Histórias de profissionais do sexo ganham palco no Jardim Itatinga, segunda, dia 7, às 18h, com entrada franca

01/08/2006

Espetáculo com atriz Fabiana Fonseca tem apoio da Acadec,
entidade parceira do Programa DST/Aids da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Campinas

"Eu Quero Ver a Rainha" é o nome da peça que será apresentada segunda-feira (dia 7 de agosto de 2006), às 18h, no Centro de Estudos e Promoção da Mulher Marginalizada (Cepromm), em sua Unidade II, no Jardim Itatinga, com entrada franca. Trata-se de um espetáculo teatral baseado em histórias de profissionais do sexo.

A produção tem apoio da organização não-governamental (ong) Ação Artística para Desenvolvimento Comunitário (Acadec), entidade parceira do Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Campinas.

O espetáculo foi criado e concebido pela atriz Fabiana Fonseca. É ela também quem atua neste monólogo que tem a direção de Lidiane Lobo e assistência de direção de Simone Aranha. "Eu Quero Ver a Rainha" tem entrada gratuita. Nesta peça o teatro é um veículo de prevenção às dst, ao hiv e à aids, ao trazer o assunto à tona, quando aborda a vulnerabilidade social dos profissionais do sexo. 

Após o espetáculo haverá um debate entre a atriz, os produtores do evento e o público que for ao local para ver a apresentação. A Unidade II (creche) do Cepromm (que também é uma organização não-governamental) está localizada à rua Corumbataí, número 254, no Jardim Itatinga (região Sudoeste de Campinas). O telefone do Cepromm é (19) 3225 – 0014. 

Mais informações à Imprensa: (19) 8115 – 4856, com Eli Fernandes, Assessoria de Imprensa do Programa Municipal de DST/Aids de Campinas ou com a atriz Fabiana Fonseca, pelos telefones (19) 3288 – 0130 ou (19) 8132 – 3899.

 

Confira o depoimento de Fabiana Fonseca

Eu quero ver a Rainha

Criação, Concepção e Atuação: Fabiana Fonseca

Direção: Lidiane Lobo

Assistente de Direção: Simone Aranha

Este espetáculo nasce de um desejo muito forte de pesquisar o corpo feminino e as diversas formas de lidar com suas vontades, medos, toques, dores e prazeres. O foco principal do trabalho voltou-se para a questão da sexualidade e do erotismo do corpo, pois isto traz discussões e ações de grande complexidade sobre as várias maneiras de lidar com toda a gama de sensações e sentimentos que estes temas provocam e se traduzem no corpo.

Diante disso, a pesquisa de campo se deu através do encontro com mulheres que têm como objeto de trabalho o seu próprio corpo e que têm, portanto, uma maneira que é ao mesmo tempo, complexa e simples, contraditória e objetiva, de olhar para a sexualidade e o erotismo. E, uma pergunta que nos instigava era: Como o feminino é visto por estas mulheres? Qual é a visão que elas possuem de sua feminilidade? Como se vêem enquanto mulher?

Fomos pesquisar então, o Jardim Itatinga, uma zona de prostituição da cidade de Campinas. Não sabíamos como seriam as reações das mulheres e, também, qual a melhor maneira de iniciar uma troca com elas.

Resolvemos dizer, simplesmente, que éramos artistas e que estávamos pensando em fazer um espetáculo sobre a sexualidade da mulher e que, por isso, para nós, era importantíssimo ouvir o que tinham a dizer.

Durante o ano de 2005, várias visitas foram realizadas ao Bairro Itatinga e, com isso, conversamos com diversas garotas, de diferentes idades, algumas permitiram que a conversa fosse gravada, outras não. Construímos, com algumas delas, laços afetivos muito fortes através das histórias que ouvíamos e que por vezes, contávamos.  

E foram as sensações e pensamentos, os gestos, as danças e as músicas destes encontros o material em que foram baseadas todas as improvisações e construções de cena do espetáculo. 

Durante a criação das cenas, através deste grande mergulho dentro do universo das mulheres que vivem da prostituição, nos deparamos com muitas questões e com diversos preconceitos, não só com relação a essas mulheres, mas também de todas as mulheres com a sua sexualidade, seu corpo, seu papel na sociedade e da falta de sentido e significado das ações da mulher em sua vida pessoal, profissional, política.  

Percebemos uma falta de reflexão das próprias mulheres diante do seu potencial criativo e expressivo, dos papéis que ocupa e de sua verdadeira ação e interferência na construção da sua própria história.  

Este espetáculo busca, de uma forma poética, comunicar as descobertas e tudo o que foi vivido através da convivência que tivemos com as garotas durante a pesquisa de campo.  

Deseja compartilhar ardentemente com todas as mulheres, a importância de se descobrir, refletir e vivenciar a feminilidade e torce para que este assunto ocupe um espaço merecido, não só dentro da esfera particular da vida de cada um de nós, mas também que ocupe um espaço que seja acolhido e refletido por toda a sociedade.

Saiba mais sobre a atriz

Fabiana Fonseca

Atriz formada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), atua como arte-educadora em escolas da Região. Participou por quatro anos do Grupo Matula Teatro, em que trabalhou no Projeto de Extensão Universitária "Arte e Exclusão Social", no qual ministrava oficinas de teatro para moradores de rua de Campinas.

Como atriz trabalhou nos seguintes espetáculos: "Valsinha" (Valsa no. 6) de Nelson Rodrigues, "Poeta Cigano ", baseado na obra de Federico Garcia Lorca –e com o qual ganhou o prêmio de melhor atriz do Mapa Cultural Paulista de 99 –, "Sade" de Marinho Piacentini. Com o Grupo Matula Teatro participou das seguintes montagens: "Vizinhos do Fundo" e "Versão Vida Cruel ", ambos com direção de Verônica Fabrini e "Pedra de Coração", um espetáculo de rua.

Participou de diversos festivais de teatro. Ganhou prêmios como melhor atriz e realizou uma série de cursos extra-acadêmicos na área de teatro. É atriz da Boa Companhia, com que atua nos seguintes espetáculos: "Mr K e Os artistas da Fome", de Franz Kafka, "A Dama e os Vagabundos", espetáculo musical, e "Esperando Godot " de Samuel Becket, com direção de Marcelo Lazzaratto.

Paralelamente desenvolve, junto à atriz Lidiane Lobo, dois espetáculos ainda em processo: um solo, baseado na convivência com profissionais do sexo de Campinas e o outro espetáculo com as duas atrizes em cena, parte da pesquisa com o título "Dança Livre" onde busca, por meio do universo da dança, a "teatralização" dos movimentos para a construção de uma dramaturgia da cena.

Volta ao índice de notícias