Vacinas de Campinas são de fornecedor diferente do que produziu as doses que provocaram reação

25/08/2004

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas informou nesta quarta-feira, dia 25 de agosto, em relação aos casos de reações após aplicação da vacina contra sarampo, rubéola e caxumba (tríplice viral) identificados no dia 21 de agosto em sete estados e no Distrito federal, que as doses utilizadas em Campinas são dos lotes x 6049-1 e 7001-A fornecidas por um laboratório francês. Portanto, a vacina tríplice distribuída em Campinas não está relacionada ao lote que pode ter provocado reação acima do esperado, produzido por um fabricante italiano.

De acordo com nota divulgada pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, no primeiro dia da Campanha Nacional de Vacinação, 21 de agosto, o Ministério da Saúde foi informado, por algumas Secretarias Estaduais de Saúde, da ocorrência de eventos adversos, a maioria casos de urticária e exantemas (manchas na pele), que podem ser observados após uso da vacina tríplice viral. Esses eventos, no entanto, ocorreram em um número maior que o esperado e se relacionaram com uma das três vacinas tríplice viral que estavam sendo utilizadas.

Ao todo, segundo o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, 1,5 milhão de crianças receberam doses da vacina do fabricante italiano em todo o país. A secretaria localizou 106 casos de reações leves, especialmente urticária, e outros quatro de reações anafiláticas, com quadro de hipotonia (diminuição do tônus muscular) e dificuldades respiratórias, mas todo tiveram uma evolução positiva.

Diante desta situação, o Ministério da Saúde orientou as Secretarias Estaduais de Saúde que tinham recebido vacinas provenientes desse mesmo lote relacionado com os eventos adversos para suspender, como medida de cautela, sua utilização. Essas vacinas foram imediatamente substituídas por vacinas de outros fabricantes e o Ministério da Saúde já iniciou estudos para elucidar a causa dessa ocorrência.

O médico sanitarista Vicente Pisani Neto, da Vigilância em Saúde de Campinas, informa que as vacinas utilizadas no Programa Nacional de Imunização são adquiridas, exclusivamente, de produtos certificados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e são testadas, antes de serem usadas, quanto à sua potencial e segurança.

Segundo Pisani Neto, praticamente todas as vacinas atualmente em uso apresentam a possibilidade de desencadear algumas reações adversas, a grande maioria delas de pouca gravidade e ocorrência rara. "Essas reações são incomparavelmente menos graves que as doenças preveníveis pelas vacinas", diz. O sanitarista lembra, por exemplo, a última epidemia de sarampo no Brasil, em 1997 e 1998, que matou 61 crianças.

Pisani Neto informa que, quando se utiliza uma vacina sob a forma de campanha, atingindo um grande número de crianças em curto período de tempo, reações adversas que não seriam percebidas na vacinação de rotina passam a ser registrados porque se concentram.

O sanitarista informa que a vacinação continua normalmente até o dia 3 de setembro e que todas as crianças menores de cinco anos devem ser levadas aos Centros de Saúde e Módulos Paidéia de Saúde da Família no horário de funcionamento dos mesmos. As crianças na faixa etária de 0 a 5 devem tomar a segunda dose contra a paralisia infantil. E os que têm de 1 a 4 anos devem tomar a tríplice viral mesmo que já tenham sido vacinados anteriormente. As doses são gratuitas. Quem tiver o cartão de vacinas deve levá-lo.

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