Mais de 1,2 mil participaram da festa dos três anos do Paidéia

18/08/2004

Denize Assis

Mais de 1,2 mil pessoas entre autoridades municipais, gestores, servidores da saúde, representantes dos usuários e parceiros do Sistema Único de Saúde (SUS) de Campinas como hospitais e serviços conveniados participaram nesta quarta-feira, 18 de agosto, na Estação Cultura, das comemorações do terceiro aniversário do Programa Paidéia da Saúde da Família.

O evento teve início de manhã com o Seminário de Consolidação de Diretrizes do Paidéia – O agente comunitário na equipe de referência. No período da tarde houve uma mesa redonda com o balanço do Paidéia e, após, confraternização e eventos culturais. Durante a festa, as equipes dos Centros de Saúde, módulos de Saúde da Família, laboratório municipal, Hospital Municipal Mário Gatti e demais serviços da rede expuseram seus trabalhos.

A médica sanitarista Maria do Carmo Cabral Carpintéro, secretária municipal de Saúde, afirmou, durante a mesa de balanço, que a ampliação do acesso aos serviços foi um dos avanços mais importantes do Paidéia. Atualmente, 150 mil famílias – o equivalente a 60% da população ou 600 mil pessoas - são assistidas de alguma forma pelo sistema público municipal de saúde.

Para tanto, foram ampliados em mais de R$ 100 milhões os recursos destinados às políticas e à assistência prestada pelo SUS Campinas. O orçamento para 2004 é de R$ 293 milhões, R$ 105 milhões a mais que os R$ 188 milhões gastos no ano de 2000. Um terço desta verba vem do Governo Federal e os outros dois terços são custeados pelo município.

E o aumento dos investimentos, segundo Carpintéro, alcança de ações de atenção básica até o atendimento de médicos e exames de especialidades, nas unidades de pronto-atendimento, unidades hospitalares e terapias como ginástica chinesa, acupuntura, fitoterapia entre outros.

"A Secretaria de Saúde ainda fortaleceu a gestão participativa com a constituição de colegiados gestores e conselhos locais de saúde atuantes, ampliou as parcerias com a comunidade, organizações não governamentais e serviços de saúde como o Cândido Ferreira, hospital Celso Pierro e Maternidade de Campinas e reforçou as ações de intersetorialidade", disse Carpintéro. De acordo com a secretária, só é possível fazer saúde de qualidade se for em rede, com a participação de todos e o empenho dos servidores da área.

Carpintéro também falou da questão do vínculo. No Paidéia, cada família é atendida sempre pela mesma equipe de saúde formada por médico de família ou médico generalista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, agentes comunitários de saúde, dentista e auxiliar de consultório dentário, ginecologista e pediatra. "Com isso cria-se o vínculo", disse.

A qualidade da atenção, a ampliação da saúde mental e da política de reabilitação em saúde, a criação dos núcleos de saúde coletiva - que realiza ações de prevenção de doenças no território -, o esforço das equipes e dos distritos de saúde, a humanização, a tecnologia e o Centro de Controle de Zoonoses foram outros pontos citados por Carpintéro como fundamentais para a consolidação do Paidéia. Segundo a secretária, ainda é preciso caminhar mais, mas não se pode negar que os avanços foram muitos desde a implantação do Paidéia.

Para o médico sanitarista Roberto Mardem Farias, diretor municipal de saúde, o maior desafio do Paidéia é ampliar a humanização das relações dos cuidadores com os cidadãos. "Embora muito se tenha caminhado nesta direção, ainda é necessário desburocratizar estas relações e aumentar o vínculo protetor de saúde para com as pessoas quando doentes ou quando se sentem doentes, solitárias, em sofrimento", afirmou.

Para José Araújo da Silva Filho, do Conselho Local de Saúde do Centro de Saúde Integração (região Noroeste), embora os desafios ainda sejam muitos, a rede municipal de saúde "melhorou bastante" desde a implantação do Paidéia. Ele ressalta a questão das visitas domiciliares que hoje são mais freqüentes. "Como integrante da pastoral da saúde, tenho constatado que os acamados passaram a ter um tratamento mais digno. Além dos agentes de saúde estarem sempre nas ruas, as visitas de médicos e enfermeiros e auxiliares de enfermagem passaram a ser mais freqüentes", disse.

Em 2003, foram feitas 5,2 mil consultas domiciliares de médicos e enfermeiros. O número representa um aumento de 83,5% em comparação com o ano de 2000, quando foram realizadas 860.

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