Saúde prorroga vacinação contra pólio até sexta-feira

25/08/2003

A Secretaria de Saúde de Campinas vacinou 6.093 crianças a mais no último sábado, 23 de agosto, na segunda etapa da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, do que na primeira fase, em 14 de junho, e decidiu prorrogar a vacinação até a próxima sexta-feira, 29.

No total, foram aplicadas 67.005 doses em menores de cinco anos. A quantidade corresponde a 89,27 % da população da cidade nesta faixa etária que, de acordo com a Fundação Seade, é de 75.063. Em junho, no primeiro dia de campanha, 60.912 (81,15%) pequenos receberam a gotinha. A meta é vacinar 95% dos menores de cinco anos, conforme preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O lançamento nacional da segunda etapa da campanha foi feito em Campinas, no Centro de Saúde São Marcos, pelo ministro interino da Saúde, Gastão Wagner de Sousa Campos, que assumiu o posto de sexta-feira a domingo durante viagem do ministro Humberto Costa ao exterior. Também participaram da abertura a prefeita municipal Izalene Tiene e a secretária municipal de saúde Maria do Carmo Cabral Carpintéro.

Sem desculpas

De Norte a Sul de Campinas, pais, mães, irmãos e os mais velhos levaram os pequenos logo cedo para os postos de vacinação. "Não dói nada. É só uma gotinha e é tão simples. Não há desculpas para não trazer as crianças", disse a dona-de-casa Maria da Graça, que levou a filha Alessandra para ser vacinada no Centro de Saúde São Marcos, na Região Norte da cidade.

No Centro de Saúde Esmeraldina, na Região Sul, além da gotinha, as crianças também ganharam guloseimas e puderam se divertir com os personagens do mundo do circo. "A brincadeira é super interessante. Quebra o clima da vacinação", afirmou a secretária Eliska Herculano Gomes, que levou o filho Davi, de 10 meses, para tomar a vacina no serviço.

Os pequenos foram vacinados até na Rodoviária, onde havia um posto volante. Na Região Noroeste, no Centro de Saúde Florence, as crianças, além da vacina, puderam assistir à peça de teatro "A Criação de Emília", montada com base no texto de Monteiro Lobato.

Postos volantes

Na área rural e nos locais mais distantes, as doses chegaram em postos volantes por causa do acesso difícil. No Centro de Saúde Santa Lúcia, na Região Sudoeste, foram vacinadas 2.248 crianças. "Antigamente não havia campanhas. Ninguém sabia a doença que tinha nem o motivo. Agora, a gente tem como saber e se prevenir", disse a operadora de telemarketing Cristina de Morais, que levou os dois filhos menores de cinco para tomar as gotinhas no Santa Lúcia.

A Secretaria de Saúde ainda teve a parceria do Rotary Clube e da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic). Comunidades de bairro e entidades filantrópicas, religiosas e associações de bairro também colaboraram cedendo espaço para a instalação de postos e voluntários para atuar nos preparativos.

"O esforço valeu a pena", garante a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas. Brigina lembra que todos devem tomar a vacina, independente de já terem sido vacinados. A enfermeira adverte que quem não levou o filho no sábado deve levá-lo, ainda esta semana a um dos 46 Centros de Saúde de Campinas ou a qualquer dos 13 módulos de saúde do Paidéia.

Cartão atualizado

As doses são gratuitas e a vacina não tem contra-indicação. É necessário levar o cartão de vacinas porque também serão atualizadas as doses em atraso. "Somente desta maneira é possível garantir um futuro saudável para as crianças", afirma a enfermeira.

Graças às campanhas de vacinação, há 19 anos Campinas não registra um caso de paralisia infantil. No Brasil, a última ocorrência foi há 14 anos. Mesmo assim, segundo Brigina, como a doença não está erradicada em todo o mundo, há risco de reintrodução do poliovírus no País. "Por isso, precisamos vacinar o máximo de crianças possível durante os dias nacionais de vacinação", diz.

Na abertura da Campanha, o ministro interino Gastão de Sousa Campos falou sobre o "trabalho gigantesco" montado pelo Ministério da Saúde para a vacinação. E disse que só é possível manter o País livre da poliomielite porque o Sistema Único de Saúde (SUS) articula Ministério da Saúde, estados e municípios durante as campanhas. "É muito importante que a gente trabalhe em conjunto para vacinar o maior número de crianças e, assim, manter a paralisia infantil erradicada", disse Campos.

Mobilização

Em Campinas foram mobilizadas 1.333 pessoas, em mais de 290 postos de vacinação. Em todo País, 443 mil pessoas, entre servidores e voluntários, atuaram em mais de 116 mil postos. Os profissionais tiveram à disposição 40 mil veículo, 2,5 mil embarcações e dez aeronaves para facilitar o transporte das equipes. O investimento total na campanha contra a pólio foi de R$ 26,8 milhões, dos quais R$ 9,3 milhões foram aplicados na compra de 29,5 milhões de doses de vacina. Campinas recebeu 100 mil doses contra a pólio, além das vacinas para prevenir outras doenças.

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