A Prefeitura de
Campinas vai aplicar as penalidades para cancelar o contrato
com a empresa responsável pela manutenção das ambulâncias
do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência). A
firma que ganhou a licitação para consertar as viaturas da
Fiat não tem conseguido dar conta de arrumar os carros. Por
isso, desde dezembro, o serviço tem enfrentado problemas
constantes com a falta de ambulâncias.
Segundo o médico
emergencista José Roberto Hansen, coordenador do Samu, na
manhã desta quarta-feira, 20 de agosto, a situação atingiu
um patamar crítico. "Apenas duas viaturas com UTIs
(Unidade de Terapia Intensiva) estavam aptas para
circular", diz Hansen. Atualmente a frota do Samu é
composta por 11 ambulâncias básicas e 3 UTIs. Segundo o
Ministério da Saúde, o ideal é 1 viatura básica para cada
100 mil habitantes, além de uma ambulância com UTI (Unidade
de Terapia Intensiva) para cada 350 mil.
De acordo com
Hansen, somente as emergências – pessoas com risco de morte
– estão sendo atendidas nesta quarta-feira. A média de
espera desde o chamado até o atendimento é de 2 horas. A
equipe do Samu também fornece orientações pelo telefone.
Com a frota completa, o serviço realiza 150 atendimentos por
dia em condições normais. Neste período mais crítico, o
serviço ainda está atendendo 50% desta demanda.
A diretora
administrativa da Secretaria de Saúde, a enfermeira
sanitarista Maria do Carmo Ferreira, informa que todas as
medidas administrativas para punir a empresa já foram
tomadas. "A Prefeitura também desencadeou o processo
para cancelar o contrato", diz. Segundo Maria do Carmo, a
Secretaria de Saúde fica impedida de firmar outra licitação
enquanto o contrato não for oficialmente rescindido. Por
isso, a Prefeitura vai buscar outras alternativas para fazer o
conserto dos carros, como utilizar os recursos do Deti. Outra
providência é um contrato emergencial, que deve estar
firmado em três dias, para garantir a manutenção das ambulâncias
até que a nova licitação ocorra.
Desde 2001, a
Prefeitura já adquiriu 6 novas ambulâncias. A compra de
outras quatro já foi homologada em 16 de agosto. A empresa
tem um prazo legal de, no máximo, 40 dias para entregá-las.
No entanto, segundo Maria do Carmo, a Secretaria de Saúde já
pediu que a entrega seja antecipada.
Saiba sobre o
Samu
- O Samu é um serviço que presta atendimento gratuito a
qualquer pessoa que necessite de orientação e/ou avaliação
em casos de urgência. O
serviço existe desde 1996 e, atualmente, recebe 5 mil
solicitações por mês. Também realiza o transporte de 2.500
pacientes crônicos, que, sem recursos próprios, carecem de
ser transportados para serviços de hemodiálise, fisioterapia
e quimoterapia. O custo mensal do Samu é de mais de R$ 700
mil mensais.
Para acionar o Samu basta que o usuário disque para o número
192. A pessoa deve ter calma e informar à telefonista seu
nome, a relação que tem com a vítima, o nome do paciente,
endereço, bairro, ponto de referência para o atendimento e
telefone.
Depois de passar pela telefonista, o usuário é atendido
pelo médico regulador, que solicita informações sobre o
paciente. A partir destas informações é que é liberada a
viatura mais adequada para o atendimento. A pessoa pode ser
atendida no local e ser liberada se apresentar melhora ou,
dependendo da gravidade do caso, ser encaminhada a um
pronto-socorro (PS).
Referência
- O Samu é referência nacional e
internacional. A revista Brasil Saúde apontou o serviço de
Campinas, na edição de abril/maio, como modelo juntamente
com o de Porto Alegre e outros da Espanha, França e
Argentina.
De acordo com Hansen, recentemente, o Ministério da Saúde
anunciou um Programa que prevê verba para os serviços móveis
de emergência do País, o que inclui o Samu de Campinas. Com
os recursos, segundo o médico emergencista, será possível
concluir a ampliação e renovação da frota do Samu,
promover melhoras na sala de regulação médica e nos
sistemas de rádio e de informática. "O Ministério
ainda vai custear, como prevê o programa, metade das
equipes", afirma.