Campinas registra morte por meningite pneumocócica

20/08/2004

Denize Assis

A Secretaria Saúde de Campinas notificou uma morte por meningite pneumocócica nesta sexta-feira, 20 de agosto, de uma criança de três anos residente na Região Sul da cidade. "A meningite por pneumococo é de baixa transmissibilidade, não causa casos secundários e, por este motivo, não existe necessidade de bloqueio como ocorre com a meningite meningocócica por exemplo", informa a enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, da Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas. "Não há risco das outras pessoas que tiveram contato com a criança, nem na residência, nem na escola desenvolverem a doença".

Carmo Ferreira afirma ainda que não existem registros no mundo de surtos ou epidemias por esta doença. Ela explica que o pneumococo (Streptococus pneumoneae) é uma bactéria que habitualmente causa outras infecções como otite, sinusite e pneumonia e a sua manifestação mais grave e menos freqüente é a meningite.

Em Campinas, segundo informa a Vigilância em Saúde, até agosto de 2004, foram notificados 11 casos de meningite por pneumococo, dos quais quatro foram a óbito. Isto representa uma letalidade de 36,4%. Em 2003, no igual período, foram 16 casos de meningite pneumocócica com seis óbitos (letalidade de 37,5%). Em todo ano passado foram 18 casos e sete óbitos (letalidade de 38,8%).

O infectologista Rodrigo Angerami, da Secretaria de Saúde de Campinas e do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), informa que a vacina anti-pneumocócica está disponível na rede pública apenas para grupos especiais como idosos e grupos como imunidade comprometida.

Segundo ele, em algumas situações, a meningite pneumocócica é uma complicação de infecções prévias por pneumococo. Por isso, crianças com quadros infecciosos sugestivos de infecção bacteriana precisam ter um seguimento adequado para não evoluir para formas graves.

O infectologista afirma que é necessário atenção para o sinal característico da meningite que é febre acompanhada de dor de cabeça, vômito, dor na região do pescoço e, nas crianças muito pequenas, irritabilidade, choro, gemido, e letargia entre outros. "Mediante estes sinais, a pessoa deve ser encaminhada imediatamente ao serviço de saúde", diz. "No caso da meningococcemia, que pode ocorrer com ou sem meningite, observa-se freqüentemente a presença de lesões cutâneas , inicialmente maculares eritematosas e que durante a evolução evoluem para padrão petequial. Nos casos mais graves, pode ocorrer a progressão para extensas áreas de sufusões hemorrágicas".

Segundo Angerami, a meningite ocorre durante o ano todo. No entanto, nos meses mais frios e secos, observa-se aumento nas ocorrências de doenças de transmissão respiratória, entre elas as meningites.

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