de mais de R$ 700 mil mensais.

Para acionar o Samu basta que o usuário disque para o número 192. A pessoa deve ter calma e informar à telefonista seu nome, a relação que tem com a vítima, o nome do paciente, endereço, bairro, ponto de referência para o atendimento e telefone.

Depois de passar pela telefonista, o usuário é atendido pelo médico regulador, que solicita informações sobre o paciente. A partir destas informações é que é liberada a viatura mais adequada para o atendimento. A pessoa pode ser atendida no local e ser liberada se apresentar melhora ou, dependendo da gravidade do caso, ser encaminhada a um pronto-socorro (PS).

Referência - O Samu é referência nacional e internacional. A revista Brasil Saúde apontou o serviço de Campinas, na edição de abril/maio, como modelo juntamente com o de Porto Alegre e outros da Espanha, França e Argentina.

De acordo com Hansen, recentemente, o Ministério da Saúde anunciou um Programa que prevê verba para os serviços móveis de emergência do País, o que inclui o Samu de Campinas. Com os recursos, segundo o médico emergencista, será possível concluir a ampliação e renovação da frota do Samu, promover melhoras na sala de regulação médica e nos sistemas de rádio e de informática. "O Ministério ainda vai custear, como prevê o programa, metade das equipes", afirma.

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