Denize Assis
A Secretaria
de Saúde de Campinas informou nesta terça-feira, dia 24 de
agosto, que a Vigilância em Saúde (Visa) municipal já
notificou 186 casos de pessoas com diarréias similares às
causadas por rotavírus na cidade. Deste total, 126 são
referentes a moradores do Jardim São José, São Domingos e
arredores, na região Sul de Campinas. Os 60 restantes foram
registrados em pacientes atendidos pelo pronto-socorro (PS)
Infantil do Hospital Municipal Mário Gatti entre sábado e
hoje.
Também foram
relatos, verbalmente,- portanto ainda não há dados na Visa
– casos no Hospital Celso Pierro, da Pontifícia
Universidade Católica de Campinas (Puc-Campinas), referência
para a Região Noroeste de Campinas. A faixa etária mais
acometida é a de crianças até dez anos, com concentração
nos menores de dois anos de idade. Mas, no total de registros,
estão relatados casos referentes a todas as faixas etárias.
A Secretaria
trabalha com o termo ‘surto provável de diarréia por rotavírus’
até que sejam concluídos os exames laboratoriais das
amostras já enviadas ao Instituto Adolfo Lutz e Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp). A Vigilância informa que são
colhidas amostras de fezes para exames em um a cada dez
pacientes. Para os demais casos, o critério de diagnóstico
é feito com base nos sintomas e pelo histórico das pessoas,
chamado tecnicamente de critério clínico-epidemiológico.
A enfermeira
sanitarista Brigina Kemp, da Visa municipal, informa que os
sintomas do rotavírus são diarréia aquosa, vômitos, dores
abdominais e febre. "E a doença pode evoluir para
desidratação grave", afirma. Segundo Brigina, o final
do inverno e início da primavera são épocas propícias para
o aparecimento de surtos por rotavírus. Neste período, o número
de ocorrências aumenta. Em 2003, Campinas registrou, entre
agosto e setembro, um surto com mais de 1,2 mil casos e um óbito
em idoso.
Na unidade não
hospitalar de urgência do São José, conhecida como
pronto-socorro São José, referência para a região Sul, vários
pacientes necessitaram ser internados, principalmente crianças.
"Estamos tendo uma média de dez a doze casos por dia. No
último domingo foram quinze" informa o enfermeiro Edílson
Marcos Vicentin, coordenador do PS São José.
O médico
sanitarista Vicente Pisani Neto informa que os rotavírus são
transmitidos por via fecal-oral, por contato de pessoa a
pessoa e também por meio de água, alimentos, utensílios ou
superfícies contaminadas. Segundo ele, não há vacinas
disponíveis nem tratamento específico para combater a doença.
O tratamento é sintomático, ou seja: a pessoa recebe medicação
para controlar os sintomas como febre persistente e vômito.
"Muitas
vezes você entra com o soro oral primeiro e se a pessoa não
apresenta melhora, o profissional entra com soro endovenoso
para hidratar o doente", diz a enfermeira Maria Ângela
Bordin, do Centro de Saúde São José.
Ela explica
que, contra o rotavírus, existem somente medidas preventivas.
"E a melhor forma de prevenção é o reforço dos
cuidados com a higiene, como limpeza dos ambientes domésticos
e lavagem de mãos, principalmente antes das refeições, após
ir ao banheiro e antes de manipular alimentos", diz Maria
Ângela. Também é fundamental o controle da água e dos
alimentos – verduras e frutas devem ser lavadas antes de
serem ingeridas - e a destinação adequada do lixo e do
esgoto.
Segundo a
enfermeira, as maneiras de prevenção estão sendo divulgadas
pelas equipes do Paidéia de Saúde da Família durante os
trabalhos em campo e nos próprios serviços. Uma das famílias
a receber orientação em casa, na última segunda-feira, dia
23, foi a de Dêugina Tenório Florentino.
Na casa de Dêugina,
moradora do Jardim Santa Cruz, próximo ao PS São José, o
primeiro a apresentar os sintomas foi o marido André. Alguns
dias depois, ela também começou a apresentar febre, vômito,
diarréia e dores abdominais. Atendida no PS do Hospital Mário
Gatti necessitou ficar internada. O mesmo ocorreu com Walace,
de cinco meses. "Ele não aceitava leite e ficou fraco e
abatido. Foram dois dias no hospital para tomar soro na
veia", diz.
Dêugina diz
que, agora já sabe que é necessário bastante cuidado como
lavar as mãos, limpar o vaso sanitário com cândida e fazer
a higiene na casa toda. "Passei a prestar mais atenção
nestes atos e, agora, todo dia faço isso", afirma.