Vigilância em Saúde já notificou 186 casos suspeitos de rotavírus

24/08/2004

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas informou nesta terça-feira, dia 24 de agosto, que a Vigilância em Saúde (Visa) municipal já notificou 186 casos de pessoas com diarréias similares às causadas por rotavírus na cidade. Deste total, 126 são referentes a moradores do Jardim São José, São Domingos e arredores, na região Sul de Campinas. Os 60 restantes foram registrados em pacientes atendidos pelo pronto-socorro (PS) Infantil do Hospital Municipal Mário Gatti entre sábado e hoje.

Também foram relatos, verbalmente,- portanto ainda não há dados na Visa – casos no Hospital Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puc-Campinas), referência para a Região Noroeste de Campinas. A faixa etária mais acometida é a de crianças até dez anos, com concentração nos menores de dois anos de idade. Mas, no total de registros, estão relatados casos referentes a todas as faixas etárias.

A Secretaria trabalha com o termo ‘surto provável de diarréia por rotavírus’ até que sejam concluídos os exames laboratoriais das amostras já enviadas ao Instituto Adolfo Lutz e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A Vigilância informa que são colhidas amostras de fezes para exames em um a cada dez pacientes. Para os demais casos, o critério de diagnóstico é feito com base nos sintomas e pelo histórico das pessoas, chamado tecnicamente de critério clínico-epidemiológico.

A enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Visa municipal, informa que os sintomas do rotavírus são diarréia aquosa, vômitos, dores abdominais e febre. "E a doença pode evoluir para desidratação grave", afirma. Segundo Brigina, o final do inverno e início da primavera são épocas propícias para o aparecimento de surtos por rotavírus. Neste período, o número de ocorrências aumenta. Em 2003, Campinas registrou, entre agosto e setembro, um surto com mais de 1,2 mil casos e um óbito em idoso.

Na unidade não hospitalar de urgência do São José, conhecida como pronto-socorro São José, referência para a região Sul, vários pacientes necessitaram ser internados, principalmente crianças. "Estamos tendo uma média de dez a doze casos por dia. No último domingo foram quinze" informa o enfermeiro Edílson Marcos Vicentin, coordenador do PS São José.

O médico sanitarista Vicente Pisani Neto informa que os rotavírus são transmitidos por via fecal-oral, por contato de pessoa a pessoa e também por meio de água, alimentos, utensílios ou superfícies contaminadas. Segundo ele, não há vacinas disponíveis nem tratamento específico para combater a doença. O tratamento é sintomático, ou seja: a pessoa recebe medicação para controlar os sintomas como febre persistente e vômito.

"Muitas vezes você entra com o soro oral primeiro e se a pessoa não apresenta melhora, o profissional entra com soro endovenoso para hidratar o doente", diz a enfermeira Maria Ângela Bordin, do Centro de Saúde São José.

Ela explica que, contra o rotavírus, existem somente medidas preventivas. "E a melhor forma de prevenção é o reforço dos cuidados com a higiene, como limpeza dos ambientes domésticos e lavagem de mãos, principalmente antes das refeições, após ir ao banheiro e antes de manipular alimentos", diz Maria Ângela. Também é fundamental o controle da água e dos alimentos – verduras e frutas devem ser lavadas antes de serem ingeridas - e a destinação adequada do lixo e do esgoto.

Segundo a enfermeira, as maneiras de prevenção estão sendo divulgadas pelas equipes do Paidéia de Saúde da Família durante os trabalhos em campo e nos próprios serviços. Uma das famílias a receber orientação em casa, na última segunda-feira, dia 23, foi a de Dêugina Tenório Florentino.

Na casa de Dêugina, moradora do Jardim Santa Cruz, próximo ao PS São José, o primeiro a apresentar os sintomas foi o marido André. Alguns dias depois, ela também começou a apresentar febre, vômito, diarréia e dores abdominais. Atendida no PS do Hospital Mário Gatti necessitou ficar internada. O mesmo ocorreu com Walace, de cinco meses. "Ele não aceitava leite e ficou fraco e abatido. Foram dois dias no hospital para tomar soro na veia", diz.

Dêugina diz que, agora já sabe que é necessário bastante cuidado como lavar as mãos, limpar o vaso sanitário com cândida e fazer a higiene na casa toda. "Passei a prestar mais atenção nestes atos e, agora, todo dia faço isso", afirma.

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